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Os olhos são as janelas da alma e o espelho do mundo”, frase de Leonardo da Vinci que ecoa por séculos em todas as culturas faz com que a visão seja, sem dúvida, o sentido físico mais usado por poetas, artistas e filósofos em suas elucubrações.
Vários fatores contribuem para o desenvolvimento das tendências do que é “fashion” ao longo do tempo.
De acordo com o livro “Beleza do Século” (Cosac & Naify), desde o século 20, as mudanças nos estilos de decoração dos olhos e seus periféricos têm sido velozes e revolucionárias. Na década de 30 os olhos deviam ser sofisticados e provocantes, em contraste com a discrição da maquiagem dos lábios. As sobrancelhas muito depiladas e redesenhadas com lápis num traço fino acompanhavam a ousadia dos cílios recurvados e cobertos por máscaras.
Uma década depois, a guerra é a mão invisível das tendências dos comportamentos. A beleza foi considerada um dever nacional, um símbolo de saúde, uma forma de dizer não a tudo o que ocorria às voltas. A crise de matérias-primas fez com que a indústria cosmética declinasse. Com isso, a graxa para botas serviu como máscaras aos cílios, não tão altivos agora. O carvão, como sombra para as pálpebras, e a graxa para sapatos por ser mais fina, foi usada como tintura para as sobrancelhas. Tempos difíceis aqueles.
Nos anos 50, os olhos foram modelados pela sombra nas pálpebras, e entrou em cena o delineador. O olhar devia transmitir certo desinteresse, mas nunca vulgaridade. Eram conhecidos como os “olhos de gazela”, bonitos, mas vazios. Na ocasião, o foco da beleza eram os lábios, como querendo dizer que havia mais o que falar do que se ver.
Os anos 60 chegaram e com eles as ondas de rebeldias arrastadas pelas minissaias, revolução sexual, movimento feministas e o abandono de tudo que era clássico em prol do ousado. As cores foram berrantes, fortes e sem compromisso de combinação com as outras partes do corpo.
Uma década depois os olhos expressavam liberdade. Cada um devia usar o que bem entendesse desde que fosse isto o que queria. Aqui houve uma explosão de produtos para atender todos os gostos de uma geração que pensava que sabia o que queria em termos de estilo de vida.
Os olhos passaram a ganhar cores elétricas na década de 80. O consumo mais presente na vida das pessoas fez com que cada estação do ano tivesse um código de beleza. Tendência esta seguida até hoje. É a época das sombras esfumaçadas, cílios alongados com máscaras coloridas e a prova d’água (Madonna, Cindy Lauper, Nina Hagen). A beleza agora mais do que nunca era uma competição aberta. O rompimento dos anos 80 trouxe estilos mais debochados nos anos 90. Os olhos perderam espaço para o uso de piercings e tatuagens. O olhar foi mais decadente, apático, e revelou que as mulheres não se encontravam mais em seus antigos estilos.
Com a entrada do novo milênio, “fragmentos de todas as décadas passadas se misturam e contam um pouco da história da beleza feminina através dos tempos e os estilos passados se fundem” – Cosac & Naify.
Balela? Nem tanto. Que digam os formadores de opinião. Todo formulador deve atentar para as atitudes da alma se quiser atingir com sucesso o seu público alvo, ou correr o risco de ter o seu produto rejeitado pelo consumidor que não encontrará ressonância com suas idéias.
Mas nem tudo é comportamental. Existem aspectos científicos a serem considerados. Sabe-se que a região dos olhos é onde a pele tem a sua espessura mais fina, e pela ausência de glândulas sebáceas torna a região mais seca e sensível, portanto suscetível a rugas, ou se preferirem às “linhas de expressão”.
A ciência da estética também ajuda o formulador. A combinação de cores e matizes para olhos juntos é diferente dos olhos afastados, saltados, fundos, caídos, etc. Cabe aos formuladores uma consulta a algumas esteticistas e maquiadores na busca de opiniões sobre estes detalhes, pois em muitos casos são eles os grandes formadores de opinião.
Vale a pena todo este esforço? A previsão de crescimento de acordo com os estudos promovidos pela Euromonitor é um crescimento médio anual de 7,8% no período 2003/2008, com destaques para as sombras (11,2%) de um mercado consumidor estimado em R$ 450 milhões de reais. Então, é bom ficar de “olho”.
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