Toxicologia

Conhecimento como ferramenta na avaliação de segurança

Janeiro/Fevereiro 2009

Dermeval de Carvalho

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Dermeval de Carvalho

Paracelsus (1493-1541) deixou para a história um conceito tido como básico para o desenvolvimento das Ciências Toxicológicas e agregado diariamente de informações científicas que motivam e estimulam aqueles que se dedicam a esta área do conhecimento. Entretanto, somente estímulo e motivação não são suficientes.

O conhecimento humano, especialmente quando avaliado no conjunto de ações, na velocidade da informação, no competitivo mundo tecnológico, na incansável busca do saber, e integrados harmonicamente, tem sido extremamente importante para a explicação de “coisas ditas possíveis e impossíveis” que acontecem no dia-a-dia.

Mutatis mutantis, a comunicação científica, em suas diferentes formas de apresentação, precisa de competente comandante, que saiba identificar e tenha bom domínio do assunto escolhido, a clareza na definição do que se pretende, a sensatez, a correta interpretação do que se lê e discernimento para grafar com segurança e responsabilidade os fatos apreciados.

Os ftalatos pertencem a uma grande família química e vêm sendo usado em vários produtos de consumo, incluindo cosméticos e produtos de higiene pessoal, materiais de construção, mobiliários, roupas, produtos farmacêuticos, equipamentos médicos, brinquedos, material utilizado em embalagens etc. (Toxicology and Applied Pharmacology 230:372- 382, 2008).

Por exemplo, graças à diversidade de uso, os ftalatos servem como bom modelo para a avaliação de toxicidade e efeitos danosos à saúde; por isso, fazem por merecer rigoroso protocolo de investigação, pois múltiplas são as fontes de exposição e usos, conseqüentemente dificultando a avaliação da exposição para uma única delas (Intern J Andrology 29:134-139, 2006).

Graças à diversidade de uso dos ftalados, a avaliação da toxicidade e de seus efeitos nocivos à saúde exigem rigorosa elaboração do protocolo de investigação, pois múltiplas são as fontes de exposição, e, dessa forma podem dificultar a avaliação da exposição à única delas (J Medical Toxicology 2(3)126-135, 2006).

Para a avaliação dos danos à saúde, resultante da exposição aos ftalatos, entre outras, discutiram-se: vias de exposição metabolismo, níveis plasmáticos, dados obtidos em humanos, end-points, conseqüências ao sistema reprodutivo, puberdade. Os autores concluíram pela necessidade de novas investigações científicas para atingir os propósitos acima colimados (Occup Environ Med 62:806-818, 2005 e Environ Health Perspectives, 2007).

Tendo como alvo os ftalatos e a saúde das crianças discutiram- se: exposição aos ftalatos presentes no meio ambiente, como biomarcadores e potenciais danos à saúde; toxicidades da reprodução, toxicidade hepática, tireoidiana, e na puberdade; irritabilidade e medidas regulatórias. Os autores concluíram que estes estão presentes no meio ambiente, e que alguns derivados têm demonstrado toxicidade reprodutiva em animais de experimentação, bem como salientaram que os efeitos dos ftalatos nas crianças ainda não estão bem conhecidos, sugerindo estudos complementares (Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care 34-49, February 2008).

A disposição das substâncias químicas, genericamente representada pela sigla ADME, e a utilização de métodos sensíveis e específicos têm sido um dos bons e recomendados caminhos para a avaliação da exposição quer no local de trabalho quer no uso pessoal (J Sep Sci 30:48-54, 2007, Pediatrics, January 2009 e Am Occup Hyg 53(1):1-17, 2009).

Ainda em relação aos ftalatos, o excelente trabalho de revisão “Phthalates and cumulative risk assessment - The task ahead” publicada pela National Academy of Sciences em 2008, foi preparado por esquisadores de institutos de notório saber, os quais dissecaram o tema com a voracidade daqueles que têm sede pela ciência e preocupações com saúde. Os dados e informações constantes nesta revisão mostram o quanto os ftalatos ainda podem ser objeto de investigações científicas.

Esta coluna não trata da avaliação da segurança dos ftalatos, mas comenta pontos extremamente complexos e importantes que vêm ao encontro do título deste texto.



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