Temas Dermatológicos

Queda de cabelo chamada eflúvio telógeno

Setembro/Outubro 2019

Denise Steiner

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Denise Steiner

Chamamos de eflúvio telógeno (ET) a queda exagerada de cabelos que dura de dois a quatro meses após um estímulo e que faz com que ocorra um desequilíbrio no ciclo folicular, no qual os pelos, na fase anágena (fase de crescimento), passam precocemente às fases catágena (de transição) e telógena (de repouso e queda). Pode haver a queda de mais de 600 fios por dia.

As causas do eflúvio telógeno podem ser as seguintes: pós-parto, contraceptivos orais, febre, dietas de emagrecimento, deficiência de ferro, deficiência de zinco, estados tensionais prolongados, doenças sistêmicas e dermatite de contato no couro cabeludo.

Cerca de 30% dos pacientes com ET apresentam dor no couro cabeludo. Um paciente pode chegar a apresentar queda de até 60% dos fios de cabelo. Os pelos são facilmente destacáveis, sendo a queda exagerada a queixa principal. Em fases iniciais, o teste de tração suave é positivo. A análise dos cabelos eliminados espontaneamente mostra queda muito aumentada, e a microscopia dos fios exibe cabelos na fase telógena e alguns fios com alongamento de saco epitelial, característico de telógeno recém-formado. O tricograma indica grande quantidade de cabelos na fase telógena. Após algum tempo, quando o paciente já se encontra em fase de resolução, o teste de tração suave torna-se negativo, e a análise dos cabelos eliminados espontaneamente mostra uma queda normal.

Diversas alterações do organismo que provoquem estresse, febre e debilidade do estado de saúde geral podem promover queda de cabelos alguns meses após o período do problema enfrentado. Esse tipo de perda dos fios, chamado de eflúvio telógeno, ocorre devido à mudança precoce do fio da fase de crescimento para a de repouso. Um exemplo: suponhamos que um indivíduo teve uma pneumonia que causou febre, mal-estar e tosse. Nessa situação, o corpo precisa de energia para reforçar a imunidade e defender o organismo como um todo. Assim, há uma “mensagem interna” para que o cabelo diminua o gasto de energia com a divisão celular da fase de crescimento (anágena) e entre imediatamente na fase de repouso (telógena). Considerando o tempo médio de duração de cada fase, cerca de dois a quatro meses depois da pneumonia regredir, a pessoa poderá ter uma queda de cabelo significativa e maior do que está acostumada, pois os fios que entraram antes na fase de repouso irão cair quase todos precocemente. Sem a lembrança de que teve a pneumonia alguns meses atrás, a pessoa poderá deixar passar em branco a verdadeira causa desse sintoma.

De modo geral, tudo o que gera estresse orgânico, ou seja, alteração no funcionamento normal do organismo, pode desencadear o sofrimento do folículo piloso e acelerar a passagem da fase de crescimento capilar para a fase de repouso. As principais alterações no organismo envolvidas com a queda de cabelo são:

- Alimentação inadequada, pobre em proteínas, vitaminas e minerais (principalmente dietas extremamente restritas que envolvem perda abrupta e intensa de peso) ou anemia;

- Alterações hormonais (endógenas ou exógenas) relacionadas ao uso de anticoncepcionais, períodos de pós-parto ou pós-menopausa ou, ainda, provocadas por estresse emocional;

- Doenças metabólicas, inflamatórias e infecciosas, febre, neoplasias (câncer);

- Medicamentos (antidepressivos, emagrecedores etc.).

- Na dermatoscopia, destaca-se: diminuição da densidade capilar, grande quantidade de acrotríquios vazios.

- Na histopatologia: número total de folículos pilosos normal, mais de 25% de folículos em fase telógena, relação de folículos terminais e velos com distribuição normal tanto em cortes superficiais quanto em cortes profundos. No ET crônico, as alterações são discretas. Apenas em fases tardias pode haver aumento discreto do número de pelos do tipo velos.

O tratamento consiste em:

- Medicamentos eletivos para as causas citadas quando presentes;

- Esclarecer que a perda de até 100 fios por dia é normal;

- Pode ser útil uma dieta rica em proteínas, minerais e vitaminas;

- Procurar ajudar no estado do controle emocional;

- Esclarecer que a melhora do quadro pode demorar alguns meses e que a percepção da recuperação também pode ser demorada, pois os fios crescem em média 1 cm ao mês e, em especial nas pessoas com cabelos compridos, a recuperação estética pode levar mais de um ou dois anos para acontecer.

De qualquer forma, após afastada a causa, o procedimento se normaliza cerca de dois a três meses depois e ocorre uma recuperação total dos cabelos.



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