Tricologia

Vitaminas e Produtos Capilares: até onde vai a Verdade?

Novembro/Dezembro 2006

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

A palavra vitamina foi usada pela primeira vez pelo bioquímico polonês Casimir Funk, em 1912. É uma palavra montada a partir da palavra latina vita (vida) e do sufixo amina, usado para descrever substâncias do grupo funcional amina; naquele tempo pensava-se que todas as vitaminas eram aminas. Apesar de não ser verdade, o nome acabou por se manter.

As vitaminas podem ser classificadas em dois grupos, de acordo com sua solubilidade. As solúveis em gorduras são agrupadas como vitaminas lipossolúveis e sua absorção é semelhante a da gordura, podendo acumular-se no organismo, alcançando níveis tóxicos. Exemplos dessas vitaminas são: A, D, E e K.

Já as vitaminas solúveis em água são chamadas de hidrossolúveis e consistem nas vitaminas presentes no complexo B e a vitamina C. Essas não são acumuladas em altas doses no organismo, sendo eliminadas pela urina. Por isso é necessária uma ingestão quase diária para a reposição dessas vitaminas.

Algumas vitaminas do complexo B podem ser encontradas como co-fatores de enzimas, desempenhando a função de coenzimas, essenciais na divisão celular e na manutenção de certos órgãos.

Na pele e nos seus anexos acontece o mesmo. As vitaminas são essenciais para o seu bom funcionamento. Infelizmente a via para administração de vitaminas é a sistêmica (oral ou intravenosa) o que nos afasta do seu uso tópico com efeitos interessantes.

Quando utilizadas em produtos cosméticos têm de obedecer a rígidos padrões de concentração, conservação e veículos, sob o risco de não ter nenhum efeito. O maior exemplo que temos é o da vitamina C tópica, que, segundo estudos recentes, precisa estar na concentração de 10% e adicionada a veículos bem específicos para que se tenha algum benefício.

Sabemos hoje o papel mais que importante exercido pela camada mais externa da epiderme, o estrato córneo. É este que vai fazer o primeiro papel de barreira deste nosso órgão de defesa. Assim, quando temos a camada córnea intacta sabemos que, além de ter os componentes do manto hidrolipídico apostos na sua superfície, a produção própria de lipídeos irá fazer com que se torne uma defesa à entrada de substâncias estranhas ao organismo, compreendendo aí as vitaminas.

Com relação ao couro cabeludo e especialmente aos cabelos, acontece o mesmo. Se tivermos um ambiente saudável pouco ou nada será absorvido por estas estruturas. Assim, elementos antioxidantes como a vitamina C, muito estudada e discutida, têm pouco valor quando adicionados a produtos capilares, embora recentes estudos com ratos mostrem efeitos positivos quando se associa vitamina C e minoxidil topicamente.

Alguns análogos da vitamina D, especialmente a D3, têm sido estudados com a finalidade de acelerar o crescimento de cabelos em pacientes que apresentavam um tipo especial de queda, chamada de eflúvio telógeno. Esses análogos já são bem conhecidos em produtos tópicos para psoríase.

Estudos feitos no Japão mostram, em coelhos, que a aplicação tópica de vitamina E pode ter efeito sobre a velocidade de crescimento dos pêlos, o que levaria a uma analogia com produtos úteis em seres humanos.

Na verdade, o que temos até o momento é que, infelizmente, a maioria das vitaminas não tem efeito quando aplicada em quantidades compatíveis com os cosméticos para cabelos, sendo usadas mais como apelo mercadológico.



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