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Para os teóricos da disciplina de Relações Internacionais (RI) que adotam a corrente pós-colonialista como visão de mundo, o cenário mundial se constrói tendo como base a oposição de um lado os Estados ocidentais da Europa e América do Norte (neste artigo identificados como ocidentais) e, de outro, os recém-formados Estados descolonizados da África, Ásia, América Latina e demais áreas que foram por eles colonizadas ou no mínimo de outras formas dominadas (aqui descritos como orientais não do ponto de vista geográfico, mas do processo civilizatório). É contra essa realidade bipolarizada que esses teóricos se batem ao longo do tempo no sentido de mudá-la.
Após o fim da segunda guerra mundial, o processo de descolonização ao longo do globo foi ganhando espaço e antigas colônias deram lugar a Estados soberanos. No mundo diplo- mático esses Estados são considerados formalmente iguais aos Estados ocidentais, mas apesar dos setenta anos que nos separam do início das suas emancipações, a maior parte deles ainda não passam de Estados fracos, vassalos, intelectual e culturalmente dependentes. Não vou mencionar exemplos a fim de não causar contendas, apenas convido o leitor a lançar um olhar pelo mundo e identificar candidatos a esse status. Apesar dos seus aparentes anseios iniciais, esses Estados acabaram por ter suas políticas externas pautadas pela lógica da hierarquia internacional imposta pelo ocidente. A melhor maneira de compreender essa relação de dependência quer velada quer explícita é através da definição de John Hobson sobre eurocentrismo: “... pressuposição de que o Ocidente está no centro de todas as coisas no mundo e ... está projetando externamente sua vontade de poder global mediante um difusionismo de mão única de modo a refazer o mundo segundo sua própria imagem”.
Na visão dos pós colonialistas, o pensamento ocidental representa a sociedade oriental como atrasada, tradicional e despótica. Em contraste, o ocidente é desenhado como avançado, moderno e democrático. O ocidente não se interessa e nem se esforça em entender o oriente em suas diferentes tradições e práticas culturais, sociais, econômicas e políticas, preferindo vê-lo como “um sombrio contraponto de irracionalidade em contraste com a luz ocidental da civilização e da racionalidade” (Jackson & SØrensen).
Essa visão é perigosa, pois é com ela que se legítima a lógica de submissão do oriente ao ocidente, no sentindo de fazê-lo progredir, modernizar e se democratizar. Além disso é a mesma lógica que leva os Estados a infligirem atos brutais contra a humanidade em ações táticas de Estados contra atores não estatais (entenda-se civis) que acarretam elevadas perdas de vida visando a resolução de conflitos – são as famosas guerras assimétricas, originadoras das enormes crises humanitárias. Colocado dessa forma, o Estado ocidental muitas vezes é de- senhado como vítima vulnerável diante de um Estado oriental incivilizado, não regido por acordos internacionais quando em períodos de conflitos armados. O argumento mais forte a favor dessa justificação está na prática do terrorismo por parte do Estado Oriental que faz com que os atores em conflito não joguem sob as mesmas regras.
Por outro lado, o ocidente não identifica no oriente um efetivo movimento de construção de uma identidade local diferente e desvinculada do colonizador; enxerga no oriente o incômodo da subserviência, mas ao mesmo tempo a aspiração de ser igual. Do vácuo formado por essa ambiguidade, o ocidente se justifica em aportar ao mundo oriental o que acredita ter de melhor: o processo civilizatório. O que o ocidente esquece ou prefere não lembrar é que não é preciso recuar muito na história para descobrir que o ocidente, principalmente o europeu, não era um repositório de modernidade, refinamento e desenvolvimento sustentável. A história da evolução do Estado ali é também uma história de conflitos violentos.
Dessa forma para os pós-colonialistas a ideia de desconstruir o ocidente como ideal civilizatório é importante, ao mesmo tempo que dão lugar a sua própria identidade oriental. A dificuldade em avançar no desenvolvimento de um diálogo genuíno que altere de fato o rumo desse fenômeno real, e não em uma simples conversa de corredor, está justamente na aceitação da realidade desenhada pela história, ou seja, que existiu um sujeito dominante, o qual deve ser desconstruído para ser substituído por um novo e efetivo ideal local, seja esse diferente ou semelhante ao anterior, porém, essencialmente construído pelo Estado e não imposto pelo anterior ou outro Estado dominante.
Olhando pelo retrovisor essa visão de mundo apenas substitui um mundo bipolar por outro multipolar a partir da construção de um número maior de Estados fortes e independentes, entretanto, não atinge o cerne do problema da crise existencial do ser humano: a busca por uma coexistência pacífica entre os iguais. A solução para a satisfação desse anseio e muitos outros deverá ainda passar por outra via ainda não considerada.
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