Temas Dermatológicos

Queda de cabelo feminino

Julho/Agosto 2011

Denise Steiner

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Denise Steiner

O cabelo não é essencial para o organismo, porém sua queda é muito preocupante, principalmente para as mulheres. Essa queixa é frequente no consultório médico, podendo ser um marcador de várias doenças sistêmicas, como: hipotireoidismo, lúpus eritematoso, sífilis, Aids, entre outras.

A alopecia androgenética ou calvície atinge cerca de 50% das mulheres na idade adulta. Em mulheres com predisposição genética, ela tem início após a puberdade, causando o afinamento dos cabelos (miniaturização) na região frontoparietal.

Geralmente, há muita confusão quando se quer distinguir alopecia androgenética clássica da alopecia causada pelo hiperandrogenismo. São situações diferentes, sendo a primeira causada por predisposição genética, com início precoce e curso crônico, enquanto a segunda é decorrente do excesso de andrógenos circulantes e desaparece quando estes se normalizam.

Os andrógenos também estão implicados na etiopatogênese da calvície, porém não estão alterados na maioria dos indivíduos comprometidos. Sabe-se hoje que o mecanismo provocativo da calvície é intracelular e não depende de níveis séricos dos andrógenos.

Homens e mulheres calvos têm maior quantidade de 5-alfa-reductase tipo 2 na área calva, comparada com a área não calva. Essa enzima é responsável pela transformação da testosterona (T) em di-hidro-testosterona (DHT). No folículo pilossebáceo, esse hormônio (DHT) se liga a um receptor específico. Esse complexo hormônio-receptor provoca alterações no RNA e no DNA celulares, transformando a expressão genética original. As mulheres com calvície, além de maior quantidade de 5-alfa-reductase na área calva, também apresentam nível baixo de aromatase nessa região. Essa enzima é responsável pela transformação dos andrógenos em estrógenos e parece ter papel significativo na patogênese da alopecia androgenética feminina.

Em geral, as mulheres com calvície não apresentam alterações hormonais, embora aquelas com hiperandrogenismo também possam desenvolver essa manifestação. O excesso de andrógenos, que ocorre nos tumores de ovário e da adrenal, no ovário policístico, na hiperplasia adrenal congênita, entre outras doenças, pode (por meio do aumento da testosterona) provocar a rarefação capilar, além de hirsutismo e acne.

O histórico familiar de calvície é positivo, principalmente no ramo feminino. A alopecia androgenética feminina pode ser desencadeada ou piorada por eflúvios telógenos agudos ou crônicos causados por cirurgias, regimes, partos, drogas e infecções ou doenças sistêmicas.

O diagnóstico de alopecia androgenética feminina é essencialmente clínico, caracterizando-se por rarefação na região frontoparietal, com retenção da linha frontal. O padrão da calvície feminina é diferente do da masculina, pois é difuso, sem as entradas ou rarefação do vértex.

No caso da calvície feminina, o teste de puxamento leve é negativo e o tricograma apresenta discreto predomínio de fios telógenos. A biópsia realizada com corte transversal demonstra predomínio dos fios miniaturizados (velus), em relação aos normais (terminais).

O tratamento da alopecia androgenética pode ser feito com uso de minoxidil de 2 a 5%, duas vezes ao dia, por períodos prolongados não inferiores a seis meses. O minoxidil é um vasodilatador usado, a princípio, via oral para indivíduos hipertensos. O mecanismo de ação na calvície ainda não está totalmente esclarecido. As mulheres podem apresentar hipertricose quando usam essa droga, efeito que desaparece com a interrupção do medicamento. Os antiandrógenos podem ser usados tanto nos casos de hiperandrogenismo, como nos de calvície clássica. Os mais utilizados são: acetato de ciproterona e espironolactona. O acetato de ciproterona é uma progesterona com ação antiandrógena que diminui o nível dos esteroides séricos. Nos casos clássicos, pode ser usado na dose de 2 mg/dia associado ao estradiol 35 mg, por períodos prolongados. Essa medicação também é uma pílula anticoncepcional. Portanto, não há perigo de a mulher engravidar e ter complicações decorrentes do acetato de ciproterona.

A epironolactoma também é um esteroide com ação hipotensora, agindo nos andrógenos séricos e no receptor periférico. Ela é usada na dose de 100-200 mg/dia, no período de seis a 12 meses, e provoca distúrbios menstruais, hiperpotassemia, alterações de humor, além dos efeitos diuréticos, causando tontura e mal-estar. A espironolactona não pode ser utilizada durante a gravidez, pois provoca a feminilização dos fetos masculinos. Os bloqueadores de 5-alfa-reductase com a finasterida, que é um bloqueador do 5-alfa-reductase tipo 2, não se mostraram eficientes no tratamento da alopecia androgenética feminina.

É importante lembrar que, embora não seja prejudicial à saúde, a alopecia androgenética nas mulheres causa alterações importantes no estado psicoemocional. Nenhuma mulher suporta o peso de ser calva, pois isso afeta diretamente sua autoestima, prejudicando seu trabalho, além de suas relações sociais e familiares.



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(cont) hiperandrogenismo. E provavelmente há anos já porque os sintomas associados a esse problema eu tenho há anos. Vou começar a tomar anticoncepcional para normalizar os valores. Isso quer dizer que a minha calvície pode ser revertida? Obrigada!

por Carla 02/08/2015 - 17:31

Fui diagnosticada com alopecia androgênica pelo dermatologista. Ele se baseou apenas em olhar p/ a minha cabeça por - de 5 minutos. Decidi visitar o endocrinologista e descobri q tenho a testosterona no limite e a androstenediona com o dobro do máximo aceitável. Então provavelmente o que eu tenho é

por Carla 02/08/2015 - 17:29

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