Embale Certo

A morte das embalagens secundárias

Maio/Junho 2019

Antonio Celso da Silva

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Antonio Celso da Silva

Como sabemos, nos cosméticos usamos as embalagens primárias, que são aquelas que entram em contato direto com o produto, e as secundárias, que são as demais.

Eu sei que o título deve ter causado impacto em um primeiro momento, seguido de curiosidade para entender as razões que me levaram a fazer essa afirmação.

Vamos entender primeiro o que vem acontecendo no mercado brasileiro de embalagens para cosméticos.

A grande mudança vem por razões ambientais, desde os que convivem com as dores e delícias das embalagens até os chamados “ecochatos”, que querem a eliminação total dos plásticos já para 2020, sem terem a mínima noção do que estão falando. Ouvem falar e já surfam na onda sem saber surfar para defender a causa.

Sabemos dos males que o plástico causa à natureza, mas daí a afirmar que em poucos anos teremos menos peixes do que plástico nos oceanos é, no mínimo, uma declaração de desconhecimento do que as indústrias, tanto fabricantes como usuárias dos plásticos, vêm fazendo para atacar o problema. Óbvio que é muito pouco e, se não fizermos muito mais, o futuro realmente será trágico, mas não estamos parados assistindo sentados.

Vemos também a redução gradativa nos pesos das embalagens, com o objetivo de reduzir o descarte nos lixões e incineradores, e as empresas concentrando seus produtos e, com isso, usando embalagens menores.

O plástico verde ecologicamente correto já é uma realidade mesmo nas empresas de menor porte.

Podemos dizer que, quando se fala em inovação e tecnologia em embalagens, o mundo asiático vem atropelando a América e a Europa - prova disso é o grande volume de importações que o Brasil faz da Ásia. Percebendo isso, já vemos a instalação de fábricas chinesas de embalagens no Brasil.

Independentemente da origem, essas fábricas vão ter que se adaptar e cumprir a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a logística reversa, que têm o objetivo de minimizar o impacto ambiental das embalagens.

Por falar em PNRS, é bom ficar atento: vem por aí uma grande ação do governo concentrada nos órgãos ambientais de cada estado onde já se fala em não emitir uma renovação de L.O. (Licença de Operação) se a empresa não comprovar, com a apresentação de documentos, ações de participação efetiva na PNSR.

Com tudo isso, a indústria de cosméticos está se preparando para essa nova realidade e, depois do uso de embalagens com material reciclado, o que se fala agora é em eliminar o que for possível nas embalagens. Nesse foco, a bola da vez é a embalagem secundária. Isso uniria o útil ao agradável, ou seja, além de cumprir a PNRS, se teria como “bônus” uma bela redução de custos.

O que você faz com a embalagem secundária (caixinha) da pasta de dente?

Até pouco tempo atrás, os lápis de olhos, sobrancelhas e boca tinham cartucho. Hoje eles vêm gravados na própria madeira ou recebem um termoencolhível com as informações legais e necessárias. O mesmo vem acontecendo com batons, rímel, delineadores de olhos, sombras, blush, paletas de sombras etc. Todos esses produtos tinham um belo cartucho.

Isso sem contar os produtos que normalmente já não usam embalagens secundárias, como shampoos, condicionadores, sabonetes líquidos, loções hidratantes, desodorantes e demaquilantes, dentre outros.

Pensando dessa forma, só nos resta admitir que poucos produtos terão embalagens secundárias, notadamente apenas aqueles que realmente precisam de proteção e os dermocosméticos, onde o cartucho é quase que mandatório.

Para matar o assunto, vem aí o golpe de misericórdia nas embalagens secundárias. Esse golpe tem o impetuoso nome de realidade virtual.

A maior preocupação em eliminar a embalagem secundária, além da proteção, é o espaço para colocar todas as informações legais ou não que o produto pede.

É crescente o número de empresas até de pequeno porte que vêm usando esse recurso nas suas embalagens. Trata-se de um pequeno ponto de leitura onde, com o celular e o uso de aplicativos, se consegue ver um vídeo com informações de: modo de uso, advertências, claims, storytelling do produto e da embalagem, apelos ambientais, pontos de venda etc. Esse ponto de leitura pode ser impresso em rótulo, etiqueta, gravado no próprio frasco, pote, bisnaga...

Para quem ainda não conhece essa tecnologia, procure conhecer e aprender a usar. Eu diria, sem medo de errar, que essa é a grande mudança nas embalagens de cosméticos que veio pra ficar, mudar nossos hábitos e contribuir muito com a redução do descarte de embalagens no meio ambiente.

Pode parecer duro, mas principalmente os fabricantes de cartuchos precisam começar a pensar em um plano B para a sobrevivência do seu negócio!



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Enfim acordaremos para uma cruel realidade do planeta terra ???? amei a matéria sou realista mais gostaria de viver essa mudança e consciência e quero mudar junto e ser realista Incluído já que sou industrial e comercial .

por Rose marry 05/06/2019 - 14:44

Olá Rose. Obrigado pelo comentário sobre a coluna acima publicada na revista Cosmetics & Toiletries Brasil. A mudança dessa realidade depende do que a gente chama na área industrial nos processos de Qualidade de KAISEN, pequenas e contínuas melhorias pra conseguir o melhor resultado no todo. Entendo que cada um de nós precisa colocar o seu tijolinho nessa construção. Eu venho colocando os meus, ta certo que a gente coloca e o governo não faz a sua parte ou faz muito pouco.Mas desistir jamais. Em setembro teremos o Fórum de embalagens evento coordenado por mim na Associação Brasileira de Cosmetologia.Acompanhe pelo site, em breve. Grande Abraço Antonio Celso

por Autor 12/06/2019 - 10:52

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