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Além da notória guerra da Rússia contra a Ucrâ- nia, outras mais se desenvolvem no tecido social mundial longe dos olhares mais distraídos da sociedade internacional. Poderíamos mencionar as guerras intestinas africanas, que há bastante tempo cortam as veias de povos desconhecidos por muitos dos estudantes secundaristas, mas que não estarão piscando em nossas telinhas diariamente até se tornarem novamente incômodas aos olhos dos donos do mundo. Há o Estado Islâmico, que continua assolando o Oriente Médio num constante movimento de perda/ganho de importância político- -regional, mas que também não voltará a ocupar a mídia tão cedo, a menos que voltem a desafiar diretamente o dono do poder atual com suas ações de proporções apocalípticas. Alguém aí se lembrou da Síria? Já se vão 12 anos de conflito. Desde 15 de março de 2011, há um contínuo enfraquecimento da fé da humanidade na natureza humana. Uma vez ou outra, esse conflito é lembrado como o elefante sentado na sala de estar do Oriente Médio e só voltará ao radar midiático com a troca do poder no país.
Poderíamos continuar enchendo a página desse texto com outros conflitos em andamento que estão fora do radar do público em geral. Para uma lista mais completa desses e outros conflitos, consulte o site da ACNUR (https://www.unhcr.org/). No entanto, acredito que seja interessante trazer a atenção para um conflito que se desenvolve às sombras do conflito Russo-ucraniano e que ainda nos dará muito o que falar em um futuro não tão distante: as escaramuças entre os EUA e a China.
Dentro da política capitalista, seja ela do capitalismo ocidental, seja do capitalismo de Estado chinês, a ideia de que “tudo vai bem, desde que esteja bem para mim, independentemente de como esteja para você”, podemos dizer que as coisas não vão bem para nenhum dos dois Estados. Apesar de serem as duas maiores economias mundiais (EUA com um PIB nominal de US$ 25,4 trilhões, com crescimento estimado de 2% para 2022, projeções de 1,4% e 1% para 2023 e 2024; e a China comum PIB deUS$ 19,3 trilhões, com crescimento estimado de 3% para 2022, projeções de 5,2% e 4,5% para 2023 e 2024 - https://www.imf.org/en), fica clara a ameaça à hegemonia norte-americana frente à presença chinesa desde 2008. Atualmente, a balança comercial é deficitária para os Estados Unidos, isto é, eles importam muito mais do que vendem para a China. Apesar de ser uma economia de crescimento invejável, a China ainda enfrenta problemas de aceitação de seu modelo econômico tanto do público interno como do externo, sem dizer que a ideia de liberdade de expressão na China assume um entendimento negativo e bem diferente do conceito ocidental.
Os conflitos modernos sempre são enraizados em um dos pilares de desestabilidade, como economia, diplomacia, religião, nacionalismo, etnia, cultura e alguns outros, quando não todos juntos simultaneamente. No conflito que atualmente se desenha, podemos dizer que os pilares de instabilidade se apoiam na eco- nomia e no mundo diplomático. As tensões vão desde a taxação às importações a partir de 2018 pelo presidente Donald Trump com a política “America First” até o novo ciclo das declarações de espionagem em 2019 destinadas a empresa chinesa Huwaei, passando pela leitura de afrontamento político ocasionada pela visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan em 2022, com realização de exercícios militares chineses na região como mensagem clara de retaliação.
Mas as tensões não surgem por acaso. Elas são construídas ao longo do tempo, e modernamente podemos dizer que começaram com o apoio norte-americano ao partido nacionalista derrotado na Revolução Chinesa (1949), dando ascensão ao partido comunista ao mesmo tempo em que assinaram o acordo de proteção mútua à província rebelde de Taiwan, que se considera um Estado independente da China. No período da guerra fria, a China rompia com a URSS (1960) e se aproximava dos EUA, até que veio a abertura econômica chinesa (1980), momento em que houve um novo deslocamento deles em relação aos americanos. Daí para frente, começaram a dar os passos para se tornarem o que são hoje: um player internacional a ser respeitado em muitos eixos, inclusive o tecnológico e de comunicações (5G). Paralelamente, países do Leste e Sudeste Asiático desempenharam uma trajetória de contínuo crescimento econômico, o que regionalmente torna a região mundialmente significativa no contexto geopolítico.
Com a aproximação da China com a Rússia em virtude da guerra Russo-ucraniana, fala-se de uma aliança de um BRICS reduzido, ou seja, uma associação capitaneada pela China, Rússia e Índia com vistas à formação de uma moeda única, ameaçando abdicarem do dólar como moeda majoritária. Uma associação efetiva desses players aumentaria a velocidade de ascensão da China rumo a se tornar a primeira economia mundial aliada a um braço militar muito forte, os russos.
Não deixe de fora do seu radar esse cenário sombrio de um violento deslocamento do eixo hegemônico para solo asiático ainda nessa terceira década do século XXI.
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Parabéns pelo artigo, coerente com a realidade. Lembrando em breve o cenário mundial mudará.
por Luis Roberto Ribeiro 02/05/2023 - 20:58