Embale Certo

Problemas com as embalagens na fábrica

Maio/Junho 2021

Antonio Celso da Silva

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Antonio Celso da Silva

Normalmente, quando falo de embalagens aqui, procuro focar no dia a dia do chão de fábrica. A razão é bem simples: eu vivi na pele os problemas causados pelas embalagens nas linhas de produção.

Os problemas começam no desenvolvimento da embalagem, quando não se coloca nas reuniões um representante da produção. Muitas empresas alegam o sigilo do projeto para essa atitude, porém, um olhar de chão de fábrica, de quem está acostumado com os problemas da embalagem na linha de envase, com certeza evitaria problemas futuros.

A falta de um padrão físico prévio da nova embalagem nas mãos da produção também é um dos grandes problemas comuns no dia a dia da fábrica.

Obviamente, nas grandes empresas, esses problemas são menores, mas, quando trago o assunto, penso muito nas pequenas e médias empresas, que são as que mais sofrem com isso, por falta de mão-de-obra especializada ou mesmo pelo desconhecimento do assunto.

Como responsável por fábrica, já me deparei certa vez na linha de produção, por ocasião do envase de um lançamento, com um frasco em que o gargalo era literalmente na lateral, completamente fora dos padrões e sem equipamento para fazer o envase.

O resultado foi o atraso no lançamento até se adequar o equipamento de envase àquele tipo de frasco.

Esse é o típico problema que seria facilmente detectado se um representante da produção estivesse envolvido no projeto desde o início.

Outro problema frequente nessa interação fábrica/desenvolvimento são os berços com montagens complicadas. Alguns mais parecem um origami precisando de um manual, tamanho é o grau de dificuldade para montá-los. Pior que isso é a quantidade de mão-de-obra envolvida na operação, a baixa produtividade e o erro na montagem do custo, pela não consideração dessa mão-de-obra.

Ressalto aqui a importância e a necessidade do teste de compatibilidade entre a embalagem primária e o produto. Esse teste visa detectar futuros problemas tanto na embalagem quanto no próprio produto e deve ser iniciado assim que forem definidos a formulação e o material de composição da embalagem.

Às vezes, por falta da embalagem, a empresa não faz o teste e somente o inicia quando recebe o primeiro lote da produção, o que é um grande erro.

As análises visuais (atributos) e dimensionais devem ser feitas no recebimento e, se possível, ainda no fornecedor, de maneira que o lote chegue aprovado. Sou a favor dessa primeira inspeção ser feita no fornecedor, para já afi nar a linguagem, principalmente quanto aos aspectos visuais, considerando que os dimensionais são números e, se estiverem dentro da tolerância da especifi cação técnica, não haverá questionamentos.

As embalagens primárias que estiverem acondicionadas em caixas de papelão não devem ir para as salas de envase, de modo a obedecer às Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFC). Para tanto, é aconselhável que elas sejam acondicionadas em caixas plásticas devidamente limpas.

Também é aconselhável que o almoxarifado de embalagens atenda às ordens de produção com a quantidade solicitada e não enviando caixas fechadas, para que a produção use o necessário e faça a devolução do restante. Faço esse alerta porque vejo que isso acontece com frequência nas empresas. Facilita o trabalho de separação no almoxarifado, porém, complica o controle na produção e pode resultar em erros entre o estoque físico e o sistema.

Caso haja devolução de embalagens para o almoxarifado, é mandatório que elas sejam devidamente acondicionadas e que a caixa seja bem fechada e identificada quanto à quantidade que está sendo devolvida. Já vi boas brigas entre essas duas áreas: a produção reclamando que recebeu embalagens com poeira, resultado do mau fechamento da caixa, e o estoque alegando que as devolveu nas mesmas condições que recebeu.

É fundamental obedecer a quantidade máxima de empilhamento de caixas das embalagens no estoque, sob pena da produção receber embalagens danifi cadas, principalmente frascos amassados.

As embalagens não têm prazo de validade, porém, algumas famílias, como os rótulos e as etiquetas autoadesivas, requerem armazenamento apropriado no que diz respeito a temperatura e umidade. Problemas na colagem desses itens podem ser resultado do armazenamento inadequado.

Procurei abordar aqui alguns problemas rotineiros com o objetivo de alertar e ajudar.

Quem ainda não se deparou com algum desses problemas? Tenho certeza de que você, responsável por fábrica, já se viu envolvido em pelo menos um deles – ou talvez todos!





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