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A quantas anda a educação no país?

Julho/Agosto 2019

Carlos Alberto Pacheco

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Carlos Alberto Pacheco

Não há dúvida de que o nível educacional é um dos motores da economia de qualquer Estado moderno. Pela educação, as condições de saúde populacionais avançam, além de o Estado estar mais pronto para gerar e receber inovações tecnológicas e, por consequência, acompanhar as ondas tecnológicas que inundam o presente e o futuro próximo.

Recentemente, o IBGE nos brindou com um estudo muito interessante, que radiografou os principais indicadores educacionais do país entre o período de 2016/2018, e, para nossa surpresa, os resultados numéricos foram positivos em sua grande maioria.

Começando pelo direito constitucional fundamental de acesso à educação básica, entenda-se por isto ter o nível médio completo. No período, o indicador apresenta um crescimento de 45% para 47,5% da população com 25 anos de idade ou mais. Apesar do crescimento deste percentual nos últimos anos, o que se percebe é que ainda não há nem 50% da população adulta com o fundamental completo, ou seja, uma massa de 67,6 milhões de pessoas não está bem preparada de fato para o mercado de trabalho – o equivalente à soma das populações dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Além desta triste defasagem, é importante abrir esta média nacional pelos estados da federação que indica um crescimento maior na região Sudeste (53,6%) e o menor no Nordeste (38,9%) (confuso). Quando o indicador é expresso por cor da pele declarada, temos um crescimento de 55,8% entre os brancos contra 40,3% entre pretos-pardos. Um olhar pelo gênero não surpreende um crescimento maior entre as mulheres quando comparadas com os homens (49,5% para elas, contra 45%).

Outro indicador interessante é o que traz os anos de estudo da população. Este indicador mostra um aumento de 8,6 para 9,3 anos para as pessoas de 25 anos de idade ou mais. Internacionalmente, este indicador aponta 13 anos para os países desenvolvidos. Portanto, temos um abismo de 3,7 anos quando comparados com os países do G20.

Aqui há também uma defasagem regional. Para o Sudeste, a média é de 10, contra 7,9 anos no Nordeste. Estratificando por cor, nota-se que a média é de 10,3 para os declarados brancos contra 8,4 para os pretos-pardos. As mulheres têm historicamente uma média de anos de estudo maior do que a dos homens (9,5 contra 9 anos).

Por último, chamo a atenção para o indicador que descreve a população economicamente ativa (ocupada e desocupada) e a situação de estudo (estudando ou não estudando). Aqui a análise concentra-se na faixa etária de 15 a 29 anos. Dos 47,3 milhões de pessoas, apenas 13,5% estava ocupada e estudando, contra 23% que não estavam ocupadas e nem trabalhando. Mas o que chama a atenção é os 34,9% que estavam ocupadas e não estudando – situação desfavorável que indica uma desesperança na continuação do aperfeiçoamento profissional.

Estratificando os classificados nesta faixa etária e situação (não estarem ocupados nem trabalhando), temos um percentual de 28,4% da população feminina neste dilema, contra 17,2% da população masculina considerando o mesmo cenário. O corte por cor da pele também é bastante desigual: 18,5% desta população declaram-se brancos contra 25,8% de pretos-pardos.

Os números mostram que os avanços são positivos, porém tímidos, muito tímidos para um país com população continental onde qualquer 0,1% nos indicadores impacta diretamente uma massa de 210 mil pessoas. Apesar de positivos, os indicadores alteraram pouco as desigualdades regionais, de gênero e de cor, não só do triênio como desde o início do século XX. O que expus acima continua indicando o mesmo quadro de outrora: as mulheres são mais escolarizadas que os homens, embora ganhem menos mesmo ocupando cargo igual e com mesmo tempo de empresa; pessoas brancas têm indicadores educacionais melhores quando comparadas às pessoas preto-pardas; e as regiões Nordeste e Norte apresentaram condições mais desfavoráveis em relação às regiões do Centro-Sul do país. Em outras palavras, a distribuição de renda do país não foi afetada positiva e significativamente apesar destes pequenos avanços observados.

É importante ressaltar que elevar a instrução e a qualificação dos jovens e adultos é uma forma de combater a expressiva desigualdade educacional do país. Além disso, especialmente em um contexto econômico desfavorável, elevar a escolaridade dos jovens e ampliar a qualifi cação dos adultos pode facilitar a inserção no mercado de trabalho, reduzir empregos de baixa qualidade e a alta rotatividade. Porém esta elevação tem que ocorrer com uma velocidade maior do que a que temos experimentado até o momento.



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