Toxicologia

Produtos Cosméticos Seguros

Novembro/Dezembro 2006

Dermeval de Carvalho

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Dermeval de Carvalho

A história é muito rica quando se fala em cosméticos. Basta ver as citações bizantinas, egípcias e romanas, nas quais mulheres e homens já se preocupavam com a apresentação pessoal, usando preparações cosméticas. No novo Império Romano, médicos ilustres apareceram em cena. Os bizantinos também já dedicavam especial atenção à aparência, usando preparações cosméticas para os cabelos.

Afinal, qual é a verdadeira história do nascimento dos produtos cosméticos? Este marco pode estar relacionado ao ato dos homens de tingir o corpo, atendendo ao desejo de conseguir melhorar o visual. Provavelmente, com o mesmo propósito, o primeiro cosmético “colocado no mercado” foi utilizado pelo homem da caverna. Como foi preparado? Consta na literatura que utilizaram fuligem como ingrediente e cinzas como excipiente.

O uso de sombras para os olhos foi registrado em 4000 a.C. Para isso, verde de malaquita era adicionado à pasta de antimônio e o produto resultante conferia coloração verde às pálpebras.

O produto acabado era envasado em potes, previamente umedecidos com saliva.

Certamente, o desejo de se embelezar estava acima do compromisso tecnológico, da estabilidade e da segurança. A história cosmética é pródiga em relatar casos semelhantes.

O empirismo era geral. E cada ato empírico gerava espaço para o avanço tecnológico. O avanço tecnológico e a sagrada obrigação daqueles que têm compromisso com o desenvolvimento científico promovem o crescimento da ciência, aqui incluída a Cosmetologia. O primeiro registro de produto cosmético destinado a cuidar da higiene da pele – um sabão – foi preparado a partir da suspensão das cinzas da saboeira em água. Estava, assim, lançado o primeiro surfactante.

O primeiro produto resultante de reações químicas foi atribuído ao hidrolisado de gordura de cabra, água, cinzas ricas em carbonato de potássio que, reunidos, foram transformados em cera sólida.

Épocas, fatos, lendas e a busca do conhecimento marcam a história dos produtos cosméticos.

A história e os grandes feitos científicos asseguram interesses e conflitos. Juntemos no mesmo atalho da discussão - segurança dos cosméticos - pesquisa e desenvolvimento, órgãos de regulamentação, globalização e segurança dos usuários.

A segurança dos produtos cosméticos exige conhecimento físico-químico dos ingredientes; desvendar a relação estrutura-atividade; estudos relevantes de toxicidade; avaliação do risco; além de criar e alimentar banco de dados e cálculo da margem de segurança, tidos como parâmetros vitais para a interpretação dos resultados obtidos para fins pré-clinicos, na primeira etapa de outras que obrigatoriamente se sucederão e os ensaios clínicos, nos quais o personagem principal é o ser humano.

Merece citação muito especial e respeitosa o fiel cumprimento da declaração de Helsinki, assim como os ditames da legislação brasileira.

Pesquisa e desenvolvimento e avaliação de toxicidade de ingredientes cosméticos devem seguir esquemas muito bem planejados. No entanto, na grande maioria das vezes, a avaliação está freqüentemente relegada ao final do ciclo produtivo. Este procedimento, por razões econômicas, tem sido atribuído às indústrias dotadas de menores suportes financeiros.

Aos órgãos de regulamentação foram reservadas atribuições cujo resultado final é garantir o uso seguro do produto cosmético, cuidar da legislação com o rigor devido, universalizar a definição de “cosméticos”, não se envolver em razões nacionalistas, evitar protecionismos políticos, incentivar o intercâmbio técnico-cientifico e a discussão entre aqueles que acreditam ser a sua regulamentação a melhor.

Não se esqueça de que há pouco mais de 10 anos, a harmonização regulatória de produtos cosméticos era apenas um sonho.

O usuário não aparece por acaso no final de nossas considerações por mera coincidência textual. Como último parágrafo desta coluna, queremos comungar decisões, mesmo sabendo que o risco zero é mera premissa.



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