Temas Dermatológicos

Envelhecimento Cutâneo e Filtros Solares

Janeiro/Fevereiro 2007

Denise Steiner

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Denise Steiner

A PELE É O ÚNICO ÓRGÃO DO CORPO HUMANO com dois tipos de envelhecimentos: o cronológico (ou intrínseco) e o fotoenvelhecimento.

O primeiro é regido pelo relógio biológico, havendo mudanças genéticas, químicas e hormonais, e o segundo é causado pela exposição cumulativa à radiação solar.

O fotoenvelhecimento causa agressões mais intensas à pele, pela diferença das áreas cobertas e não cobertas da cutis.

Diferenças marcantes entre o envelhecimento intrínseco e o fotoenvelhecimento são coerentes com as alterações bioquímicas e moleculares. No envelhecimento pela idade, a textura da pele é lisa, homogênea e suave, com atrofia da epiderme e derme, menor número de manchas e discreta formação de rugas. No fotoenvelhecimento, a superfície da cútis é áspera, nodular, espessada, com inúmeras manchas e rugas profundas bem demarcadas.

Histologicamente, atrofia e retificação da epiderme no envelhecimento cronológico são constatadas com a acantose da pele actínica. Os queratinócitos são normais na primeira e displásicos na pele fotoexposta. Os melanócitos vão diminuindo conforme a idade, mas aumentam em número e distribuem irregularmente o pigmento na pele lesada pela UV. A pele envelhecida tem menor quantidade de elastina e colágeno e vascularização normal. As fibras de colágeno têm maior desorganização e as elásticas se transformam em massas amorfas (elastose), enquanto os vasos têm paredes duplicadas e infiltrado linfohistiocitário ao seu redor, caracterizando a heliodermatite.

As radiações UVA e UVB causam danos progressivos às várias estruturas da pele como: queratinócitos, melanócítos, vasos, fibras, glândulas entre outras. São responsáveis por cerca de 80–90% do envelhecimento observado na pele. A agressão crônica e progressiva vai acumulando até se tornar perceptível em forma manchas, rugas, flacidez e também cânceres de pele.

A proteção solar constitui importante medida para prevenir e tratar o envelhecimento cutâneo. Substâncias com ação de filtro solar, utilizados como ingredientes em produtos cosméticos, protegem a pele dos danos agudos como a queimadura, assim como dos crônicos como envelhecimento e cânceres de pele.

Há controvérsias a respeito do mecanismo de absorção das substâncias químicas dos filtros solares pela pele. Recentemente circularam pela imprensa e internet informações “terroristas” sobre a absorção de ativos do protetor solar.

Essas notícias afirmavam que filtros com proteção maior que 30 ao serem absorvidos produziam efeitos estrogênicos em mulheres como: endometriose, cisto uterino, doença fibrocística nos seios, predisposição ao câncer uterino, dor de cabeça, tensão pré-menstrual, alterações no ciclo menstrual.

Já no caso dos homens poderia ocorrer a diminuição na quantidade de esperma, feminilização, desenvolvimento dos seios, tamanho de pênis menor que o normal, maior incidência de câncer testicular, bloqueio ou redução de características do comportamento masculino no cérebro fetal.

Tais notícias e informações foram acompanhadas pela propaganda de novo princípio ativo para impedir a absorção química dos ativos existentes nos filtros solares.

Imediatamente, a comunidade científica se mobilizou e órgãos como o comitê cientifico para cosméticos e produtos alimentares do FDA (Food and Drug Administration), dos Estados Unidos, se posicionou contra essas informações sensacionalistas.

A comissão analisou detalhadamente os estudos, encontrando problemas metodológicos básicos e emitiu parecer formal concluindo esses ativos isentos de efeitos estrogênicos com potencial de afetar a saúde humana.

As metodologias utilizadas para a análise de produtos devem ser padronizadas para evitar conclusões informações falsas ou sensacionalistas.



Outros Colunistas:

Deixe seu comentário

código captcha

Seja o Primeiro a comentar

Novos Produtos