Tricologia

Nanotecnologia e cabelos: até onde vamos?

Março/Abril 2007

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

A nanotecnologia é aquela parte da ciência que se atém a partículas muito pequenas, qualquer que seja a área de atuação, desde a informática até os cosméticos.

Alguns estudos mostram que, num futuro não muito distante, poderemos ter micro robôs que poderão ser introduzidos no corpo humano com a função de reparar defeitos microscópicos que até hoje não puderam ser corrigidos.

Mas, deixando a ficção científica de lado e pensando no que já temos em desenvolvimento, é de se acreditar que muito em breve teremos produtos na área da tricologia baseados nesta nova técnica.

Trabalhos realizados em alguns centros de pesquisa e desenvolvimento na área capilar mostram que produtos usados para coloração e para modificação química da forma dos cabelos (alisamentos ou permanentes) poderão contar com esta tecnologia.

Já temos no mercado instrumentos de trabalho (secadores e chapinhas) que foram desenvolvidos com uma película interna composta de nanoparticulas de dióxido de titânio, transformando estes aparelhos em agentes bactericidas, considerando que existem estudos mostrando o poder de purificação do ar dessas partículas.

No Brasil, foi lançado em 2005, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT o Programa Nacional de Nanotecnologia, que visa o desenvolvimento desta área. A Universidade Federal de São Carlos também tem desenvolvido linhas de pesquisa na direção da utilização de nanos na cosmetologia.

Quando se fala de pigmentos para coloração dos cabelos tem-se sempre que pensar em interações físicas e químicas com a estrutura da haste capilar. Os elementos orgânicos interagem com a queratina e melanina próprias do cabelo e podem alteram as nuances de cores que se quer obter. O fato da necessidade de se abrir muito as cutículas dos fios para se promover a oxidação da melanina e depois o aporte de um novo pigmento, também leva a eventual dano maior. Inevitavelmente o fio perde água, ficando mais ressecado e, quando não se promove o fechamento adequado, a cutícula não colocada no seu devido lugar leva à perda de brilho e a prejuízo na penteabilidade, levando, às vezes, à fragilização da haste e conseqüente quebra dos fios. A naonotecnologia poderia evitar estes efeitos colaterais indesejados.

Outra aplicação poderia ser nos filtros solares especiais para os cabelos, que certamente se beneficiariam com esta nova tecnologia.

A incorporação de nanos nos shampoos e nos condicionadores levará à maior interação dos produtos com a haste, fazendo com que os princípios ativos cheguem realmente ao seu destino.

Hidratações, queratinizações e recuperação de danos à haste poderão encontrar neste método um avanço muito importante.

Como este permitiria abertura mínima da cutícula, o dano será muito pequeno, fazendo, por exemplo, que se introduzisse elementos na córtex, capazes de alterar as pontes químicas que mantêm a forma dos cabelos, sem danificá-las.

Onde residiria o único risco desta aparente maravilhosa evolução?

Como as partículas são microscópicas, estas poderiam migrar para camadas da pele que não estavam programadas e até eventualmente cair na circulação, e seguir um curso que não é previsível.

Para isso é fundamental que as pesquisas sigam com muito cuidado, especialmente no que concerne à segurança de qualquer produto que seja desenvolvido com esta tecnologia e que seja destinado ao uso humano.



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