Embale Certo

Embalagens: pode trazer da China

Setembro/Outubro 2020

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

A pandemia virou esse nosso mercado cosmético de cabeça para baixo, mas uma coisa é inegável: está valendo para comprovar aquela máxima que diz “em tempos de crise, só os fortes sobrevivem”. Mas quem são esses fortes? As grandes empresas? Aqueles que tinham um fôlego financeiro? Nem uma coisa nem outra. Uma grande empresa não sobrevive à crise só por ser grande. O fôlego financeiro um dia acaba, principalmente levando-se em conta que aquilo que começou efetivamente em março e que na nossa cabeça não passaria de junho ou julho, sob pena de “matar” muitas empresas, já está atravessando setembro, e a única luz no fim do túnel, até então, chama-se vacina.

Mas então quem são essas empresas ditas fortes para sobreviverem às crises? Pode parecer clichê, mas são aquelas que se reinventam na crise, que, em vez de se lamentarem, enxergam oportunidades, expulsam as emoções e se concentram na razão.

Digo isso com conhecimento de causa, pois, enquanto muitas empresas estão “batendo lata” esperando a solução cair do céu, outras estão nadando de braçada, com suas carteiras de pedidos recheadas, e a única preocupação é o que fazer para não deixar faltar produtos, as chamadas rupturas, em função do aumento de vendas.

Posso citar um exemplo que aconteceu nessa pandemia com o sumiço das válvulas, principal componente da embalagem do álcool gel. Enquanto a maioria das empresas se descabelava buscando quem tinha essa embalagem, dispostas a pagar até o dobro do valor normal, outras poucas empresas saíram na frente, substituindo a válvula por tampa flip-top, disc-top e até tampa cega. Outras, mais ousadas, foram em busca de sachet, pouch e outras saídas.

Interessante que o resultado dessa situação foi que as empresas que só trabalham com a emoção e não têm tempo para a razão, já tinham a frase pronta: “mas isso pode?!”.

Essa pandemia serviu para mostrar como nosso mercado interno de embalagens é vulnerável. Bastou aumentarem as vendas das válvulas para elas sumirem do mercado. Ninguém tinha, ou melhor, ninguém tem.

Fico aqui pensando… Não faz muito tempo que só tínhamos no Brasil um único fabricante de válvulas, que ficava no Rio de Janeiro. Válvula era só para colônia importada ou para tops nacionais que podiam importar esse componente. O resultado disso era o uso generalizado de tampas cegas nas colônias.

Para resolver ou minimizar o problema, algumas empresas começaram a importar os componentes e montar as válvulas no Brasil. Porém, como todos sabem, em uma válvula vão mais de dez componentes, e não raras vezes essas empresas não tinham todos eles e, portanto, não conseguiam montar a válvula.

Se comparado com esse passado, hoje temos muito mais opções de fornecimento, mas, mesmo assim, elas não supriram o aumento da demanda.

Sem falar da principal matéria-prima do álcool gel, que é o Carbopol (marca da Lubrizol). Por ser importado, virou raridade, e quem não tinha estoque ou programação de entrega teve que entrar numa fila de meses para receber essa matéria-prima.

Como disse, a pandemia está fazendo as empresas se reinventarem para sobreviver e, com isso, evidenciou oportunidades. Uma dessas oportunidades se mostra no número de empresas que nasceram propondo trazer embalagens do mercado internacional, as chamadas tradings. O que antes era proibitivo para pequenas empresas, em função da quantidade e também da preocupação com a qualidade, hoje já é outra realidade.

Se a empresa busca qualidade e preço, tem. Mas se busca somente preço para vender na “feirinha da madrugada”, também tem.

Quando falamos de embalagem, é inegável que o mercado asiático, mais precisamente a China, está anos-luz na nossa frente em diversidade de itens, qualidade e preço.

Então, por onde começar para trazer boas embalagens da China? Se você não consegue ou não pode fazer isso internamente, o primeiro passo é encontrar uma boa trading, aquelas que conhecem bem o mercado chinês, que trabalham com embalagens para cosméticos e, principalmente, que tenha no seu quadro de colaboradores alguém que fale mandarim, pois muitos lá não falam inglês e isso dificulta o entendimento e a negociação.

O segundo passo é saber o que a empresa quer importar, ter amostra ou uma foto. Cuidado com a frase pronta: “me mostra o que eles têm lá e quanto custa”. Isso vai difi cultar a vida da trading e atrasar o processo, pois são infi nitas as ofertas de embalagens nas centenas, talvez milhares de fábricas exclusivamente de embalagens, e tem preço para todo gosto e bolso.

O último passo é alinhar a operação e colocar o pedido. Essa semana eu conheci uma trading que se especializou nesse mercado e montou uma base naquele país, o que de certa forma é um diferencial competitivo.

Vamos priorizar o nosso mercado, mas se não tem o que queremos na quantidade, qualidade e preço... bora trazer da China!





Outros Colunistas:

Deixe seu comentário

código captcha

Seja o Primeiro a comentar

Novos Produtos