Temas Dermatológicos

Uso de probióticos para doenças da pele

Maio/Junho 2019

Denise Steiner

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Denise Steiner

Microbiota é o nome do conjunto de microrganismos que convivem fisiologicamente e equilibradamente no organismo humano.

Assim como nossos genes foram estudados no projeto Genoma, identificando influências do meio ambiente sobre eles, agora há estudos sobre a comunidade de microrganismos que convivem conosco, denominada microbiota. Temos cerca de 3 milhões de microrganismos, entre bactérias e fungos, que têm seus próprios genes, tornando tudo um só organismo.

Logo no início de nossa vida, temos uma colonização desses microrganismos, que permanecem conosco pela vida toda. A maioria dessas bactérias e fungos nos ajuda e protege, sendo que existe uma quantidade específica de cada um deles. O desequilíbrio dessas quantidades favorecendo o crescimento de organismos prejudiciais em detrimento dos benéficos predispõe a disbiose. Sendo assim, desequilíbrios na microbiota intestinal podem causar cólicas, diarreias e má absorção de nutrientes. Quando tomamos um antibiótico para atacar uma bactéria que está nos prejudicando, nós automaticamente desequilibramos a microbiota, tornando possível o surgimento de algum efeito colateral. Vemos, então, que o equilíbrio da nossa microbiota é essencial para preservar nossa saúde.

Nos últimos anos, foram publicados muitos estudos científicos sobre probióticos, que são microrganismos vivos que podem ser ingeridos para manter o equilíbrio da microbiota normal e melhorar a saúde do indivíduo.

Sabemos que o uso oral de probióticos pode equilibrar a microbiota intestinal e melhorar a disbiose desse órgão. Hoje, inúmeros trabalhos científicos também têm enfatizado que os probióticos sistêmicos podem ter efeitos benéficos em pessoas com doenças inflamatórias da pele.

Estudos mais recentes têm delineado a microbiota da pele especificando os microrganismos e suas quantidades. Esses trabalhos científicos enfatizam que cada pessoa tem sua composição de fungos e bactérias como se fosse sua impressão digital.

Uma das primeiras doenças de pele em que se percebeu a influência positiva do uso de probióticos foi a dermatite atópica. A atopia é uma doença que desregula o sistema imunológico, causando manifestações respiratórias, como asma ou bronquite, e/ou inflamações de pele, como eczemas. Estudos recentes demonstraram que o uso concomitante do probiótico com tratamento específico, em indivíduos atópicos, ajuda a diminuir as crises da doença.

Existem duas outras doenças com alguns estudos em relação ao uso de probióticos, que são a acne inflamatória e a psoríase. Na primeira, as bactérias têm muita importância e, quando há piora das lesões, detectou-se desequilíbrio da microbiota. Na psoríase, o uso de probióticos parece ajudar, diminuindo a inflamação da pele.

Como é um assunto relativamente novo, os estudos ainda estão no início, sendo necessário estabelecer padrões que podem ser interessantes para cada situação. Com a abertura desse novo caminho, será possível estudar melhor o probiótico, sua especificidade e a sua interferência nas diferentes doenças de pele.

Vale lembrar que os recentes estudos não invalidam os benefícios do uso de probióticos ingeridos para ajudar o intestino, mas as comunidades bacterianas na pele e no intestino são bem diferentes. Dessa forma, ainda há muito a ser desvendado nesse assunto tão atual.

O que acaba sendo mais utilizado no momento são os prebióticos, que não são organismos vivos, mas substâncias que agem como se fossem um alimento que equilibra a população bacteriana. Esse tipo de prebióticos, que geralmente são moléculas de açúcar não digeríveis, começa a ser utilizado em alguns cremes, para que haja mais um benefício, além de hidratação e ação antienvelhecimento.

Esse tema é muito interessante, além de inovador e promissor, e ainda depende de muitos estudos, mas caminha para uma linha natural, respeitando a identidade de cada organismo.



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