Toxicologia

Inovação tecnológica e a segurança de produtos cosméticos

Março/Abril 2007

Dermeval de Carvalho

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Dermeval de Carvalho

Os produtos brasileiros de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos ocupam respeitável 3º lugar em vendas, as pesquisas são significativas e presentes nos principais periódicos da área cosmética.

Como manter e melhorar ainda mais esta posição? O que pode ser feito do ponto de vista técnico– cientifico?

Vejamos: a participação do Ministério de Ciência e Tecnologia e instituições como Finep e Fapesp marca presença em inovação tecnológica - e merece citação a edição do “10º Prêmio Finep de Inovação Tecnologia”. Os investimentos em P&D e buscas de novos mercados devem ser levados em consideração, pois o Brasil, segundo relato da OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development) está vivendo um momento quanto às exportações (OECD - Observer 258/259, 2006).

O descortinamento científico, a participação da universidade, de organismos institucionais e setor privado
devem, de forma sinérgica, alavancar o apoio à inovação tecnológica. O trabalho “Exploratory analysis of
global cosmetic industry: the players, technology and market trends” (Technovation 25(2005)1263-1272) e o artigo “Intellectual property protection in the natural products” (Phytotherapy Research - in press - 2006) são interessantes e esclarecedores.

Na área de segurança toxicológica comentaremos a seguir alguns pontos.

O REACH (Register Evaluation Authorization Chemicals) aprovado em 2006 pelo Parlamento Europeu, após intensa discussão, regulamentou a nova legislação referente às substâncias químicas. O presente regulamento criou a Agência Européia de Substâncias Químicas, alterou Diretiva e determinou outras providências. O REACH, com certeza, foi objeto de críticas, especialmente quanto ao possível aumento do número de animais de experimentação a serem utilizados nos ensaios toxicológicos. Esta crítica pode ser bem aproveitada do ponto de vista científico, pois poderá levar não somente os órgãos de regulamentação, mas o segmento de interesse na validação de novos métodos alternativos, assunto que já vem sendo objeto de discussão há bastante tempo.

Ao lado das substâncias químicas utilizadas como ingredientes cosméticos, não se pode deixar de fazer referências aos tradicionais extratos vegetais, com certeza, presentes na pauta do setor de P&D.

Mas o lado folclórico do uso de plantas com finalidades cosméticas está tomando um norte cujo delineamento metodológico e científico tem por princípio utilizar recursos agronômicos de última geração, envolvendo desde o preparo do solo, o conhecimento das condições climáticas, a eliminação total do uso de praguicidas, o emprego de modernas técnicas de colheita e de armazenamento, o emprego de modernos processos de extração capazes de assegurar ativos com moléculas quimicamente inalteradas e de rendimento uniforme. Hoje já contamos com órgãos de certificação destes ativos.

Corrobora com a informação acima a publicação do International Journal of Applied Science (v.133, 2007) que dedicou especial atenção aos alimentos naturais e orgânicos, comercializados através dos pequenos e, hoje já presentes, nos grandes supermercados. Dos alimentos aos extratos orgânicos destinados às indústrias cosméticas, o caminho foi curto, inclusive já regulamentado pela Comunidade Européia. O trabalho “Benefiting Society through Organic and Certified Products” [(IJAP 133(1-2):26, 2007)] discutiu o desenvolvimento de produtos naturais e orgânicos em cosméticos, enfatizando que os referidos são cada vez mais importantes. Se hoje os ingredientes e produtos cosméticos já contam com técnicas seguras de avaliação, passos preciosos estão sendo dados pela toxicologia e bioquímica molecular, investigando o comportamento toxicológico dos produtos de bioativação. Trata-se de um marco notável.

A busca de novas moléculas, o desdobramento do conhecimento estrutura/atividade, a forte inteiração com a bioquímica molecular, os elegantes recursos analíticos, os sofisticados processos de biotransformação/bioativação, a participação da academia, dos órgãos regulatórios e do setor produtivo devem contribuir para que os usuários se sintam mais seguros quando expostos a produtos cosméticos (H. F Merk e cols. Experimental Dermatology 2006:15692-704).

Mas tenhamos em mente: mesmo com inovação tecnológica as reações adversas a produtos cosméticos são suscetíveis de acontecer.



Outros Colunistas:

Deixe seu comentário

código captcha

já fui revendedora destes produtos

por Maria Celeste da Silva Pereira 26/07/2015 - 19:39

Novos Produtos