Embale Certo

Embalagem refil, esqueceram de mim!

Janeiro/Fevereiro 2020

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Chegou 2020! Com ele, os bons ventos trazendo um forte e agradável cheiro de crescimento desse nosso mercado. Comecei no mercado cosmético em 1978 - está certo que no berçário da Avon, mas nunca vi tamanha euforia num início de ano. Na verdade, não é só euforia. São fatos que comprovam um excelente início de ano para toda a cadeia.

Fornecedores de molde com muitos projetos e pedidos, casas de fragrância (que acho um bom indicador de crescimento) trabalhando os inúmeros briefings recebidos… E as matérias-primas commodities ainda não estão faltando, mas as especialidades - notadamente os princípios ativos - vão ser o grande problema já nesse primeiro trimestre, por serem na sua maioria tributados e com longo prazo de entrega. Vemos também terceiristas com suas carteiras de pedidos recheadas e, por fim, empresas de produto acabado já deixando de atender pedidos por falta de produto como consequência da falta de embalagem. As reclamações já são grandes pelo aumento do prazo de entrega de papelão e bisnagas.

Está realmente começando um caos maravilhoso, considerando que estamos bem no início do ano, quando normalmente as fábricas deveriam estar com sua produção em níveis baixos.

Sabemos que boa parte das embalagens são importadas da China e, para completar esse bom caos, muitas fábricas por lá estão paradas por causa do coronavírus. Já tem empresa aqui no Brasil sem produto porque não recebeu as embalagens chinesas. Maquiagem mais uma vez fez a diferença no faturamento das empresas, mas quem traz embalagens da China - talvez a maioria das empresas de maquiagem - vai sofrer um pouco mais do que quem compra suas embalagens no mercado brasileiro.

Com tudo isso, surge uma grande oportunidade, então, para as fábricas brasileiras de embalagens se reinventarem, “tirarem leite de pedra” na produção e aproveitarem essa avalanche para de fato “tirar o pé da lama” depois de tanto sofrimento com ano após ano de crise. Com isso, esse vai ser um ano difícil, pois com certeza vai faltar, ou melhor, já está faltando embalagens por conta do aumento da demanda.

Veio-me à cabeça uma saída que anda esquecida pelas marcas aqui no Brasil. Estou falando da embalagem refil. Por que será que poucas marcas exploram esse recurso? Confesso que de verdade não sei qual a razão, pois só vejo pontos positivos nesse tipo de embalagem.

Não costumo citar nome de empresas nas minhas colunas, mas vou aqui elogiar uma empresa que explora essa embalagem desde a década de 1980, quando eu lá trabalhei (talvez até tenha começado com refil na década de 1970). Essa empresa é a Natura. Shampoos e desodorantes naquele tempo já tinham a sua versão em refil.

Mas, voltando à questão, por que não usar refil? Como disse, só vejo vantagens. Está certo que eu sou apenas químico, sem conhecimento para responder isso.

Surfando na onda do aumento da demanda, nesse crescimento do mercado brasileiro, por que não colocar no seu portifólio o refil? Talvez um dos receios seja o refil canibalizar a venda do produto original, mas, considerando essa expectativa de falta de embalagem, o refil é uma embalagem mais simples, mais fácil de produzir e com menos componentes.

Sei que em maquiagem não é tão fácil ter a versão refil, principalmente nos batons em bala, mas nos compactados, demaquilantes e bases, isso é possível.

Nos demais produtos, tais como shampoos, loções, hidratantes corporais e óleos de banho, isso também é possível. Até mesmo os cremes, pois os potes têm a possibilidade de usar um inserto. O maior uso de refil hoje está nos sabonetes líquidos.

Em tempos de sustentabilidade, logística reversa e política nacional de resíduos sólidos, o uso do refil vem ao encontro dessas exigências, além de ser um belo apelo de marketing para as empresas que o adotarem. É óbvio que as empresas não têm refis disponíveis para já sair usando (exceto as que já o utilizam). É preciso fazer o molde específico para o refil a ser usado. O lado bom é que um molde de sopro pode ser feito em um prazo de 30 a 45 dias, e o preço não é um absurdo. Sei também que muitas empresas, principalmente as grandes, precisam ter aprovação da matriz, deveriam ter considerado isso no budget de 2020 etc. Nesse aspecto, saem na frente as pequenas e médias empresas nacionais que agilizam essas decisões e já mandam fazer esses novos moldes.

Quero com essa matéria acender uma luz amarela, talvez até vermelha, na cabeça dos comandantes das empresas e dizer que, o mercado está aquecido e as vendas vão crescer, mas a briga vai continuar sendo grande, assim como o tamanho das rupturas, por falta de embalagens.

Hora de sair da zona de conforto e ir à luta, buscar alternativas para, no final do ano, ser contemplado com um crescimento de dois dígitos.

Acabou a crise, mas a luta continua!



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