Embale Certo

O processo criativo e as embalagens

Julho/Agosto 2020

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Sempre costumo escrever nesta coluna sobre temas técnicos e objetivos, mas, desta vez, vamos misturar o subjetivo também e mostrar que as embalagens e seus processos produtivos afetam diretamente o processo criativo e as inspirações dos designers, profi ssionais do marketing e de desenvolvimento de produtos.

Aqui vamos dar ênfase às decorações e aos acabamentos e comprovar porque eles são tão importantes e porque quem for mais criativo com certeza sairá na frente e se destacará perante a concorrência no ponto de venda.

Vamos apenas recordar o que já citei em outras ocasiões: no Brasil, o investimento em embalagens injetadas (estojos principalmente) é muito pequeno, dificultando que as empresas tenham embalagens diferenciadas e exclusivas. A importação nem sempre é a melhor saída, por questões de preço (US$), prazo (mínimo de 120 dias) e, em certos casos, também a quantidade.

Então, como fazer o nosso produto se destacar utilizando embalagens standard? Começamos negociando com o fornecedor uma cor exclusiva, desde que a quantidade mensal justifi que a compra de um máster, o que nunca é inferior a 10 mil peças.

Uma cor diferente, de preferência exclusiva, já vai entregando uma personalidade à marca. Mas, além da cor, busca-se também um layout diferente e impactante. Nesse momento, nos deparamos com as “viagens” do processo criativo e as limitações da nossa indústria. O que podemos fazer num estojo? Colocar o logo da marca com um relevo, hot stamping, tampografia ou serigrafia.

O relevo deixa o molde exclusivo ou ainda se tem a possibilidade de fazer um postiço para o molde original. É um detalhe que chama a atenção.

A tampografi a, sistema que utiliza um sairel (derivado da marca Cyrel da Dupont) de borracha, é ideal para superfícies não planas, frascos redondos, gravação 360 graus.

Já a serigrafia, processo que utiliza telas, se adequa melhor às gravações de apenas um lado, ou, então, se faz necessário gravar frente e verso. A serigrafia é melhor quando se utilizam uma ou duas cores, no máximo.

Ainda temos a possibilidade dos rótulos, que, embora não configurem um acabamento impresso na embalagem, proporcionam infinitas variações. Num rótulo, podemos utilizar fontes de texto pequenas e com espessuras variáveis sem a preocupação de que vá entupir ou falhar. Nos rótulos também podemos abusar das cores e de efeitos, tais como hot stamping, cold stamping, cores especiais e laminação (para termos um efeito de hot stamping no rótulo inteiro com menor custo).

Outra tecnologia, ainda cara, mas que deixa o produto extremamente bonito, é o heat transfer, decoração que incorpora uma imagem na embalagem, geralmente feita ao redor ou sobre as tampas.

Mas, nas embalagens de cartão, é que a imaginação flui. As gráficas estão oferecendo uma infinidade de recursos e apostando em profissionais mais qualificados para assessorar as ideias mirabolantes dos clientes.

Vale tudo nos cartuchos e luvas para que o produto fi que lindo e destaque-se. Há pouco tempo, desenvolvemos embalagens que juntavam de uma forma bem compacta vários recursos gráficos. Conseguimos colocar cartão metalizado, com relevo, reservas de espaços com fundo branco para impressão de textos, quadricromia e cor especial. Ainda complementando o conjunto, aplicação de BOPP. Em outro caso, cartão metalizado com relevo, aplicação de hot stamping holográfico sobre relevo e acabamento com BOPP fosco.

A metalização com acabamento fosco, a impressão sobre o metalizado, com e sem suporte branco, a utilização do cartão holográfico, a aplicação de verniz UV localizado, enfim, combinações de recursos que dão efeitos muito interessantes e valorizam os produtos.

Mas é importante tomar certos cuidados: algumas combinações são incompatíveis, como acabamento UV sobre cartão holográfico.

Uma opção de embalagem que vem conquistando o mercado são as paletas de compactados cartonadas. Já temos algumas gráficas nacionais praticamente no mesmo patamar das paletas importadas. Porém, por ser um processo com várias etapas manuais, ainda não é muito acessível, apesar de já estar se popularizando.

Com a grande avalanche de celebridades, principalmente blogueiras, youtubers etc. desenvolvendo suas marcas próprias, percebemos que, como não conhecem os processos técnicos, solicitam decorações bem inusitadas, que o pessoal da criação tem que entender, pesquisar, conciliar, fazer e apresentar o melhor resultado. Dessa forma, também nascem coisas novas, com as quais os próprios fornecedores se surpreendem. Mas é muito bom ter gente nova com novas ideias, criando alternativas.



Outros Colunistas:

Deixe seu comentário

código captcha

Seja o Primeiro a comentar

Novos Produtos