Tricologia

Cabelos, couro cabeludo e filtro solar

Setembro/Outubro 2007

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

Existe grande número de condições patológicas do couro cabeludo relacionadas às radiações ultravioletas (UVR), particularmente doenças fotossensíveis do couro cabeludo calvo fotodanificado cronicamente. Dentre os mais importantes efeitos crônicos da UVR estão a fotocarcinogenese e a elastose solar.

Além destes, a dermatose pustular erosiva e o “couro cabeludo vermelho” são alterações não raras do couro cabeludocalvo.

Enquanto as conseqüências da UVR constante sobre a pele desprotegida do couro cabeludo são bastante estudadas, os efeitos dessas radiações sobre a queda de cabelo têm sido ignorados.

Entretanto, observações clínicas e considerações teóricas sugerem que as UVR podem ter efeitos negativos: eflúvio telógeno agudo devido a UVR que tem sido descrita, e produção de profirinas pelo Propionibacterium sp. No duto pilossebáceo, a fotoativação das porfirinas, que leva ao dano oxidante dos tecidos, tem sido implicada em casos de microinflamação folicular.

Os próprios queratinócitos podem responder ao estresse físico-químico dos UVR. Os agentes irritantes e poluentes produzem radicais livres e óxido nítrico e, por liberação de citoquinas pró-inflamatórias, que podem levar a eventuais danos das células totipotentes do folículo.

Como todos esses processos têm em comum o fato de serem induzidos ou exarcerbados pela exposição à luz solar, propõe-se que a alopecia androgenética seja considerada uma dermatose fotoagravada e que, portanto, necessite de fotoproteção.

Em termos de carcinogenese, não haveria porque se proteger o fio do cabelo contra as radiações ultravioleta uma vez que a haste capilar é uma estrutura não viva. Assim, os cabelos danificados pela radiação UV são substituídos por fios novos e sem dano. Mas, o valor cosmético dos cabelos pode ter muito ganho quando se protege contra os raios nocivos.

Portanto, quando falamos de mecanismos de fotoproteção capilar temos que pensar nos efeitos químicos das radiações UV na haste capilar, no fotoenvelhecimento dos cabelos, nos mecanismos intrínsecos de fotoproteção capilar e no uso dos filtros solares.

É fato conhecido que os raios UV danificam os cabelos. Mas existem diferenças entre os vários tipos de comprimento de onda relacionados com o tipo e cor dos cabelos.

Todos os tipos de cabelo (pretos, castanhos, loiros, ruivos) mostram perdas substanciais de proteínas após irradiação solar ou por luz artificial. Dependo do tipo de cabelo a radiação UVB tem efeitos danosos 2 a 5 vezes maiores do que os causados pela UVA.

Há significante alteração da cor em todos os tipos de cabelo, especialmente nos mais claros.

O amarelamento dos cabelos também ocorre, paradoxalmente , mais nos cabelos coloridos do que nos cabelos brancos. Acredita-se que este fato se dê por desestruturação do triptofano, que levaria a esta aparência dos fios.

Não há alteração nas propriedades mecânicas ou na topografia dos fios.

A perda da cor artificial dos cabelos tem sido investigada simulando-se situação real através da exposição à radiação artificial num aparelho denominado “Weatherometer”, e por lavagens periódicas. Os resultados indicam que a extensão da perda de cor, medido pelo parâmetro de mudança da cor total, dE, é maior para os cabelos coloridos submetidos a radiação e lavagem, e significantemente menor para cabelos que foram submetidos isoladamente a radiação ou a lavagem.

A perda da cor também é dependente do tipo de cabelo empregado no teste, com os cabelos brancos e descoloridos sofrendo muito mais modificações do que os cabelos coloridos de castanho. A contribuição da luz UV (UVA+UVB) para a perda de cor nos cabelos tingidos mostrou-se experimentalmente dependente da dose de irradiação e variou de 63% com 16 horas de tempo de irradiação a 27% com 48 horas de exposição à luz. A extensão teórica da fotoproteção dada por uma formulação foi conseguida calculando-se a percentagem de luz UV que atenua na média de comprimento de onda e que varia de 290 nm a 400 nm. Os resultados indicam que os filtros UVB absorvem menos de 25% do total de irradiação UV em concentrações de 30 mg/g de cabelo. Os filtros UVA mostraram ser mais efetivos, absorvendo 40% dos raios UV na mesma concentração.



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