Tricologia

Fotoestabilidade

Novembro/Dezembro 2011

Valcinir Bedin

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Valcinir Bedin

As indústrias químicas devem realizar testes de fotoestabilidade para a comprovação dos estudos de estabilidade de seus produtos. A não apresentação de estudo de fotoestabilidade deve vir acompanhada de justificativa técnica, com evidência científica de que o(s) ativos(s) não sofre(m) degradação em presença de luz ou de que a embalagem primária não permite a passagem de luz.

Os testes de fotoestabilidade têm como objetivo expor o produto à fonte de luz apropriada e demonstrar que uma exposição à luz não resulta em alterações significativas no produto, no que concerne às suas atribuições de eficácia e de não produzir efeitos colaterais indesejáveis.

É muito importante que se use equipamentos que controlem a temperatura, pois esta pode levar a resultados aleatórios e, muitas vezes, o resultado final é a mistura de produtos de degradação gerados pela temperatura e pela luz. O isolamento óptico da câmara também é muito importante para evitar perda de luz, além de ser uma exigência da recomendação técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Quando falamos de cabelos e fotoestabilidade, precisamos lembrar sempre que a fibra capilar tem sido usada como parâmetro de comparação (do tipo “antes e depois”) de muitos produtos com características de proteção solar, isso porque as radiações ultravioleta interferem muito na sua constituição.

O envelhecimento do cabelo inclui várias mudanças químicas e físicas nas propriedades de fibras, que conduzem a um aumento da sua porosidade, à perda de resistência mecânica e a uma maior rugosidade de sua superfície.

Essas mudanças decorrem da oxidação lipídica, da clivagem da ligação dissulfeto, da degradação do triptofano e da formação de ácido cisteico. Cabelos expostos ao Sol ficam mais frágeis, mais duros e mais secos do que eram antes da irradiação e apresentam capacidade de absorção de água reduzida. Por isso, esse tipo de teste é muito usado para a avaliação de eficácia de produtos que contenham filtro solar. Faz-se a medição especialmente do triptofano e do ácido cisteico (que é formado pela degradação da cisteína) antes e depois da exposição à radiação.

Os pigmentos (melanina) do cabelo têm como função fornecer proteção fotoquímica às proteínas, especialmente às do córtex. A melanina realiza essa proteção, absorvendo e filtrando a radiação que a atinge e posteriormente dissipando essa energia como calor. No entanto, durante o processo para proteger as proteínas do cabelo da luz, os pigmentos são degradados ou branqueados. O cabelo escuro é mais resistente à fotodegradação que o cabelo claro, devido à maior fotoestabilidade de eumelanina (marrom ou preta) em comparação com a feomelanina (vermelha e amarela).

Os lipídios das fibras do cabelo também são degradados pela luz ultravioleta, bem como pela luz visível, ajudando a explicar o enfraquecimento do complexo membrana celular quando este é exposto à radiação da luz.

Quando falamos de proteção aos fios, além dos produtos fotoprotetores podemos também citar os antioxidantes. Para avaliar as mudanças de cabelo humano, utilizamos testes como a calorimetria exploratória de alta resistência à tração e pressão dinâmica (HPDSC, na sigla em inglês). Para obter uma medida da concentração da atividade das espécies reativas, que causam danos ao cabelo ou à sua cor, as medições podem ser realizadas por quimioluminescência. Outros testes podem ser realizados para obter dados sobre os efeitos das alterações do clima sobre os cabelos. A alta umidade relativa (85%) e o baixo fluxo radiante (600 W/m2) causaram as maiores mudanças na cor do cabelo natural, mas provocaram as menores variações na resistência à tração e em medições HPDSC.

Em provas que foram realizadas, os antioxidantes testados reduziram o nível de quimiluminescência quando usados em formulações pré-sol ou pós-sol. De acordo com as medições HPDSC, os antioxidantes mostraram ligeiro aumento da temperatura de pico (uma dica para obter um efeito de proteção quando os antioxidantes sao usados em produtos pré ou pós–sol).

Em contrapartida, alguns dos antioxidantes reduziram a resistência à tração quando foram adicionados a formulações de produtos capilares para cuidados durante a exposição ao Sol.

Ligeira redução no clareamento da cor natural do cabelo pôde ser observada quando antioxidantes estavam presentes nas formulações. O efeito de antioxidantes em formulações de produtos para cuidados com o Sol usados em cabelos tingidos foi fortemente dependente do tom de cabelo. A adição de alguns antioxidantes causaram melhoras significativas das propriedades de proteção do produto utilizado, quando avaliados por meio de alguns métodos de medição.

Ainda existe espaço para a criação de novos testes, mais fáceis de serem realizados e mais baratos, mas esse é um desafio proposto aos nossos companheiros de trabalho.



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