Embale Certo

Embalagens para maquiagem, nada mudou

Novembro/Dezembro 2023

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

Com frequência, falo aqui nessa coluna da grande dificuldade que temos no Brasil com as embalagens plásticas, mais especificamente as de maquiagens que são injetadas.

Quando falamos de embalagens sopradas, raramente temos alguma dificuldade, a não ser em casos pontuais, como, por exemplo, um aumento grande nas vendas de um produto.

Antes de abordar especificamente as embalagens injetadas, precisamos falar de outra embalagem com a qual temos grande dificuldade no Brasil. Estou falando das bisnagas. Tenho visto empresas fugindo dessa embalagem nos seus lançamentos pela dificuldade de compra, independentemente da quantidade. A grande reclamação é com relação ao prazo de entrega, que hoje gira em torno de 120 dias.

Na década de 2010 aproximadamente, surgiu uma grande luz no fim do túnel, quando uma empresa fabricante de rótulos se propôs a fazer bisnagas rotuladas. O que chamou a atenção foi o prazo de entrega, que era de duas a três semanas, e a quantidade mínima, de mil unidades.

Obviamente, todo o mercado descobriu essa empresa, e o resultado foi que ela acabou como as outras, ou seja, prazo de entrega bem maior e quantidade mínima fora das possibilidades de pequenas e até médias empresas.
A verdade é que a capacidade instalada das empresas de bisnaga hoje no Brasil não atende a demanda, ou seja, elas não acompanharam o crescimento do setor, nem ocorreu a construção de novas fábricas ou novas multinacionais chegaram ao Brasil.

Voltando às embalagens injetadas, o cenário é catastrófico. O que as empresas de maquiagem perderam de venda por falta de embalagem é para desanimar qualquer empresário. Poderíamos dizer que essas empresas ou seus terceiristas não se planejaram ou colocaram seus pedidos de última hora, mas na verdade não foi o que aconteceu. Eu convivo diariamente com empresas fabricantes de maquiagem, tanto de pequeno quanto de grande porte, notadamente terceiristas, e a reclamação é a mesma: o prazo de entrega não foi cumprido e perdeu-se venda. Talvez todos estejam buscando os mesmos fabricantes e não procuraram outros fora de São Paulo, onde se localiza boa parte dessas empresas.

Quando falamos de terceiristas, que são quem concentra o grande volume de produção das maquiagens fabricadas no Brasil, a situação é ainda mais crítica, considerando que a grande maioria dos contratos entre terceirista e marca é no sistema full-service, no qual o terceirista compra todos os insumos, inclusive as embalagens. Na prática, ele recebe todas as matérias-primas, chega a fabricar o produto, mas não consegue envasar porque a embalagem não chegou no prazo combinado.

Em muitos casos, existe uma multa por atraso na entrega, e é difícil explicar para o cliente que foi por causa do atraso da embalagem e é difícil também negociar essa multa.

Ainda com relação aos terceiristas, tenho visto que muitos informam que o prazo de entrega de um pedido é de no máximo 30 dias, o que é um grande erro, considerando os prazos de entrega das embalagens. O correto é informar que a entrega será em 30 dias, após ele receber o último insumo, inclusive a embalagem.

Mas, afinal, por que chegamos nessa situação crítica de falta de embalagem de maquiagem? Algumas respostas são óbvias. As fábricas de embalagens são as mesmas, não surgiram novas fábricas. As que existem não acompanharam o crescimento do setor e, se investiram, não foi em quantidade suficiente para atender a demanda. Maquiagem é uma das famílias de cosméticos que mais cresce. A gente sabe que o investimento em molde não é barato, como moldes de sopro. Aliado a isso, temos que considerar que diferentemente das embalagens sopradas, em que o molde é único, uma embalagem de maquiagem pode ter vários moldes para compor uma única embalagem, como num batom, por exemplo.

Outro aspecto também fundamental a se considerar é que o fato de a embalagem estar injetada não significa que ela está pronta, pois fica faltando a decoração, que é outro grande gargalo do setor.

Diante dessa situação, as grandes empresas de maquiagem passaram a trazer da China, que nesse cenário e comparando com as empresas brasileiras, já tem prazo de entrega menor.

O problema é que boa parte das marcas de maquiagem vendidas no Brasil são de propriedade de dezenas (talvez centenas) de influenciadoras que, na sua grande maioria, compram quantidades menores, buscam terceiristas locais e querem seus pedidos para ontem.

Não quero aqui fazer críticas à indústria nacional de embalagens para maquiagem, mas um alerta: que se acenda uma luz vermelha para a busca de soluções que efetivamente atendam o setor e seu constante crescimento.

Finalizando, quero dar uma boa notícia. Já está pronta no Brasil uma grande fábrica de embalagens para maquiagem, de um empresário brasileiro, com modernos equipamentos robotizados e capacidade para atender pelo menos boa parte da demanda atual. No início do próximo ano, ela já estará em operação.

Aguardem.



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