Tendências

Beautybiome

Maio/Junho 2019

John Jimenez

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John Jimenez

Mais da metade do nosso corpo não é humano. A ciência diz que apenas 43% das células que compõem o indivíduo humano são da nossa espécie. O resto corresponde a todos os organismos microscópicos que habitam diferentes partes do nosso corpo, como a pele ou a flora intestinal. Pessoalmente, acho que sabemos menos de 1% sobre isso e, portanto, há um mundo inteiro para descobrir. A microbiota cutânea foi recentemente apresentada como a quarta camada da pele. Os tópicos relacionados ao microbioma são um grande desafio para a ciência cosmética, e vemos como neste ano há novas tendências neste campo. Na recente In-Cosmetics de Paris, o microbioma e os tópicos relacionados mostraram que estão entre os campos com mais desenvolvimento científico na atualidade.

O mercado global de microbioma humano alcançará um valor próximo a 1,4 bilhões de dólares em 2024, segundo a Zion Market Research, incluindo probióticos, prebióticos, alimentos médicos, suplementos, cosméticos e outros, além de produtos para diagnóstico e tratamento de doenças como obesidade, diabetes, distúrbios autoimunes, problemas metabólicos e gastrointestinais, câncer e outras doenças.

Um dos grandes desafios que se apresentam para a indústria cosmética é a regulamentação, uma vez que ainda não há uma harmonização legal para os produtos neste campo. Confira a seguir definições de termos que são comuns neste setor e também algumas das tendências que afetarão a indústria cosmética.

- Microbiota: refere-se a qualquer microrganismo presente em qualquer parte do corpo (intestino, nariz, pele da face, pele do pescoço, boca etc.).

- Microbioma: o microbioma humano é o material genético de microrganismos, como bactérias, protozoários, vírus e fungos que estão presentes no corpo humano. A proporção do número de microrganismos e células humanas pode chegar a 10:1. O microbioma ajuda a regular o sistema imunológico, realizar processos de digestão, proteger contra outras bactérias e produzir vitaminas, entre outras atividades fundamentais. Em outras palavras, o microbioma é o conjunto total de genes na microbiota.

- Prebióticos: são componentes alimentares não vivos (geralmente de origem vegetal, embora também vejamos muitos produtos sintéticos como os açúcares) que ajudam a modular a viabilidade da microbiota.

- Probiótico: é um organismo vivo que, quando administrado em doses adequadas, fornece efeitos benéficos ao hospedeiro.

- Simbiótico: combinação de um prebiótico e um probiótico.

- Paraprobiótico: em alguns estudos, descobriu-se que certas bactérias probióticas não conseguiam chegar vivas no intestino, mas produziam um efeito saudável. Bactérias probióticas mortas ou fragmentos destas, isto é, bactérias não viáveis ou inativadas, são conhecidas como paraprobióticos em várias literaturas. Algumas estruturas e moléculas da parede ou membrana podem ter ação biológica.

- Pos-biótico: são os componentes que produzem ou estão dentro dos microrganismos, como enzimas, proteínas, peptídeos, polissacarídeos, ácidos orgânicos ou lipídios, e são liberados no meio ambiente, ou seja, produtos do metabolismo que podem ter ação biológica em ausência do microrganismo.

- Food inspiration: no futuro, veremos produtos cosméticos com novos claims inspirados em alimentos sob essa tendência, como: “bacteria free”, “microorganisms free”, “contém filtrados livres de proteína de cultura”, “com fragmentos de células”, entre outros.

- Beauty from within: estamos vendo um grande desenvolvimento de benefícios cosméticos, em pele e cabelo, com materiais prebióticos, probióticos e pós-bióticos em nutricosméticos. Estamos diante do desenvolvimento de uma nova categoria.

- Probiotic skin care: embora esta aplicação tenha muitas limitações técnicas e regulatórias, começamos a ver no mercado o uso de microrganismos vivos aplicados topicamente para proteger a pele contra bactérias nocivas, reduzir a infl amação, controlar a pele oleosa, prevenir o envelhecimento e tratar a acne severa.

- Gut microbiome and aging: desde 2018 foram publicados vários artigos muito interessantes que mostram como as mudanças de diversidade no microbioma intestinal afetam os processos de envelhecimento, incluindo a pele.

- From jungle to city: o efeito da urbanização no microbioma cutâneo é um dos tópicos mais interessantes em que várias empresas e universidades estão investigando. A vida da cidade é um dos fatores que mais afeta o microbioma e, portanto, uma grande oportunidade nas indústrias cosméticas para desenvolver soluções mais inovadoras.

- Bacterial therapeutics: estamos começando a ver publicações científicas sobre tratamentos terapêuticos para condições dérmicas, como dermatite atópica e outras patologias complexas que incluem a interação com microrganismos vivos.

- Probiotic gummies: este ano, gomas doces foram apresentadas nos Estados Unidos como um veículo para a liberação de probióticos.

Beautybiome é um dos campos com mais oportunidades de inovação, em que o setor tem muitas oportunidades, mas também desafios regulatórios e legais.



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