Toxicologia

Toxicologia e P&D de Ingredientes Cosméticos

Janeiro/Fevereiro 2007

Dermeval de Carvalho

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Dermeval de Carvalho

MICHAEL A. GALO, EM TOXICOLOGY: THE basic science of poisons – 2nd edition 1980, conceituou toxicologia como o estudo de efeitos adversos/ toxicidade ocasionados por substâncias químicas em organismos vivos. Apresentada de forma bastante simples, a toxicologia vem recebendo contribuições para o desenvolvimento de testes de toxicidade, na elucidação de mecanismos de ação pelos quais as substâncias químicas exercem seus efeitos e na proposição de atos regulatórios para o atendimento de órgãos institucionais. A bem da verdade, conceitos e mais conceitos são apresentados, sem medo de exagero, diariamente.

Como os efeitos adversos/toxicidade acontecem? Imaginemos um triângulo, com lados extremamente flexíveis, no qual cada um dos vértices assume características próprias, respectivamente, o agente químico, o sistema biológico e o meio pelo qual se interagem, resultando num sistema integrado e dinâmico, cuja manifestação, através de sinais e sintomas, representa a toxicidade/reação adversa do agente químico que, independentemente da finalidade, deve ser rigorosamente avaliada.

Estudos de reatividade química (SAR), apresentados por volta dos anos 30 permitiram a Hammett, em 1960, a sua aplicação à toxicologia utilizando-se combinação de algoritmos, incorporando-se dados relativos aos aspectos físicos das estruturas moleculares, à solubilidade, às características das membranas biológicas e à reatividade química (QSAR)

Além da busca incessante de novas moléculas ainda mantém-se praticamente intocável (não se trata de preciosismo verbal) do outro lado da bancada da investigação científica, a rica flora brasileira, ainda muito pouco explorada pela comunidade científica e pelo setor produtivo.

Recente publicação destacou os estudos já realizados com 70 espécies botânicas empregadas na produção de produtos cosméticos, outra se referiu às espécies potencialmente perigosas. Mas a complexidade dos extratos e os bons resultados já conseguidos no desenvolvimento de novos produtos cosméticos têm motivado a comunidade científica e o setor produtivo, embora tênues, no desdobramento do conhecimento físico-químico dos mesmos, especialmente hoje quando os recursos analíticos disponíveis são altamente versáteis, permitindo análise qualitativa e quantitativa com precisão e alta sensibilidade. Mesmo com os recursos disponíveis, prontos para a avaliação de segurança, o crescimento do uso de extratos botânicos tem evidenciado aumento de registro de incidências de reações adversas/toxicidade.

Em face de tantas implicações toxicológicas, certamente adicionadas àquelas que virão ao longo do processo de desenvolvimento, o setor de pesquisa e desenvolvimento não deve, de forma alguma, postergar a avaliação toxicológica à etapa conclusiva, fato já destacado por Salminen WF (Int J of Cosm Scien 24:217-224, 2002), mas buscar informações através da literatura especializada, banco de dados, órgãos de regulamentação e, paralelamente, trabalhar com módulos toxicológicos previamente delineados a saber: ensaios pré-clinicos básicos: toxicidade oral, toxicidade dérmica, irritação cutânea primária, irritação ocular, sensibilização e mutagênese.

O recente trabalho “How Cosmetic Science can Contribute to the Improvement of Society” publicado na International Federation of Societies of Cosmetic Chemist Magazine 9(4), 2006 pode, também, se constituir como pilastra de sustentação para o desenvolvimento da toxicologia aplicada a cosméticos, de forma integrada, de caráter multiprofissional e disciplinar, reunindo na mesma sala de trabalho pesquisadores e setor produtivo. Certamente, ao lado dos intrincados mecanismos já conhecidos, não se pode deixar de lado uma análise crítica dos resultados divulgados em recentes publicações, as quais discutiram os aspectos psico-farmacológicos dos cosméticos, conceitos em cosmetologia molecular, influência dos cosméticos no estado emocional, sistemas autônomos e endocrinológicos, além daqueles envolvidos em reações auto-imunes.



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