Toxicologia

Protetor solar: com segurança o sol nasce para todos

Setembro/Outubro 2007

Dermeval de Carvalho

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Dermeval de Carvalho

Na avaliação de segurança de ingredientes e produtos cosméticos devem ser apreciados: perfis físico- químicos, ensaios pré-clínicos, margem de segurança, natureza da formulação, condições de uso, ensaios clínicos, boas práticas laboratoriais, clínicas e de fabricação, bem como o cumprimento das normas de regulamentação (SCCNFP/0690/ 03-Final, Intern J for Appl Sc 133(6):16-22, 2007 e Regulat Tox Pharm 33:285-289, 2001).

Protetores solares são sistemas utilizados com o objetivo de prevenir os possíveis danos à pele resultante da exposição solar, danos estes descritos pela primeira vez em 1922. Segundo consta, o primeiro protetor solar foi comercializado, nos Estados Unidos, no ano de 1928 (Clin Exp Derm 23:147- 157, 1998).

Anos 70/80, outra novidade: o primeiro protetor solar com FPS 15. Ainda, na mesma década, os danos da radiação solar foram cientificamente reconhecidos e, com isso, caminhos foram abertos na busca de novos ingredientes (Derm Clin 18:577-90, 2000).

Os ativos, empregados no preparo de protetores solares, são compostos orgânicos (diversas funções) e inorgânicos, cujas características de interesse toxicológico têm sido objeto de comentários na literatura especializada. Ingredientes aprovados pelo FDA e União Européia vêm sendo empregados de forma isolada ou combinada (J Cosm Derm 5:322-327, 2006 e http://europa.eu.int). O uso de protetor solar tem sido referido como seguro, embora alguns casos de reações adversas já tenham sido relatados. Assim, pressupõe-se favorável o benefício, comparativamente, ao risco (Derm Clin 24(1):35-45, 2006). Em torno do assunto, Nash JF (Derm Clin 24(1)35-51, 2006) discutiu a segurança e eficácia em humanos de ingredientes usados em protetores solares.

O mecanismo de ação dos ativos, utilizados no preparo dos protetores solares, pode ser explicado em função de duplas ligações, covalentes, conjugadas, presentes em suas moléculas. Alternando duplas e simples ligações, geram um estado de ressonância magnética que promove a absorção da luz em comprimentos de onda de baixa energia.

Os protetores solares têm o privilégio de contar com enorme área de exposição corpórea, fato que nos leva a pensar em penetração/absorção. Por quê? Porque são, na sua maioria, compostos orgânicos de alto coeficiente de partição óleo/ água, conseqüentemente, têm facilitada a sua absorção e, como decorrência, pode manifestar ação sistêmica. (Int J Cosm Sc 18:167-1775, 1996, Clin Exp Derm 27:691-694, 2002 e J Inv Derm 23:123-57, 2004).

Protetor solar – fonte inesgotável de investigação científica. Tantos outros assuntos, convergentes, teriam espaço garantido nesta coluna: exposição à radiação solar e câncer de pele (Cochrane Database Syst Rev 2007-jan. 24(1): CD003412, Ped Derm 24(2):222-229 2007). Este importante assunto, segundo nosso entendimento, poderia ser objeto de estudos por parte dos Órgãos Governamentais, pois mesmo se aplica ao Brasil, país de clima tropical. O assunto – política de saúde pública/câncer de pele/exposição solar foi recentemente discutido (Int J Appl SC 133(7)8-11, 2007 e Photoch Photob 83:459-463,2007).

A avaliação de toxicidade pode-se tornar uma nova frente de investigação científica, pois a recente publicação (Int J Tox 26(1)13-23, 2007) trás um sinal de alerta quanto ao protocolo a ser utilizado na realização de ensaios de toxicidade, de baixas doses, especialmente os possíveis efeitos danosos que podem ser ocasionados nas fases de reprodução e desenvolvimento.

Nanomateriais – em trabalho recente (Tox Sci 89:42-50, 2006) os autores avaliaram que o impacto toxicológico, relativo ao uso de nanopartículas, ainda não está claro e tem à sua frente um longo caminho a ser percorrido na busca do provável entendimento científico e regulatório.



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