Tricologia

Pelos em animais de estimação

Janeiro/Fevereiro 2022

Valcinir Bedin

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir Bedin

Por mais que a maioria de nós trate os seus animais domésticos como membros da família e tente humanizá-los o tempo todo, é importante lembrar que, apesar de terem órgãos semelhantes aos dos seres humanos, os animais têm diferenças importantes que devem ser levadas em consideração quando se trata dos cuidados com a sua saúde.

Tanto nos humanos quanto nos nossos pets a pele é o maior órgão do corpo e tem como uma de suas principais funções a proteção. Ela é dada, nos mamíferos, pela produção do sebo e do suor, presentes em quase toda a extensão da pele. A sua excreção serve para manter um pH equilibrado e adequado, evitando o ingresso de vírus, bactérias ou outros seres invaso- res. Um anexo comum em todos esses animais é o pelo, cuja função está muito relacionada à proteção térmica, essencial para a homeostase dos órgãos internos. Mantê-los sadios é um desafio cotidiano para tutores de cães e gatos especialmente. Dessa forma, o conhecimento dos aspectos histológicos básicos da pele nas diferentes espécies se faz necessário para todo profissional que pretende formular produtos para estes seres.

Cães e gatos possuem folículos pilosos compostos, formados por vários folículos pilosos primários e secundários. Pelos primários emergem em poros separados, ao contrário dos pelos secundários, que emergem em poros comuns. Em média, há de 5 a 20 pelos secundários para cada pelo primário em cães e gatos. Esses pelos secundários rodeiam os primários. Alguns folículos pilosos compostos possuem de dois a cinco pelos primários com um grande pelo primário central. O que observamos nos carnívoros, excetuando-se seus filhotes, é que há sempre múltiplas hastes foliculares na altura do infundíbulo. Isso difere dos folículos pilosos da maioria dos herbívoros e onívoros, nos quais há apenas uma haste folicular no interior do infundíbulo. Os folículos primários possuem uma glândula sudorípara apócrina, uma glândula sebácea e um músculo eretor do pelo; os folícu- los secundários podem possuir apenas a glândula sebácea. Nos cães e gatos, os folículos pilosos estão distribuí- dos por quase toda a pele, menos nos coxins e no plano nasal, e a quantidade e o tamanho desses folículos são muito variáveis. Folículos pilosos maiores, por exemplo,
são vistos na face e na extremidade distal dos membros. Do ponto de vista anatômico, os pelos possuem três regiões distintas: a cutícula, o córtex e a medula. A cutícula é uma monocamada de células ceratinizadas e anucleadas que se interdigitaliza com a cutícula da bainha radicular interna. O córtex é formado por várias camadas de células fusiformes e ceratinizadas que contêm ceratina dura. A medula é formada por fileiras de células cuboides ou células achatadas, que, de acordo com a região, podem estar separadas por variável quantidade de ar. A medula dos pelos secundários é mais estreita que a dos pelos primários, e sua cutícula é mais sa- liente. A cor do pelo é dada principalmente pela quantidade e distribuição dos diferentes tipos de melanina no córtex. Nos animais, são encontrados dois tipos especializados de pelos táteis na pele dos mamíferos: os pelos sinusais e os pelos tilotríquios. Ambos servem como típicos órgãos de toque. Os folículos sinusais, dos quais emergem os pelos sinusais, são encontrados no focinho, nos lábios, nas pálpebras e na região cárpica. Nessa última região, os pelos sinusais são vistos como pequenos tufos de cinco ou seis pelos rígidos.

O hábito de raspar os pelos, do ponto de vista científico, é muito ruim, pois estamos tirando essas funções deles. Aparar os pelos eventualmente e usar produtos que amaciem ou deem mais brilho a eles pode e deve ser um hábito saudável.

Alguns princípios ativos usados em produtos para humanos podem sim ser utilizados em produtos para uso animal, mas suas concentrações certamente serão distintas. Um hábito que precisa ser evitado é o excesso de banhos, especialmente se nele forem utilizados produtos químicos como shampoos e condicionadores. O ideal é escolher produtos formulados especialmente para a raça em questão.

Outra questão que se coloca é a perda de pelos, que pode ser localizada ou generalizada. Algumas raças de cães soltam muitos pelos e causam um tormento para seus tutores. O im- portante é ficar atento para perceber se a perda de pelos está no ciclo normal do animal ou se está num nível patológico e a ajuda especializada se faz necessária.

Além dos produtos para higiene e embelezamento dos pelos, cabe aos responsáveis por novos produtos pensar tam- bém em escovas especiais e luvas que servem para recolher os fios caídos que ficam aninhados entre os pelos. Escovar um pet reúne duas atividades importantes: a higiene e beleza e a demonstração de carinho, essencial para o bom relacionamento entre as espécies.



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