Mercado

A 6a Economia Mundial

Janeiro/Fevereiro 2006

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

E o mercado cosmético como vai? Vai bem, obrigado. Mas, como todos os outros setores da economia no ano passado, este inspira cuidados também. O mercado fabricante de cosmético (ex-fábrica) em 2005 estima crescimento de dois dígitos em relação a faturamento e um dígito em volume, a uma taxa média nominal de 14,5% e 9,3% respectivamente (segundo ABIHPEC). No entanto, é preciso abrir um pouco mais os números para entendê-los.

Se fizermos uma análise dos primeiros cinco bimestres de 2005, comparados com os respectivos bimestres do ano anterior, vemos taxas de crescimento decrescentes ao longo dos bimestres, tanto em faturamento como em volume, com súbita recuperação no 5o bimestre e igual expectativa de alta para o último bimestre. Em relação ao faturamento, houve uma taxa deflacionada pelo IPCA de 11,4% no 1o bimestre, chegando a 6,6% no 4o, e voltando a 11,3% no 5o bimestre. O mesmo ocorre com o volume: crescimento de 12,6% no 1o bimestre, seguido de alta de 17,8% e duas sucessivas quedas (7,1% e 3,7%), terminando o 5o bimestre com alta de 20,5%.

Dos 10 segmentos do Setor Cosmético, três ficaram abaixo do crescimento médio deflacionado de 11,6% em faturamento nos cinco primeiros bimestres. A vedete ficou por conta do segmento de Higiene Bucal, com 17% e o lanterninha foi o segmento de Produtos Masculinos, com 4%. Cuidado dos Cabelos, a maior base de faturamento do setor (25,5% do total faturado), teve crescimento abaixo da média, 9%.

Em volume, o quadro apresentou a seguinte fotografia: a maior taxa de crescimento ficou com o segmento de Protetor Solar (31%) e o menor desempenho com Perfumaria, 8%. Cuidado dos Cabelos apresentou crescimento de 17%.

O setor deixou de apresentar crescimento espetacular até agora, embora haja tempo para surpresas com o último bimestre do ano. Quais as razões? Há quem diga que o mercado não se explica, acontece. Mas há alguns indicadores macroeconômicos que podem lançar luz sobre o seu desempenho.

Por exemplo, a renda média do trabalhador vem caindo há muito tempo e no primeiro semestre não foi diferente (IPEA Boletim de Conjuntura 71, dez 2005). A correlação entre as variáveis mostra uma derência entre a queda da renda média do trabalhador e o faturamento do setor.

Ainda em relação à distribuição de renda, há uma falsa boa notícia: caiu a desigualdade social (Jornal Folha de São Paulo, 25/11/2005). A princípio isto seria uma notícia boa se não fosse o fato de que a principal razão foi a perda generalizada na renda de todas as classes sociais, embora maior na classe dos 10% mais ricos e menor na classe dos 40% mais pobres, ou seja, todos perdemos. A economia deverá buscar caminhos mais inteligentes para diminuir a desigualdade social com o real aumento de renda.

Apesar disto, o Brasil foi a 6a economia cosmética em 2004 (Euromonitor), demonstrando assim o grande potencial de crescimento adormecido do mercado local, já de conhecimento do mundo, que continua tendo em geral o Brasil como destino para os seus investimentos (4a preferência mundial).

O ano começa agora e a projeção para o fechamento do PIB em 2005 é de 2,6% com uma previsão para 2006 de 4,0% (Banco Central). Isto deixa o setor, que já cresceu em faturamento nos cinco primeiros bimestres do ano anterior 11,6% real (deflacionado pelo IPCA), em uma situação confortável, porém longe de esgotar todo o seu potencial. A estimativa de crescimento para o ano, em virtude da redução progressiva dos preços e do aumento das vendas de produtos de maior valor agregado, é de 10% em faturamento e 7% em volume (ABIHPEC).



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