Temas Dermatológicos

Antioxidantes em cosméticos

Julho/Agosto 2008

Denise Steiner

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Denise Steiner

Os radicais livres são moléculas altamente instáveis, com elevada insolubilidade devido ao fato de seus átomos possuírem número ímpar de elétrons. Para atingir a estabilidade, estas moléculas captam elétrons de outras moléculas químicas e também de componentes vitais, como, por exemplo, DNA, elementos citoesqueléticos, membranas e proteínas celulares. A peroxidação lipídica, uma das seqüelas geradas pela ação dos radicais livres, causa danos às membranas celulares e leva ao envelhecimento da pele, aterosclerose e outros sinais de danos à pele. Além do envelhecimento cutâneo, as espécies reativas de oxigênio estão implicadas nos processos de fotoenvelhecimento, carcinogênese e inflamação. Os radicais livres são formados de modo natural pelo metabolismo humano, mas fatores como a poluição do ar, tabagismo, exposição à radiação, exercícios físicos, álcool, processos inflamatórios e ingestão de determinadas drogas ou materiais pesados podem também ser fontes de espécies reativas como os superóxidos, ânion hidroxila, peróxido de hidrogênio e unidade simples de oxigênio.

O mecanismo de defesa antioxidante do organismo tem como principal função inibir ou reduzir os danos causados às células pelas espécies reativas de oxigênio. Existe grande variedade de substâncias antioxidantes que podem ser classificadas como extracelulares. O mecanismo de ação dos antioxidantes permite, ainda, classificá-los como antioxidantes de prevenção, que impedem a formação de radicais livres; varredores, que impedem o ataque de radicais livres às células, e de reparo, que favorecem a remoção de danos à molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares danificadas.

Os antioxidantes tópicos devem ser absorvidos pela pele e liberados para o tecido-alvo na forma ativa. Entretanto, muitos produtos se oxidam e se tornam inativos antes mesmo de alcançarem o alvo. A absorção é um processo muito importante e depende de vários outros fatores, como, por exemplo, a forma molecular do composto ativo, suas propriedades físico- químicas, se sua solubilidade em água ou em lipídeos, seu pH e o veículo que contém o produto.

Princípios ativos antioxidantes

Os antioxidantes solúveis em gordura são encontrados na porção lipofílica da membrana celular e incluem a vitamina E e a CoQ10.

A vitamina E pertence a uma família denominada tocoferóis, incluindo o tocoferol , , e . O - tocoferol é a forma mais ativa e é aquela em que a dose diária recomendada (DDR) se baseia. As formas de vitamina E tipicamente utilizadas em cosméticos são o acetato de -tocoferila. Esses compostos apresentam menor probabilidade de desencadear dermatites de contato e são mais estáveis na temperatura ambiente.

O principal antioxidante solúvel em água e também em lipídeos é o ácido lipóico (AAL). Diferentemente de outros antioxidantes, este pode ser usado como um peeling químico superficial para remodelar a pele, de modo semelhante ao do ácido glicólico. O ácido dihidrolipólico (ADHL), formado pela redução do AAL, é muito instável, e pode ser oxidado em questão de minutos após aplicação na pele. O ácido lipóico é absorvido na forma estável e, depois que penetra nas células, é convertido emADHL.

As quatro principais propriedades do AAL são: capacidade de quelar metais, de eliminar espécies reativas de oxigênio, de regenerar antioxidantes endógenos e de reparar o dano oxidante.

Entre os antioxidantes solúveis apenas em água, destacase a vitamina C. Atualmente, a vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, está sendo extensamente estudada em relação à sua atividade antioxidante. Quando as preparações de vitamina C são expostas aos raios ultravioletas ou ao ar, a molécula rapidamente se oxida e se torna inativa, inutilizando a preparação. A vitamina C se tornou um aditivo popular de muitos produtos após-sol, pois interfere com a geração de espécies de oxigênio reativo, induzidas pelos raios UV pela reação com o ânion superóxido ou radical hidroxila. A vitamina C, por si só um forte antioxidante , também reduz (e, portanto, recicla) a vitamina E (óxida) de volta à sua forma ativa, de modo que a capacidade antioxidante da vitamina E é ampliada.

As preparações tópicas de ácido ascórbico podem ser formuladas em base aquosa ou lipídica. O palmitato de ascorbila tópico, uma forma lipídica, não causa irritação e é comprovadamente fotoprotetor e antiinflamatório. O maior problema, entretanto, das formulações com ácido ascórbico, é sua instabilidade frente à exposição ao ar e à radiação UV, o que as torna inativas horas após a abertura do frasco.



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