Tricologia

Unhas e cabelos têm estruturas semelhantes

Julho/Agosto 2007

Valcinir Bedin

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir Bedin

A queratina é uma proteína. E, como todas, é produzida no retículo endoplasmático da célula, só que neste caso, de uma célula específica chamada queratinócito, que tem a atividade metabólica impressionantemente alta.

Keratos - do grego: duro - já diz para que serve esta proteína, que oferece proteção sob várias formas: na pele, nos cabelos e nas unhas.

Como pode uma mesma substância se apresentar de forma tão diversa?

Basicamente, temos dois tipos de queratina, a ortoqueratina e a paraqueratina. A combinação destas é que dá o caráter de dureza, desde os mais suaves, como na pele da pálpebra, até as mais duras, como as das unhas acometidas por algum fungo.

A unha não se comporta como o pêlo, pois suas camadas germinativas estão em atividade constante, não havendo fase de repouso. Existe atividade mitótica na área basal da matriz, sendo que na porção distal há taxas maiores e na ventral menores.

Os fatores que influenciam o crescimento linear da unha têm algumas características: as unhas da mão direita crescem mais rápido do que as da mão esquerda, crescem mais durante o dia do que durante a noite e crescem mais nos homens do que nas mulheres.

Na adolescência, as unhas podem experimentar alterações fisiológicas normais, como a coiloniquia transitória, e nos adultos podem sofrer influência dos raios ultravioleta. No idoso, a lamina ungueal mais pálida perde o brilho e apresenta, às vezes, estriações longitudinais.

Como vimos, a função número um da queratina é proteger, daí a função do aparelho ungueal ser a proteção da polpa digital. Além disso, auxilia no tato fino e ainda pode ser considerada ajudante de defesa orgânica. Mas, incontestavelmente, a função atual das unhas é de atração ou de repulsa, quando estas estão sujas, danificadas ou excessivamente grandes.

As alterações de coloração das unhas apresentam espectro bem amplo. Podem ser observadas unhas brancas, azuis, violetas, cinzas, amarelas, verdes, vermelhas, castanhas e negras, com diferentes nuances. Às vezes, estas tonalidades se combinam, como no caso de infecção por psudomonas, quando temos variações do amarelo até azul enegrecido. As alterações de cor, do castanho ao negro, podem representar a presença de nevos, lentigos ou melanomas. Algumas cores podem ser advindas de medicações como, por exemplo, a lúnula amarelada, causada pela tetraciclina.

Em alguns momentos algumas doenças internas podem estar relacionadas a colorações exóticas, como unhas “meio-ameio”, comum na insuficiência renal crônica.

Unhas roídas (onicofagia) ou danificadas (onicocompulsão) denotam estados emocionais alterados. Unhas com formas ou cores alteradas podem refletir doenças internas, do coração, do fígado ou dos rins. Onicosquizia, unhas descamativas e frágeis, devido às atividades profissionais que lidam constantemente com a água ou onicomalacia, unhas frias e fracas ou ainda onicomicoses, que são infecção fúngica dentro e sob a lamina ungueal. É conhecida ainda a onicocriptose, ou unha encravada, para a qual hoje temos várias técnicas de solução do problema. Temos ainda alguns raros tumores relacionados às estruturas ungueais.

Um negócio crescente em todo mundo é aquele relacionado à manicure. No Brasil, infelizmente o que vemos é que as profissionais que trabalham nesta área são as que têm menor índice de escolaridade e, com raras exceções, aprenderam seu ofício de maneira autodidata, deixando muito a desejar em termos de qualidade e segurança. Recentemente, a criação de uma associação específica destes profissionais veio tentar elevar o nível de seus participantes, atitude já conquistada pelos seus colegas da podologia, área considerada de excelência no nosso país.



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