Tricologia

Assassino da feminilidade – novas perspectivas

Julho/Agosto 2008

Valcinir Bedin

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir Bedin

Durante muitos séculos, algumas mulheres ficaram esquecidas e escondidas da sociedade, sendo ridicularizadas em circos como atração bizarra e muitas vezes como aberrações. Eram as chamadas mulheres barbadas.

Com a evolução da medicina, um grupo de médicos se dedicou a estudar novos e efetivos tratamentos para a resolução deste inestetismo: os pêlos indesejados localizados em áreas masculinas (como mento, buço e tórax) num corpo feminino.

Esta patologia é chamada hirsutismo, e sua incidência é bastante alta, estimando-se que mais de 10% da população de mulheres adultas removam pêlos faciais pelo menos uma vez por semana. Alguns autores consideram que o acometimento dessa desordem está acima de 8% nas mulheres em todo o mundo.

Mas por que esta patologia é tão desconhecida? Por que estas mulheres se calam e sofrem em silêncio por desconhecer os tratamentos mais recentes?

Esta afecção, que representa uma ameaça à feminilidade, tem provocado profundos distúrbios psicológicos e emocionais, causando maior ansiedade, insegurança, baixa auto-estima e, inclusive, aumento na incidência de disfunções sexuais.

Os fatores hormonais são os grandes causadores desse mal, e podem estar associados a doenças da modernidade, como o estresse, a obesidade e a Síndrome Metabólica.

O que ocorre é um desequilíbrio entre a proporção de hormônios masculinos e femininos, havendo um predomínio da ação hormonal masculina que acarreta a transformação destes pêlos, nas áreas hormônio-dependentes.

No entanto, em 90% dos casos desconhece-se qualquer alteração nos exames laboratoriais, e imputa-se como “idiopática” (sem etiologia definida), sendo que a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é a causa mais comum, e podendo estar acompanhada de outros sintomas como: irregularidade menstrual, acne, cabelos oleosos, queda de cabelos, obesidade, dislipidemia, resistência insulínica, hipertensão arterial, infertilidade e doenças cardiovasculares.

É importante a conscientização dessas mulheres para a necessidade de um diagnóstico e tratamento médico adequados, visando a correção de distúrbios hormonais muitas vezes graves, como, por exemplo, tumores da adrenal ou dos ovários.

Os tratamentos convencionais são basicamente de dois tipos:

- Medicamentosos: para a correção hormonal, como as pílulas anticoncepcionais

- Métodos de remoção mecânica: os laseres, ceras depilatórias e aparelhos de barbear

Há poucos anos, a FDA aprovou nos Estados Unidos o uso de uma substância tópica chamada eflornitina (Vaniqa) que, quando aplicada sobre a área com pêlos, altera o crescimento diminuindo o seu número. Até então não tínhamos um produto similar nacional e a importação do Vaniqa encareceria excessivamente o produto, tornando-o a última opção terapêutica.

Outro tratamento que vem sendo testado é a flutamida, um bloqueador de receptor de andrógenos, em técnica de infiltração pontuada local (intradermoterapia) com resultados iniciais muito promissores.

Finalmente, testes clínicos feitos com um produto fitoterápico, extraído do capim barbatimão, têm tido resultados clínicos bastante promissores. Derivado de uma planta tipicamente brasileira, promete acabar com os métodos depilatórios mais agressivos.

O capim barbatimão (Stryphnodendron adstringens M.) é bastante usado na medicina popular tanto para tratamento de diarréias e doenças ginecológicas como para distúrbios gástricos.

As seguintes características biológicas também são conhecidas: adstringente, anti-séptico e antiinflamatório e hemostático. Seu perfil fitoquímico identifica taninos (mais de 20% no extrato virgem), alcalóides e esteróides.

Estudo duplo-cego, randomizado, placebo-controle foi realizado com creme contendo 6% p/p do extrato do ativo.

O interesse dos técnicos e especialistas, na missão de descobrir novas fronteiras da ciência e utilizar recursos terapêuticos da nossa flora para aumento do bem- estar da população brasileira é sempre louvável e deve ser não só bem recebido como também estimulado.



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