Mercado

Vamos tirar os pêlos?

Maio/Junho 2007

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

Pêlos, tão essenciais à estética humana - que os digam os homens imberbes e carecas! Porém, no lugar erra do e em quantidade excessiva se tornam inadequados e indesejáveis para alguns como, por exemplo, para as mulheres que sofrem de hirsutismo (excesso de pêlos em regiões anatômicas típicas do sexo masculino).

No entanto, muito de todo o desconforto não passa de uma questão de convenção. Dependendo da cultura local não há problemas em as mulheres se apresentarem pernas não depiladas, idéia esta insuportável aos olhos dos homens ocidentais ou homens de tórax nus.

Apêndice exclusivo dos mamíferos, os pêlos espalhados pelo corpo assumem formas e funções diferentes apesar de todos serem constituídos basicamente de queratina. Na sua grande maioria os pêlos têm como função a manutenção da temperatura da região onde se localizam. Sua espessura varia de acordo com a região e a etnia. A etnia negra em geral tem pêlos mais espessos do que as etnias amarelas e brancas, esta última em geral apresenta pêlos muito finos.

Na extenuante busca pelo corpo perfeito e na tentativa de se enquadrarem dentro de padrões pré- estabelecidos de beleza, muitos, em algum momento da vida, acabam sentido a dor e a satisfação de fazerem uma depilação. Digo alguns, porque o universo de produtos de depilação, antes voltado exclusivamente para o público feminino, agora encontra um nicho para o novo estilo de vida masculino, denominado metrossexual. O público masculino hedonista, excessivamente preocupado com a aparência física, começa ir além do velho hábito de aparar os pêlos nasais, bigode e orelhas. Quando identificam que o seu público-alvo prefere tórax ou costas menos peludas, não medem esforços em dividir a dor de uma depilação pela conquista de um objetivo.

E no vácuo destes novos hábitos a indústria cosmética não deixa parado o sub-segmento denominado Depilatórios. Um mercado estimado para o ano de 2007 em 154 milhões de reais e taxa de crescimento esperada de 2,7% a.a. entre 2003 e 2008 (Euromonitor) tem sido o foco de companhias de peso no mercado cosmético, como a líder Gilette do Brasil, que detém cerca de 73% do mercado, seguidas pela BIC e Warner-Lambert.

O sub-segmento ainda não é muito bem mapeado mas, via de regra, é segmentado em pré-depilatórios (produtos que preparam e tratam a superfície a ser depilada), lâminas e aparelhos elétricos e por último removedores de pêlos e ceras. Existem outros métodos para cumprir com o fim de depilar, porém de natureza mais cirúrgica, pois são voltados para a eliminação definitiva dos pêlos, como laser e eletrólise, portanto, tratamentos fora do segmento cosmético.

A líder Gilette tem persistido na produção de produtos voltados ao público feminino com a marca Prestobarba para mulheres, em detrimento da antiga marca Gilette Daisy Plus. Perceberam que o público feminino associa a marca Prestobarba à eficiência de corte – e tudo o que se quer numa depilação é o máximo de eliminação dos pêlos.

A BIC expandiu sua fábrica em Manaus e vem desenvolvendo uma forte relação com a rede de distribuidores (Gazeta Mercantil).

Já a Reckitt Benkiser´s investiu pesado em propaganda da linha Veet nas grandes regiões do país. A estratégia assertiva da Ricardo Samú e Cia., detentora da marca Depilsam, preferiu investir em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e na diversificação da linha.

A promessa fica com a Avon (website da empresa), a mais nova empresa internacional a entrar no mercado local de depilatórios, com a sua linha Skin-So-Soft que inclui creme prédepilatório e gel pós-depilatório.

Os produtos depilatórios também são alvos da agência regulamentadora Anvisa. Há advertências específicas quanto à concentração de determinadas substâncias nas formulações de depilatórios (p.ex.: ácido tio-glicólico) e mensagens nos rótulos para evitar contato com os olhos para os produtos que utilizam álcalis fortes, conforme descrito na RDC nº 215 de 25/7/2005. O órgão também exige a menção nos rótulos advertindo para não aplicar o produto em áreas irritadas ou lesionadas, não usar com a finalidade de se barbear, não deixar aplicado por tempo superior ao indicado nas instruções de uso, além do tradicional “manter fora do alcance das crianças”. Há legislações específicas para os depilatórios mecânicos (risco 1) e químicos (risco 2) de acordo com a Resolução nº 211 de 14/7/2005.

Diante de tudo isto, “tirar o pêlo” assume outro contexto e é assunto para gente grande.



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