Embale Certo

Caminhos da embalagem na terceirização

Julho/Agosto 2021

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

O mercado de terceirização é um dos que mais crescem, e boa parte desse crescimento acontece pela grande quantidade de pequenas marcas que estão entrando no mercado e não querem construir fábrica. Cresce também porque as grandes marcas estão optando por terceirizar em vez de ampliar suas fábricas.

A verdade é que cada vez mais o holofote principal das
marcas está virando para marketing e vendas. A fabricação está ficando restrita a especialistas no assunto.

Nesse movimento, mais uma vez a embalagem, importante ferramenta de venda, está ficando em segundo plano, e alguns aspectos preocupam, a começar pelas pequenas marcas que buscam um terceirista mas não têm nenhuma experiência e conhecimento das embalagens e dos fornecedores. Muitos terceiristas não têm um departamento para desenvolver ou mesmo procurar embalagens para essas marcas. Esse é um dos pontos de atenção das marcas quando buscam um terceirista.

Por outo lado, existem terceiristas que, além de ter essa área destinada e dedicada a essa operação, ainda disponibilizam um show room de embalagens onde a marca pode ver, avaliar, saber quem é o fornecedor e ter uma ideia do custo de cada uma.

Mas um assunto que preocupa muito com relação às embalagens na terceirização é a responsabilidade pelo controle da qualidade, seja qual for o tipo de contrato entre as partes.

Um pequeno terceirista nem sempre tem um departamento de controle de qualidade de embalagens, até porque isso não faz parte das exigências legais da Anvisa, como é o caso das matérias-primas, então ele terceiriza. Pode também usar um sistema de qualidade assegurada com o fornecedor e não ter inspeção no recebimento.

É preciso abrir aqui um capítulo à parte para a definição de qualidade assegurada.

Para que isso aconteça, é mandatório ter passado por uma série de etapas anteriores, a começar por um plano de amostragem, definição/classificação dos tipos de defeitos e respectivos NQAs (níveis de qualidade aceitáveis) já implantados no terceirista. Soma-se a isso a necessidade de ter havido um histórico de sucesso, ou seja, sem reprovações de lotes anteriores.

Em resumo, a qualidade assegurada é um processo e não apenas uma atitude de não analisar no recebimento e dizer que já vem aprovado.

Outro tipo de problema bastante comum nos terceiristas com relação às embalagens são as exigências de cada cliente, principalmente considerando o aspecto dos defeitos visuais (atributos), pois do aspecto dimensional precisa-se obedecer ao desenho técnico aprovado e suas respectivas tolerâncias para cada tipo de inspeção. Muitos clientes não conhecem e não sabem como se faz o controle de qualidade e vêm com a exigência padrão: “minha embalagem tem que ter zero defeito!”. Quem trabalha com qualidade sabe que defeitos vão sempre existir e, por isso, eles são classificados como simples, maiores e críticos, e cada um tem o seu respectivo NQA. O grande problema é que, se cada cliente exigir um NQA para sua embalagem, o inspetor do terceirista ficará perdido.

O que o mercado pratica é que cada terceirista deve ter o seu plano de amostragem e sua classificação de defeitos e NQAs, padrão para todos os clientes.

Esse item (e com essas definições) tem que ser esclarecido pelo terceirista por ocasião das negociações e não pode ser esquecido no contrato entre as partes.

Convém sempre lembrar que, para cada um dos três tipos de contratos existentes entre cliente e terceirista, também existem diferentes responsabilidades com relação às embalagens.

No primeiro tipo de contrato, que é o full service, em que o terceirista compra todos os insumos, inclusive embalagens, normalmente a responsabilidade por controlar a qualidade das embalagens no recebimento fica por conta do terceirista. É óbvio que, como citei anteriormente, isso precisa ser acordado com o cliente, pois existem clientes que fazem esse tipo de contrato, mas têm conhecimento e condições de fazer a inspeção por sua conta, seja no fornecedor ou no recebimento do terceirista. De uma maneira ou de outra, toda inspeção tem que ter o respectivo e oficial laudo aprovando ou reprovando o lote.

No outro tipo de contrato em que o terceirista compra matérias-primas e o cliente fornece as embalagens, a responsabilidade pelo CQ normalmente é do cliente, a menos que seja acordado que essa responsabilidade também seja do terceirista.

No contrato de serviço em que o cliente fornece todos os insumos, o controle de qualidade das embalagens é feito pelo cliente.

Citei aqui o que o mercado pratica, mas é claro que, em função do perfil do terceirista e do cliente e do que foi combinado, a responsabilidade pelo CQ das embalagens pode mudar de lado.

A embalagem na terceirização é um dos assuntos que requerem especial atenção e clareza quanto à responsabilidade das partes. Não se esqueça disso na sua próxima negociação, seja você uma marca ou mesmo um terceirista.



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