Embale Certo

Embalagens: o que a crise nos ensinou

Maio/Junho 2020

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Não dá para falar de embalagem sem mencionar o momento que estamos vivendo.

Como todos sabem, é na crise que a gente tem que se reinventar e se superar, mesmo com dificuldades de toda ordem.

A história nos conta que os grandes eventos nasceram na difi culdade, as soluções mágicas de problemas surgiram quando as pessoas perceberam oportunidades de mudar e não mais conviver com aquele problema. Muitas das grandes empresas de hoje deram a volta por cima quando buscavam oportunidades para sobreviver na crise e se tornaram referência.

Mas o que isso tem a ver com as embalagens? Se a gente pensar “dentro da caixa”, realmente não tem nada a ver. E continuaremos a lamentar a crise.

Pensando “fora da caixa”, podemos perceber que, nesse nosso mercado cosmético, temos os mais diversos canais de vendas, sendo que o canal varejo e também o canal franquia foram os mais afetados, por não poderem abrir suas portas e amargarem enormes prejuízos, chegando muitos deles a ter que fechar definitivamente. Por outro lado, o canal porta a porta ou venda direta e, principalmente, o e-commerce foram os que menos sentiram a crise.

Nessa crise, alguns hábitos vieram realmente para fi car. Um deles foi a compra via internet, descoberta por um grande número de pessoas que antes tinham receio de fazer compras nesse canal, por medo de golpes, mas muito mais por desconhecer as ferramentas e/ou pela falta de habilidade para usá-las. Com isso e por isso, o e-commerce, além de não sofrer tanto com a crise, apresentou enorme crescimento. É óbvio que, com o menor poder de compra em função da perda de empregos e da redução de salários, esse crescimento poderia ter sido ainda maior, mas esse foi um problema que também afetou os demais setores.

Se a venda eletrônica cresceu e isso será cada vez mais um hábito dos consumidores, é hora de direcionar os holofotes para os produtos desse canal. Mais do que isso: é hora de olhar para a necessidade de adequação e melhoria dessas embalagens para atender esse canal. E quais são as oportunidades? É preciso pensar em embalagens mais resistentes ao transporte, principalmente nos baús das motocicletas. Os berços que protegem a perfumaria dentro dos cartuchos vão ser quase que obrigatórios para proteger os frascos de vidro.

Em resumo, não se pode mais pensar que, para melhor proteger as embalagens no transporte, vamos ter que continuar usando bolinhas de isopor, papel picado, plástico bolha ou qualquer outra coisa. A função de proteger o produto passa a ser uma das mais importantes dentre as demais funções de uma embalagem.

Outra coisa que percebemos é que, fi cando em casa e com mais tempo para passear pela internet, as pessoas perceberam que podem buscar nesse canal respostas que antes elas só conseguiam ligando para o SAC das empresas. Perceberam também que podem saber mais do produto sem tê-lo na mão. Por outro lado, tornaram-se mais críticas e querem mais. Disparam na frente, então, as empresas que colocarem nas suas embalagens a já conhecida realidade aumentada, que mostra mais do que a simples rotulagem do produto pode mostrar. Com isso, passa a ser quase que obrigatório usar esse recurso nas embalagens, pois ele vai realmente fazer a diferença e ter a preferência do consumidor.

Outro recurso que as embalagens precisarão ter - não para se diferenciarem, mas para estarem atualizadas - será o QR code, já usado por muitas empresas. Virou moda apontar a câmera do celular para a TV e ser direcionado para o site da empresa ou para alguma página específica que nos encante e facilite uma compra. Esse recurso, então, vai precisar estar nas embalagens dos produtos com a mesma finalidade.

Outra coisa que aprendemos nessa crise foi realmente ter que criar, buscar novas soluções para problemas que antes não nos incomodavam. Estou falando do ator principal desse drama, que foi o álcool gel. Bastou aumentar o consumo e sumiram as válvulas e os frascos, sem citar o sumiço total da matéria-prima mais importante, que é o polímero Carbopol. Nunca se buscou e se achou tanta alternativa para essa matéria-prima. Da mesma forma, para produzir álcool gel era obrigatório o uso de válvula. Quantas empresas deixaram de atender seus pedidos por falta desse item? No entanto, vejam no mercado hoje quantas opções foram criadas, desde as tampas flip-top até as impensáveis tampas cegas.

Para os criadores e designers de plantão, vale aprender com essa crise que a embalagem tem a sua importância, mas na hora da necessidade o consumidor quer mesmo é usar o produto. Cabe então aqui pensar fora da caixinha e buscar alternativas que possam unir o útil ao agradável, ou seja, a beleza, a praticidade e a simplicidade da embalagem com necessidade de uso do produto.



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