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Todo produto cosmético, após ser fabricado, passa por análises fÃsico-quÃmica e microbiológica quando requerido. Uma primeira amostra representativa do lote vai para o laboratório quÃmico, que inicia as análises. Essa é uma rotina mandatória para a fabricação de um cosmético.
Com essa amostra, o técnico faz as chamadas análises fÃsico-quÃmicas e as organolépticas. Obviamente, cada produto tem a sua especifi cação técnica elaborada normalmente pela área de desenvolvimento de produtos, comprovada nos testes de estabilidade e enviada para a Anvisa para a devida regularização técnica, sem a qual o item não pode ser produzido, armazenado e comercializado.
Cor, odor e aparência são os parâmetros organolépticos. O pH, a viscosidade e a densidade são os principais parâmetros fÃsico-quÃmicos.
O primeiro teste que se faz num shampoo é o de pH, pois o acerto de pH pode interferir na viscosidade do produto para mais ou para menos. Por isso, primeiro corrige-se o pH de acordo com a especificação e, depois, a viscosidade.
No caso de um produto hidroalcoólico, como uma colônia, em que a fórmula é composta basicamente de álcool, água e essência, o primeiro e principal teste que se faz é a densidade do produto.
Mas por que densidade? Qual a importância desse teste numa colônia? E por que fazê-lo primeiro?
Para responder a essas perguntas e também entender a importância da densidade na relação produto-embalagem, vejamos:
Densidade é a relação entre massa/peso e volume. A fórmula usada para se conhecer a densidade de um produto é: D (densidade) = M (massa) sobre V (volume). O aparelho usado para medir a densidade é o densÃmetro ou picnômetro, que pode ser de vidro, no caso de produtos lÃquidos, ou de metal, no caso de produtos pastosos. Existem também os densÃmetros digitais automáticos que agilizam a análise.
Basicamente, o que o analista faz é colocar o produto dentro do densÃmetro, que tem tara e volume conhecidos. Após pesá-lo, desconta-se a tara e aplica-se a fórmula da densidade, ou seja, o analista tem a massa conhecida obtida na pesagem e o volume conhecido e fixo do picnômetro. Ao aplicar a fórmula, obtém-se a densidade.
Resumidamente, a densidade padrão considerada em laboratório é a da água a 25°C, que tem densidade de 1 g/ml, ou seja, 1 grama equivale exatamente a 1 ml.
Assim, a água tem densidade 1,0000, o álcool ou um óleo tem densidade menor que 1,0000. No caso da colônia, a fórmula do produto já tem uma densidade especifi cada. Dessa forma, se o manipulador errou e colocou álcool (que é mais leve) a mais, vai resultar numa densidade menor que a faixa especificada. Se ele errou e colocou água a mais, a densidade vai ser maior que a faixa.
E o que isso tem a ver com a embalagem???
Primeiro, vamos entender que, normalmente, a faixa de densidade de um shampoo, condicionador, creme ou loção varia de 0,9800 a 1,0000. Veja que a variação é de 0,02 e não pode ser maior que isso. Vamos entender com a sequência das explicações.
Também é muito importante salientar que a preocupação com a densidade na relação produto-embalagem só vale quando o conteúdo é declarado em gramas. Se for declarado em ml, não existe essa preocupação com a embalagem, a não ser no caso de um shampoo aerado, em que se envasa o declarado na embalagem, depois o ar sobe, as bolhas se quebram, e o volume aparente baixa.
O que pode acontecer num creme com densidade abaixo da faixa? Não vai caber no pote, pois vai ter um volume maior com peso menor, segundo a regra da fórmula da densidade.
Quando um fornecedor especifi ca o peso ou volume de um pote vazio com 50 g/ml, ele está considerando um produto com densidade 1,0000.
Vamos entender. Considerando um pote com capacidade de 50 g/ml, se a densidade do produto for 1,0000, 50 g vai ser exatamente 50 ml e, portanto, dentro da capacidade do frasco. Se a densidade do produto sair no mÃnimo da faixa (0,9800), teremos um volume de 51 ml, já dentro do limite OF (over flow).
Imagina se o laboratório de P&D especificar a densidade entre 0,9000 e 1,0000. Com a densidade no mÃnimo, teremos um volume de produto de 55,5 g, ou seja, não cabe no frasco.
1 - Cuidado com a faixa ampliada de densidade. Pode ser bom para o controle liberar, mas péssimo para atender a capacidade do pote;
2 - Conheça antecipadamente a capacidade BG (base do gargalo) e OF (over flow) do pote. Você pode estar comprando o pote errado em função da faixa de densidade do seu produto. Normalmente, quando a densidade do produto é menor que a faixa, é porque foi incorporado ar no processo de fabricação. E, no caso de um creme que é viscoso, esse ar não sai, e a densidade não sobe.
Para finalizar, vale alertar que essa relação produto/densidade/ embalagem não tem nada a ver com o nome de algumas resinas, como PEAD (polietileno de alta densidade) ou PEBD (polietileno de baixa densidade), e que densidade não tem nada ver com viscosidade.
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