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Foi dada a largada: mais um ano!

Janeiro/Fevereiro 2020

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

Mais uma página da história para se escrever. E que página! Um ano que começa com ameaça de vírus com probabilidade de contágio mundial, desmatamento sem freios na Amazônia, fogo descontrolado na Austrália, reunião do WEF mais nervosa do que o habitual, nada de novo na relação entre os países do BRICS e uma crise política que se arranjou no Brasil e não dá sinais de que vai embora tão cedo - ingredientes suficientes para complicar a vida de quem tem que fazer a diferença no ano que começa. Não deve ser um ano fácil.

Mesmo com os claros sinais descritos anteriormente, o futuro ainda será escrito. Portanto, vale a pena dar uma olhada no passado para ver aonde estamos indo.

Olhando o percentual de crescimento da economia mundial ao longo dos anos, vemos que uma década de grande crescimento mundial e local ficou para trás, na memória. Durante a década de 1970, o país havia crescido muito acima do PIB mundial (média de crescimento do Brasil para o período: 8,5% contra um crescimento mundial de 3,8%). Apenas a título de exemplificação, em 1973 o país havia crescido 7,5% a mais que o mundo (PIB brasileiro 14% - quem diria, um crescimento anual de dois dígitos percentuais).

Já a década seguinte foi bem diferente, o inverso do que havia acontecido. Crescíamos menos que o mundo, com exceção do triênio dos anos 1984/1986 (inclusos), quando a diferença superior ao PIB mundial ocorreu no ano de 1986, com 4,6% a mais que o PIB mundial, mas mesmo assim bem diferente do que havia ocorrido em 1973.

Daí por diante, raramente tivemos um crescimento maior do que o PIB mundial. Até PIB negativo tivemos. Mesmo nos períodos de crescimento superior ao mundial não tivemos uma diferença maior do que 3%. Em 2018, o PIB nacional foi de 1,1% contra 3% do mundial.

A tendência de crescimento mundial nos últimos 29 anos de análise do Banco Mundial é de diminuição, e o Brasil começou a apresentar uma tendência de desaceleração menor do que a tendência mundial a partir de 2000.

Os elementos históricos que pontuaram o período de 1960 até hoje - como a crise do petróleo da década de 1970, várias guerras no Oriente Médio, a queda do muro de Berlim, o ataque de 11 de setembro de 2001, a bolha imobiliária de 2008 e dois impeachment na história recente do país - puderam nos dar uma ideia do que esperar para o ano que desperta, pois, de uma forma ou outra, estes tipos de elementos ainda ocorrem atualmente.

Se considerarmos que todos os elementos ocorridos no passado e que, ainda, ocorrem até mesmo com uma velocidade de impacto maior que a anterior, graças à globalização dos mercados, somados a 4RI que vai ceifando no mercado de trabalho uma boa parte da mão de obra ativa, jovem, estudada e que insiste em viver mais do que as gerações anteriores, e uma enorme massa de pessoas que vêm enfrentando cada vez mais dificuldades para ascender socialmente em um país cada vez mais desigual na distribuição de renda, faz-nos crer que a década 2011/2020 não será uma década economicamente melhor do que a anterior. Apenas a título de curiosidade, para que a década 2011/2020, o PIB tivesse o mesmo percentual médio da década anterior (isto é, 3,1%), o ano de 2020 teria que ter PIB de 30%. Em outras palavras: missão impossível.

A década pode estar perdida, mas não o ano. Um bom ano é sempre melhor que a repetição de anos com desempenhos ruins. Ele pode ser um ano decisivo numa virada para um novo ciclo de seguidos bons anos, como aconteceu em alguns triênios anteriores. No entanto, para um crescimento contínuo e sustentável, muitas lições de casa ainda terão que ser feitas - lições estas que esperamos que a OCDE possa nos ajudar a pôr em prática, para a obtenção de bons resultados na década de 2021/2030.



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