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No caso, eu me refiro à balança comercial. Entre outros indicadores econômicos, como o PIB e o câmbio comercial, também é com ela que se avalia a saúde econômica de um paÃs. O saldo da balança comercial é a diferença entre as exportações e importações de produtos e serviços que um paÃs realiza em um perÃodo especÃfico. Diz-se que ela está com superávit quando o saldo das exportações no perÃodo determinado é maior que o das importações. O contrário se configura como um déficit. Em situações de equilÃbrio, denomina-se equilÃbrio comercial.
A quantas anda esse indicador? Vejamos mais de perto para evitarmos as armadilhas que os números puros, sem explicação, podem nos armar.
A balança comercial no mês de julho/21 encerrou com superávit (US$ 7,4 bilhões). No entanto, esse número foi menor do que o do mês anterior (junho/21) – US$ 10,4 bilhões (29,2% a menos). Quando comparado com o mesmo mês do ano anterior (junho/20), também apresenta um desempenho menor na ordem de 2,8% (US$ 7,6 bilhões).
Porém, a economia tem uma particularidade chamada sazonalidade, que faz com que os meses ao longo do ano não apresentem o mesmo desempenho. Portanto, vamos estender o perÃodo de análise e refazer o mesmo caminho de comparação. Consideremos o ano de 2021 (janeiro a julho). Nesse perÃodo, a balança comercial encerrou positiva com robustos US$ 44,4 bilhões, com crescimento de 48,4% quando comparado com o mesmo perÃodo do ano anterior.
Isso é algo bom? Antes de responder à pergunta, temos que abrir um pouco mais os números. Primeiro temos que analisar o movimento das exportações e importações individualmente. Em 2021, as exportações cresceram 34,6% em relação ao mesmo perÃodo do ano anterior; e as importações, 30%. Em outras palavras, passamos de fato a exportar mais do que importar. Isso pode significar, entre outras coisas, que estamos exportando mais produtos/serviços em relação ao ano anterior em virtude de um aquecimento das economias externas, ou que não estamos importando tanto em consequência de uma diminuição da produção interna. Tendo como parâmetro o percentual nacional da utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, responsável por 51,2% da receita das exportações, nota-se no mesmo perÃodo que houve um aumento da produção interna em 6,9 pontos percentuais, o que indica que a primeira opção anterior se justifica.
Além dos valores percentuais, é sempre bom avaliarmos sobre qual base ele é aplicado, pois 1% de mil dólares é diferente do mesmo percentual sobre um bilhão. Para isso, consideramos a corrente de comércio (soma do faturamento das exportações com as importações). Dessa forma, em termos de faturamento, no perÃodo de janeiro a junho de 2021, comparado com o mesmo perÃodo do ano anterior, houve um incremento de US$ 68,6 bilhões (corrente comercial em 2021: US$ 278,9; 2020: US$ 210,3) – um aumento de 32,6%, o que é bem positivo. No entanto, não podemos esquecer que estamos comparando o perÃodo atual de recuperação econômica com um perÃodo anterior fortemente contaminado pelos problemas da pandemia. Quando comparado com o ano de 2019 (corrente comercial de US$ 235,2 bilhões), o percentual de crescimento se reduz a 18,6%.
Outra variável importante para analisar é o valor agregado do que se exporta e importa. As nossas exportações são fortemente constituÃdas de produtos classificados como indústria de transformação – 48,5% do total (tendo como principais produtos os de processamento e conservação de carne - 7% do total). Do lado das importações, 90,5% do total dos produtos também são os classificados como indústria de transformação, tendo como principais os de fabricação de produtos quÃmicos básicos, fertilizantes e compostos nitrogenados, plásticos e borracha sintética em formas primárias - 16,6%, que são de maior valor agregado. Isso já não é algo muito bom.
Com esses três conceitos em mente – balança comercial, corrente comercial e composição dos produtos comercializados –, a avaliação da cara da nossa economia fica mais apurada, clara.
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