Toxicologia

Parabenos, seguros e pesquisados

Setembro/Outubro 2008

Dermeval de Carvalho

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Dermeval de Carvalho

Os parabenos, provavelmente, foram usados pela primeira vez como conservantes em produtos farmacêuticos e cosméticos nos anos de 1920-30, respectivamente. Quimicamente são classificados como ésteres pertencentes à série homóloga do ácido benzóico, esterificado no C-4, formando os derivados metil, etil, propil, butil, heptil e benzil-parabeno ésteres

Os derivados metil e propil têm sido considerados como os mais usados em produtos cosméticos pelas seguintes razões: largo espectro de atividade antibacteriana, a qual está relacionada ao comprimento da cadeia carbônica lateral e do coeficiente de partição determinado pela composição da formulação, são inodoros, insípidos e inertes, excelente estabilidade térmica e química na faixa de Ph 4,5/7,5,regulamentado pelos órgãos regulatórios e de baixo custo. A estabilidade térmica permite o processo de esterilização, sem perda significativa das atividades antimicrobianas e relativa estabilidade das ligações covalentes presente na formação de moléculas dos ésteres.

Os parabenos, individualmente ou em combinação, têm sido usados na maioria dos produtos cosméticos, nesta seqüência de prioridade: metil > etil > propil > butil > benzil-parabeno. Inúmeros benefícios têm sido atribuídos ao uso dos parabenos em preparações cosméticas.

Do ponto de vista regulatório a legislação vigente na Comunidade Européia permite o uso de parabenos em produtos cosméticos na concentração máxima de 0,4% para cada um de seus derivados e máxima para todos de 0,8% (EU
Cosmetic Directive 76/768/EEC).

Trabalhos têm sido publicados focando assuntos de interesse da academia, órgãos regulatórios e setor regulador, onde são abordados e revistos os ensaios necessários à avaliação de segurança dos parabenos utilizados em preparações cosméticas e outros usos, bem como a novas pesquisas, naturalmente, em razão da própria evolução dos conhecimentos adquiridos na área das ciências toxicológicas e afins.

Dados relativos à distribuição, absorção, metabolização e excreção são importantíssimos na avaliação de toxicidade do ingrediente cosmético (qualquer xenobiótico), pois a partir dos resultados obtidos com os ensaios desenvolvidos fluem dados para a avaliação deste e do produto final.

No caso dos produtos cosméticos a pele tem merecido especial atenção, pois, indubitavelmente, representa a grande área de exposição aos cosméticos. Os parabenos são bem absorvidos através da pele e, em seguida, metabolizados pelas esterases, de forma completa ou não, em razão de uma série de fatores inter-individuais e intrínsecos pertinentes a própria preparação. Estudos de metabolização in vitro mostraram que 30% do propil parabeno, aplicado na pele intacta de rato, foram absorvidos: esta concentração, após 8 horas, atingiu valores correspondentes a 60% (J Appled Tox 24:5- 13,2004, Int J Cosm S 29:361- 367, 2007, Bloch Pharmac 74:932-939, 2007).

Os parabenos quando aplicados na pele humana e de porcos-da-índia foram absorvidos e metabolizados, de maneira similar ao ácido 4-hidroxi- benzóico. Este trabalho deixa claro que os porcos-daíndia são adequados para a avaliação da absorção e metabolização dérmica dos parabenos, embora os perfis da carboxilase da pele humanos e porco- da-índia se diferem.(Tox and Appl Pharmacol 225:221- 228, 2007).

A avaliação de segurança dos parabenos foi discutida de maneira bastante criteriosa por Soni e cols., envolvendo o consumo, a exposição, dados bio-toxicológicos, observação em humanos, avaliação do risco e assuntos regulatórios e assuntos recentes, tais como atividade estrogênica, teratogenicidade e toxicologia da reprodução e desenvolvimento. Os autores concluíram: os parabenos fazem parte da história dos conservantes; a avaliação dos possíveis danos à reprodução e sugestão do potencial envolvimento dos parabenos no câncer de mama, com base nos estudos publicados e disponíveis, são duvidosos.

Protocolos e estudos bem delineados certamente trarão à tona o que a arte procura e espera das ciências toxicológicas - análise do risco x benefício e a segurança do usuário. (Chemical Research in Toxicology 19(8): 977-981, Food and Chemical Toxicology 43:985-1015, 2005).



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