Gestão em P&D

O fornecedor pode ser um aliado importante

Julho/Agosto 2012

Wallace Magalhães

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Wallace Magalhães

A escolha do fornecedor é um passo decisivo no desenvolvimento de um produto. Isso ocorre devido a vários motivos, como a forma que você vai interagir com ele.

Sem pensar muito, muitos vão dizer que o melhor fornecedor é aquele que tem o melhor preço. Mas nem sempre é assim. Além do preço, existem muitos outros fatores que devem ser criteriosamente considerados. O preço baixo de um fornecedor pode ser resultado de processos ruins ou inadequados, ou de baixa concentração de ativos, o que pode sacrificar os aspectos de qualidade dos materiais que ele fornece. O resultado provavelmente será: você pagará pouco, mas receberá um material ruim, e isso não será bom para o seu produto nem para sua empresa. Se houver uma falha na qualidade de um produto por causa do fornecedor, o consumidor entenderá que a falha é da sua empresa. E, num mercado competitivo, isso não é um bom negócio porque, além de perder um consumidor, você poderá perder outros por causa da propaganda negativa que aquele poderá fazer sobre sua empresa para as pessoas de seu círculo de convivência. É o clássico caso: “o barato sai caro”.

No aspecto comercial, além do preço, devem ser considerados: a tributação, os prazos de pagamento e de entrega, o histórico de regularidade, entre outros fatores.

Ao iniciar um novo projeto, você pode discutir com seus fornecedores, principalmente com aqueles que podem agregar valor ao projeto por meio de informações técnicas e de mercado. Todo projeto é sigiloso e, por isso, você deve discuti-lo com os fornecedores de sua confiança. E, ainda assim, é adequado discutir com ele somente sobre aquilo com o que ele possa efetivamente colaborar, devido a duas razões: para proteger o projeto e para preservar o fornecedor. Vamos supor que algumas informações vazem e a fonte do vazamento não seja identificada. Se isso ocorrer, você poderá desconfiar do fornecedor, que pode não ter sido o responsável. Assim todo mundo perderá.

Existem casos de projetos tocados totalmente em conjunto com fornecedores, o que é muito saudável e pode ser uma forma muito eficiente de desenvolvimento. Nesses casos, normalmente existe um contrato com cláusula de sigilo, mas mesmo assim é recomendável aplicar a regra de falar somente o necessário. Se ficar resolvido que todo o projeto será discutido com ele, tudo bem, mas não se esqueça de se lembrar dessa regra, só para praticar um bom hábito.

Outra maneira de o fornecedor ser muito útil é na entrega de uma amostra. No caso de amostras de matérias-primas, seus recipientes devem estar bem identificados e ter prazo de validade adequado e ser fornecidas em quantidade suficiente para os ensaios.

Lembre-se de informar isso ao fornecedor. Muitos atrasos podem ser evitados se essa providência for tomada. E o mais importante: as amostras ainda devem estar acompanhadas de ficha técnica completa. Essa ficha deve conter:

- A descrição da nomenclatura INCI Name e as respectivas referências: você precisará dessas informações para elaborar o texto de rotulagem, notificação ou registro, e dossiê.

- Especificação completa: além do controle de qualidade, a especificação será usada para elaborar o dossiê.

- Teor de ativo e diluente, quando for o caso: a falta dessas anotações vai repercutir em erros graves na notificação ou no registro, pois o peticionamento deve ser feito com a fórmula centesimal, expressa em teor de ativo.

- Composição quantitativa, no caso de blends com substâncias de listas restritivas: esse é o caso de mix de conservantes, por exemplo. Será necessário abrir a formulação com a citação da quantidade centesimal de cada componente, na fórmula de notificação ou registro.

- Exemplos de aplicação e modo de usar: essas informações ajudarão você a definir o percentual e o modo de preparação da fórmula, que deve aparecer na ordem de fabricação e no dossiê do produto.

- Dados sobre eficácia: as corretas interpretação e aplicação dessas informações vão aumentar a chance de o produto ser um sucesso.

- Dados de segurança com informações toxicológicas: esses dados serão necessários no estudo de segurança do produto. Lembre-se de que esse estudo é obrigatório para todos os produtos, sejam de grau I ou de grau II.

- Carta de alergênicos de essências e aromas: dependendo do percentual na fórmula final e da forma de uso do produto – com ou sem enxágue – os alergênicos que aparecem na composição da essência devem ser citados na fórmula qualitativa que aparece no texto de rotulagem.

Por isso, posso afirmar, sem medo de errar, que a escolha do fornecedor é decisiva no sucesso do projeto.



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