Boas Práticas

Risco da Qualidade

Maio/Junho 2021

Carlos Alberto Trevisan

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Carlos Alberto Trevisan

Alguns poderão considerar que o título da presente coluna é controverso, pois quando existe a Qualidade não existe risco Recentemente participei de forma remota, por razões óbvias, do Congresso Anual da ASQ – American Quality Society, quando me chamou a atenção uma apresentação sobre esse tema.

A abordagem foi: Qual seria a possível causa de a grande maioria dos gestores pouco se preocupar efetivamente com a realidade da Qualidade nas próprias empresas?

Uma das causas apontadas, pelo menos na visão desses responsáveis, seria que, como ocorrem poucas ou nenhuma reclamação por parte dos consumidores em relação à problemas com os produtos e, na maioria dos casos, essas demandas são resolvidas com a troca do produto, esse fato significaria que “o produto tem qualidade”. Poderíamos utilizar várias páginas desta revista para questionar e apresentar argumentos que contradizem completamente essa afirmação.

No dia a dia das empresas, muitas não conformidades acontecem obviamente por displicência com a Qualidade e não chegam ao conhecimento dos responsáveis pelas empresas por falta de interesse deles mesmos.

Deve-se ressaltar que muitas dessas não conformidades resultam em prejuízos financeiros relacionados ao seu reprocessamento, descarte, etc.

Muitos podem argumentar que, se forem observadas as orientações das Boas Práticas de Fabricação (BPF), a inexistência de risco será constante. Devemos lembrar que, como a Qualidade e as BPF, ferramentas da Qualidade, são de caráter preventivo, sua prática só é efetiva se houver a continuidade no exercício dos requisitos, sem que ocorra abertura para fazer alterações nos produtos que não signifi quem melhoria da Qualidade.

Uma das grandes difi culdades enfrentadas pelas empresas é a ausência de profi ssionais devidamente capacitados para trabalhar e cumprir com as BPF. Muitas vezes, não existe, por parte do responsável pela Qualidade, nenhum conhecimento efetivo e seguro sobre o assunto, havendo somente o tradicional controle de Qualidade exercido por uma pessoa limitada em relação aos conhecimentos do impacto que as BPF têm na Qualidade.

No meu trabalho de assessoria diário, constantemente sou surpreendido quando uma empresa divulga que tem Qualidade Total, entretanto não possui um processo sistematizado da Qualidade. Pior ainda é quando todas as atividades da Qualidade são executadas por um único funcionário, que compra, produz, vende e entrega.

Como sempre afirmo que a Qualidade é conceitual, quando esse conceito não é entendido e por consequência não existe sua prática efetiva, é impossível afi rmar que o risco não existe ou que é muito baixo.




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