Embale Certo

Problemas que reprovam um lote no recebimento

Julho/Agosto 2019

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Quando falamos de embalagem, vêm logo à cabeça aquelas frases prontas dizendo que a embalagem vende o produto, a embalagem custa mais caro que o produto... Falando das dificuldades com as embalagens de maquiagem, da invasão das asiáticas, da importância do design... Enfim, parece que não existem outras preocupações com a embalagem.

Chamo a atenção para o que fica sempre esquecido ou, na melhor das hipóteses, em um segundo plano. Estou falando do controle da qualidade dessas embalagens e hoje quero dar foco aqui nos problemas que são motivos de reprovação e onde normalmente esses problemas se encontram, quando se recebe um lote na fábrica.

Antes quero lembrar que, com o crescente número de terceiristas, consequência do aumento de marcas que passam a terceirizar a fabricação de seus produtos mesmo tendo fábrica, cada vez mais quem vai receber e analisar esses lotes são os terceiristas, principalmente considerando que o contrato full service, em que o terceirista fornece todos os insumos, é o tipo de contrato mais usado pelas empresas.

Alerto também os fornecedores de embalagem para a necessidade de começar a visitar mais os terceiristas e não apenas as fábricas das marcas.

Para chegar aos problemas que podem resultar na reprovação de um lote no recebimento, vamos falar de cada família e não temos aqui a intenção de fazer uma varredura e citar todos eles, até porque são muitos, mas citar os mais comuns vividos no meu dia a dia de chão de fábrica.

Falando primeiro da grande e maior família usada nas embalagens dos cosméticos, que são os plásticos, podemos iniciar pela parte de cima:

Tampas - as tampas se dividem basicamente em tampa cega, flip-top e disc-top. Existem outros tipos, porém, são menos usados. Na flip-top, o problema pode estar exatamente no flip, que não resiste a várias aberturas e fechamentos, principalmente se o material usado na fabricação dessa tampa não for virgem. Na disc-top, o grande problema é o vazamento se o disco não for perfeitamente ajustado na tampa. Na tampa cega, também o problema maior é a vedação se a rosca não estiver perfeita e o disco de polexam, normalmente usado para vedar, não vier ou tiver soltado.

Bisnaga - o problema aqui está na selagem, que, se não for perfeita, pode ocasionar vazamento. O espaço para selagem não pode ter camada de verniz, porque pode impedir que a bisnaga seja selada.

Frasco soprado - um dos grandes problemas são os “caminhos de rato” na parte interna do gargalo, o que pode ocasionar vazamento. Isso não acontece quando o frasco é de PET, já que o gargalo é injetado na pré-forma. Outros problemas com esse frasco são: má distribuição de matéria-prima nas paredes, principalmente nos pontos críticos; sujeiras impregnadas nos bicos da extrusora, que durante o processo de sopro passam para o frasco; peso maior ou menor; má formação do gargalo; acoplamento tampa/frasco; e falhas na decoração ou soltando a decoração quando o frasco não foi pré-flambado, dentre outros problemas.

Plásticos injetados - rebarbas, ponto de injeção saliente, cor diferente, trava de fechamento nos estojos, pino da dobradiça quando houver, espelho soltando, mecanismo dos batons, escovinha que se solta nas tampas de rímel, batom líquido e gloss labial.

Cascaseal - o grande problema sempre mora no acoplamento perfeito na boca do pote.

Cartucho - direção de fibra, que tem que estar perpendicular aos vincos, sob pena de ficar “abaulado”, gramatura, falhas no texto, diferença de cor, abrindo na colagem, travas das abas, mal vincado, verniz etc.

Rótulos - o problema maior está no corte do liner, que causa um grande transtorno, e paradas de máquina na hora da rotulagem. Cola, “esqueleto” não retirado, verniz, quantidade a mais ou a menos por rolo e falha de gravação são ou tros problemas que podem ser encontrados.

Válvulas – seja dosadora, spray ou pump, a atenção maior tem que estar no perfeito funcionamento. Tamanho e corte adequados do pescante, botão acionador que se solta, falha na vedação e entupimento do orifício da pastilha são outros problemas que podem aparecer.

Vidros - nos frascos foscados, atenção para resíduos de ácido fluorídrico (usado para foscar). Raramente isso ocorre, pelos cuidados que as empresas têm na foscação por ataque químico, mas é importante ficar atento, pois é um defeito crítico. Bolhas, trincas, defeitos de formação e microfuros também devem ser alvo de atenção.

Obviamente é impossível aqui colocar todos os defeitos que podem aparecer em uma embalagem quando da sua avaliação no recebimento, mas a intenção foi alertar para aqueles que passam despercebidos e alguns outros problemas corriqueiros nos diversos tipos de embalagem.

Pela complexidade, esse assunto pode ser melhor discutido ou até detalhado em um curso in company com esse colunista.



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