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A internet das coisas nas nossas “coisas”

Março/Abril 2019

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

A “Internet das Coisas” se refere a uma revolução tecnológica que tem como objetivo conectar os seres humanos e os respectivos itens usados no dia a dia à rede mundial de computadores. Diariamente, aumenta o surgimento de eletrodomésticos, meios de transporte, tênis, roupas, maçanetas e aparelhos de monitoramento da saúde conectados à internet e a outros dispositivos, como computadores e smartphones. Estes dispositivos (comumente conhecidos como Internet of Things -IoT) transformam a mobilidade e a presença da internet em diversos objetos em uma realidade cada vez mais próxima.

A ideia é que, cada vez mais, o mundo físico, o biológico e o digital se tornem um só - ou pelo menos não se distingam entre si mais facilmente - através da comunicação constante destes dispositivos uns com os outros, com os “data centers” e suas respectivas nuvens de dados.

A ideia de conectar objetos não é nova e já é discutida desde 1991. Hoje já existem mais dispositivos conectados no mundo do que seres humanos. Em 2020, o número de dispositivos de IoT deverá exceder 20 bilhões contra 7,8 bilhões de seres humanos, impulsionado por contínuos avanços tecnológicos e custos de computação, armazenamento e conectividade em queda livre. A limitação de tempo e da rotina fará com que as pessoas se conectem à internet de outras maneiras. Assim, será possível acumular dados com uma precisão muito maior do que as informações de hoje. Com esses registros, a ideia é reduzir, aperfeiçoar e economizar recursos naturais e energéticos.

As projeções da International Data Corporation (IDC) preveem que os gastos da IoT aumentem em 13,6% entre 2017 e 2022, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR), chegando a US$ 1,2 trilhão nos próximos quatro anos. Os gastos atuais com IoT são dominados pelo setor manufatureiro, com gastos estimados em US$ 189 bilhões para 2018. O crescente investimento em tecnologias de IoT tem o potencial de gerar novas economias e eficiências, ao mesmo tempo em que promove melhorias signifi cativas na qualidade de vida. Não há dúvida de que a IoT tem benefícios sociais claros que podem ser maximizados sem comprometer a viabilidade comercial ou econômica.

Dell, Intel e Samsung, por exemplo, se uniram em julho de 2018 exatamente para padronizar as conexões, em um grupo chamado Open Interconnect Consortium (OIC), a fim de fomentar as aplicações de IoT.

Apesar de um número crescente de empresas, organizações e governos experimentarem a IoT, as histórias de sucesso nem sempre são fáceis de se obter. Três quartos dos projetos de IoT falham devido à compreensão limitada de como projetar e integrar efetivamente essas soluções às operações corporativas ou governamentais do dia a dia. Os especialistas avaliaram os conjuntos de soluções de IoT no que diz respeito a quatro variáveis: impacto econômico, benefício social, dificuldade tecnológica e barreiras financeiras à implementação. As que tendem a ganhar força e escalabilidade são as que melhor gerenciam as culturas agrícolas e a pecuária; promovem a segurança, o bem-estar e a eficácia dos trabalhadores; otimizam o movimento de mercadorias e pessoas; ajudam com aviso prévio para prevenir desastres; ajudam os médicos no monitoramento e tratamento de pacientes; e ajudam os governos e/ou serviços públicos a gerenciar melhor os recursos naturais finitos, como energia e água.

A maior parte das soluções de IoT altamente impactáveis e escaláveis atendem às necessidades prementes na China e na região da Ásia em geral - especialmente uma população crescente de idosos e uma rápida urbanização. Não surpreendentemente, dado este achado, a região da Ásia atualmente lidera o mundo em gastos com IoT.

Em pouco tempo, não será estranho termos no mercado protetores solares providos de IoT em escala nanométrica se comunicando com celulares indicando a hora de reaplicação; maquiagens para os lábios ou unhas se modificando de tom e cores de acordo com variações hormonais; sombras que se adequam à luminosidade dos ambientes, ou, quem sabe, produtos antiaging dotados de mecanismos de entrega de ativos regulados precisamente para cada biótipo e idade. Com certeza, nos porões de centros de pesquisas em algum canto do mundo, devem estar surgindo projetos de produtos disruptivos inimagináveis. Toda esta revolução vai levar os cosmetólogos para além das fronteiras da química e da farmácia, mergulhando-os no mundo da eletrônica e da robótica, o que exigirá novos perfis de formação profissional.

Para os especialistas, essa revolução será maior do que o próprio desenvolvimento do mundo online que conhecemos hoje e dará início à terceira etapa da história da internet.



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Muito bom, Carlos! Parabéns!

por Carlos Mesquita Aguiar 17/04/2019 - 09:51

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