Tricologia

Alopecia nas mulheres

Setembro/Outubro 2012

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

A queda de cabelo, quando ocorre além dos limites culturalmente aceitáveis, exige atenção dos médicos devido ao efeito negativo que esta provoca na qualidade de vida dos pacientes. Trabalho realizado por J. Van Der Dorik (1994) revelou que, para maioria das mulheres (72%), a queda de cabelo tem efeito negativo sobre a autoestima, 48% destas tratam a queda de cabelo como um sério problema social e o impacto dessa patologia entre os homens não é muito diferente do que entre as mulheres. Assim, avaliar a qualidade de vida de pacientes que sofrem com queda de cabelo torna-se extremamente importante para o enriquecimento da abordagem terapêutica, possibilitando maiores benefícios para essas pessoas.

A alopecia androgenética (AAG) é uma condição genética comum de queda dos cabelos, produzida pela ação dos andrógenos circulantes. É caracterizada pela perda e pelo afinamento progressivo dos cabelos, geralmente acompanhado de recesso bitemporal anterior dos folículos pilosos no couro cabeludo. No homem, a popular “calvície” é geneticamente determinada; na mulher, além do fator genético, associa-se também à presença de endocrinopatias androgênicas, a fatores nutricionais, como a carência de ferro e zinco, e a fatores ambientais.

A etiopatogenia da AAG é multifatorial e envolve fatores de ordem genética e hormonal. O quadro clínico de queda dos cabelos é resultado da distribuição geneticamente determinada dos folículos pilosos com sensibilidade específica aos andrógenos e a seus próprios receptores finais sensibilizados. Eventualmente, é agravada por fatores de ordem local (utilização de tópicos inadequados para os cabelos) e/ou emocionais (o que é discutível).

A AAG apresenta origem genética e hormonal, ou seja, é causada por gene único autossômico e dominante com penetrância reduzida no sexo feminino. Essa herança mendeliana, contudo, não se processa de maneira tão simples como parece. Em 1984, Kuster e Happle reviram o traço autossômico dominante e consideraram a AAG um exemplo clássico de origem poligênica.

O resultado clínico da perda de cabelo na AAG é consequência de uma característica genética da distribuição, nos folículos pilosos, de estruturas que apresentam sensibilidade específica aos andrógenos. Na puberdade tem início uma modificação hormonal em que os andrógenos atuam no interior dos folículos, geneticamente programados e localizados na região frontoparietal, levando à transformação do pelo terminal em pelo tipo “velus”, processo conhecido como miniaturização.

Em relação à embriogênese dos cabelos, Ziller encontrou diferenças na origem entre os da região frontoparietal e os da região occipitotemporal. A derme frontoparietal é derivada da crista neural, enquanto a da occipitotemporal, do mesoderma. Essa diferença embriológica determina as diferentes respostas dos folículos pilosos nessas regiões, no que se refere à AAG.

Está bem estabelecido o fato de que os níveis de andrógenos plasmáticos e sua produção média são variáveis entre homens e mulheres. Na mulher, a androstenediona corresponde ao principal andrógeno que precede a formação da testosterona.

Assim, em mulheres normais, a T pode ter origem tanto nos ovários como nas glândulas suprarrenais pelos seus precursores, o sulfato de dehidroepiandrosterona (SDHEA) e a androstenediona. O SHDEA e a dehidroepiandrosterona (DHEA) originam-se quase exclusivamente das suprarrenais. Sob ação hipofisária, a T circulante origina-se diretamente dos ovários e das suprarrenais em quantidades aproximadamente iguais (por volta de 40%), e o restante, em torno de 60%, da conversão da androstenediona circulante, por sua vez, provém também quase igualmente dos ovários (60%) e das suprarrenais (40%). Sabe-se que a testosterona não está vinculada diretamente à calvície, pois pacientes calvos e não calvos têm níveis idênticos desse hormônio. Isso é determinado de maneira poligênica e não está ligado ao sexo, como se pensava no passado, e as interferências do meio ambiente são quase nulas.

Os cabelos são estruturas proteicas dependentes de nutrientes. Quando algum destes está faltando, a pessoa pode ter algum tipo de problema com seus cabelos. Eles podem cair, podem não nascer ou podem ficar frágeis e quebradiços. Às vezes, podem mudar de aspecto, de textura e até de forma (ficar mais lisos ou mais encaracolados).

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a vitamina A não entra na composição dos cabelos. As vitaminas mais importantes para os cabelos são aquelas do grupo do complexo B. Portanto, alimentos que contenham essas vitaminas são sempre bem-vindos, como o leite e seus derivados e a maioria dos vegetais.

Com relação aos nutrientes derivados dos sais minerais, temos o ferro, encontrado nas carnes vermelhas, no feijão e em alguns vegetais verde-escuros, como brócolis e couve, e o zinco, encontrado nos frutos do mar, como ostras e mariscos e o cobre, e no chocolate amargo.

As células-tronco do cabelo são as mais disponíveis no corpo humano. Elas podem transformar-se em outras células, como as musculares, e até em neurônios. Mas, infelizmente elas ainda não se transformam em outros cabelos. Pode-se até cultivá-las, mas, ao voltarem para o couro cabeludo, não logram fazer um novo fio. Falta algo para que se consiga esse feito. Acredita-se que daqui a cinco anos poderemos ter sucesso nessa empreitada.

Por ora, o que temos é uma inovação no transplante dos fios, que pode ser feito com as células-tronco. São retiradas as células da área doadora (nuca) e plantadas na área receptora. O resultado do transplante é muito mais natural.

Seja qual for a etiologia do processo, temos hoje um arsenal maior do que no passado para resolver esse grande desconforto de grande parte da humanidade.



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