Toxicologia

Metodologias: “a arte de dirigir o espírito na investigação científica

Maio/Junho 2007

Dermeval de Carvalho

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Dermeval de Carvalho

Toda vez que se pensa no emprego da expressão “me todologias de testes” - a partir de agora metodologia - por mais simples que pareça a sua aplicação, de pronto vem à mente a possível conclusão a uma pergunta, objeto de uma proposta de trabalho, cujo resultado deve ser analisado do ponto de vista quantitativo.

O envolvimento da premissa acima apresenta-se como tremendamente importante, pois se coloca na pauta da avaliação toxicológica à presença de substâncias químicas que poderão resultar futuras preparações, cujo uso seguro por parte dos usuários deve, obrigatoriamente, ser considerada condição sine qua non.

Lembrem-se: a expressão de um resultado de análise perde toda a sua representatividade se avaliado através de metodologias dúbias.

Assim pensando, como avaliar a toxicidade de uma substância a ser empregada em preparações cosméticas? Certamente à custa dos clássicos métodos, válidos ou em validação, preconizados por organismos regulatórios. Hoje, estes métodos se somam a outros, a exemplo daqueles representados pela sigla 3R (reduction- refinement-replacement).

Por outro lado, sociedade civil e comunidade científica têm se preocupado bastante com o uso de animais de experimentação, destacando o manuseio capaz de assegurar-lhes qualidade de vida e os quantitativos envolvidos, matéria esta que já foi objeto de apreciação por parte da Commission of the European Commnities (2005)

Estes e outros fatos têm procurado motivar a abertura de espaços para a utilização dos ensaios in vitro e/ou alternativos. Não se trata de retórica, essa mudança tem alimentado a busca da investigação científica, porém, de maneira bastante tênue. Um parêntese se faz necessário: órgãos brasileiros de fomento à pesquisa devem discutir com a comunidade científica a importância do assunto, assegurando, o quanto antes, o desenvolvimento de tecnologias desenvolvidas.

Entre os segmentos que estão envolvidos na discussão relativa à metodologia, a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, OECD-Organization for Economic Co-operation and Development, FDA – Food and Drug Admistration, SCCNFP – Scientific Commission on Cosmetic and non Food Products e o ECVAM – European Centre for the Validation of Alternatives Methods são os de relevância, além de publicações acadêmicas, de instituições vinculadas ao setor, entre outros.

Novas metodologias têm sido publicadas e inúmeras páginas absorvidas em periódicos de elevado conceito, agregando contextos e com isso tornando mais visível a integração científica de caráter multiprofissional e disciplinar. A avaliação da toxicidade, onde exigida, deve ser considerada prioritária, pois confere ao projeto uma visão de futuro.

Quanto ao crescimento de novas metodologias capazes de permitir maior agilidade na avaliação da toxicidade de substâncias químicas tem-se plena certeza de que este crescimento será muito mais explorado com a adoção do REACH por parte da Comunidade Européia, conforme atestam recentes publicações.

Entre estas novas tecnologias estão sendo bastante discutidas aquelas batizadas como “omics” que podem ser empregadas, em curto prazo, na avaliação do risco e perigo. (Toxicology 224, 156-162, 2006) e (Trends in Biotechnology 24(8)2006 e 23(6)2005).


Ao lado dos cuidados observados na padronização e validação de metodologias é importante que o responsável pela avaliação de segurança fique atento aos parâmetros rotineiramente utilizados, especialmente quanto aos objetivos da validação, do método proposto e da importância assumida durante o tratamento estatístico, evitando-se o emprego de recursos inconsistentes. A falta de critério e delineamento, após longa caminhada de investigação acadêmica ou mesmo de desenvolvimento, podem levar o tão esperado resultado a interpretações errôneas, cujos danos podem ser imprevisíveis. (Rozet E. e cols. J Chromatography 2007 – in press).

Finalizando, reporto-me a Aurélio Buarque de Holanda Ferreira que, de forma sutil, deixou escrito em sua obra que a metodologia representa “a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade”.



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