Temas Dermatológicos

Alergia

Julho/Agosto 2010

Denise Steiner

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Denise Steiner

Não nascemos alérgicos, porém, uma vez alérgico, sempre alérgico. A alergia pode ocorrer indiscriminadamente, manifestando-se em relação a qualquer produto, e não tem nada a ver com a qualidade deste. A alergia também é uma resposta individual relacionada à carga genética. Há famílias mais predispostas a alergias, mas a transmissão de pai para filho não é obrigatória. As pessoas podem tornar-se alérgicas (sensíveis) a produtos que tenham usado durante muitos anos, ou aos que estiverem usando pela segunda vez. A alergia não é transmissível e pode ser mais ou menos perigosa dependendo da intensidade do quadro.

Dificilmente uma substância provoca alergia quando é usada pela primeira vez, pois em geral o organismo precisa desenvolver um conhecimento prévio sobre essa substância, para só depois informar às células que, em seguida, passam a ter a memória permanente da rejeição.

Citarei, a seguir, alguns dos casos mais frequentes de alergia.

● Urticária: São placas avermelhadas e elevadas, e caroços que podem aparecer abruptamente em todo o corpo, causando muita coceira.

Com a urticária, os lábios e os órgãos internos respiratórios podem inchar muito, o que pode causar dificuldades respiratórias. Essa alergia se apresenta como um quadro grave que precisa de socorro rápido, principalmente por causa do problema respiratório.

A urticária pode ser provocada por remédios, alimentos (principalmente conservantes e corantes), cheiros muito fortes, produtos aplicados na pele, entre outras causas. Muitas vezes é difícil estabelecer a causa da alergia, mas esse esclarecimento é fundamental porque a reexposição provoca um quadro de reações semelhantes às do quadro anterior e até mais graves do que estas. O tratamento da urticária pode ser feito com cortisona e anti-histamínicos, ocorrendo resposta quase instantânea.

● Estrófulo: A alergia a picadas de insetos é muito comum em crianças entre 2 e 10 anos de idade. Em geral, o estrófulo se apresenta como bolinhas vermelhas, algumas vezes como uma única bolinha, que aparecem na superfície da pele, coçam muito e podem transformar-se numa ferida.

O estrófulo ocorre por causa de sensibilização a venenos de insetos (mosquito, formiga, pulga...). Basta uma ou duas picadas para que a criança apresente bolinhas espalhadas por todo o corpo, principalmente no verão e em ambientes rurais.

O quadro tem duração de alguns dias, comprometendo todo o corpo e deixando a criança com manchas e cicatrizes inestéticas.

Durante a fase aguda, quando existem muitas bolinhas na pele, receita-se antialérgicos por via oral, pomadas calmantes e anti-inflamatórios para uso local. Para crianças cuja rotina seja perturbada por surtos frequentes de estrófulo, receita-se vacinas com a intenção de evitar não apenas o sintoma, mas também a alergia propriamente dita.

● Eczema: Nome genérico dado a uma alteração de pele que promove vermelhidão, vesículas, coceiras, engrossamento e descamação da pele. O eczema pode ocorrer em qualquer parte do corpo e é gerado por alergia, principalmente pela dermatite de contato.

Essa alergia é comumente causada por metais usados nas orelhas e nos pulsos, como relógio e bijuterias. Pode ocorrer também por causa de cosméticos, produtos químicos de limpeza, tinturas de cabelo, roupas de fios sintéticos, corantes e conservantes.

Nesses casos, as pessoas têm contato com as substâncias e ficam alérgicas após algum tempo. A lesão provoca muita coceira e é sempre mais importante onde tenha ocorrido contato direto com o agente causador.

Muitas vezes, para descobrir o agente é necessário fazer um teste de contato: aplica-se uma bateria-padrão de cinquenta substâncias nas costas da pessoa e, após 48 horas, retira-se o material observando a reação da pele. O teste é considerado positivo quando o local se torna vermelho, com bolinhas, e coça muito.

As mãos são as mais afetadas pelo contato com substâncias químicas. Detergentes, sabões e toda a gama de produtos dessa linha podem causar alergias. Remédios de uso local, principalmente com penicilina e sulfa, também podem causar sensibilização e alergia de contato.

O tratamento nesses casos é afastar o produto ou os produtos suspeitos e usar cremes ou pomadas de corticoide, ou, se houver comprovação da alergia por meio do teste de contato, afastar definitivamente a substância do alcance do alérgico. É comum a ocorrência de quadros de avermelhamento e descamação somente por causa de irritação primária da pele. Nesse caso não há sensibilização do organismo, mas somente desgaste da pele devido à mudança de pH e ao afinamento. Muitas donas de casa sofrem com isso porque manipulam constantemente produtos de limpeza. Quando há somente irritação e não ocorre sensibilização, o teste de contato é negativo e basta abandonar o uso dos produtos mais fortes, como detergentes, sabões e alvejantes.

Faz-se muita confusão entre dermatite de contato e dermatite por irritante primário, pois a manifestação clínica de ambas pode ser a mesma. O teste de contato resolve de uma vez essa dúvida: positivo, se o caso for alérgico, e negativo, se for apenas alergia por irritação.

● Fitofotodermatose: Frutas ácidas, como limão, laranja, abacaxi, figo e morango, além de algumas plantas ou perfumes cítricos, têm uma substância que pode tornar a pele mais sensível à radiação solar.

A substância encosta e penetra na pele e, em combinação com a luz do Sol, provoca queimadura que forma manchas acastanhadas, e às vezes bolhas e avermelhamentos.

Ocorrem os casos mais inusitados: desenho de mão nas costas do paciente, porque ele foi abraçado ou carregado por alguém que mexeu em laranjas; manchas no corpo todo, porque o paciente levou um “banho” de caipirinha... É muito perigoso manipular essas folhas e frutas e tomar Sol ao mesmo tempo, porque, mesmo lavando as mãos ou outra parte do corpo atingida, as substâncias podem permanecer na pele e provocar danos imprevisíveis.

Não há tratamento específico para a fitofotodermatose, a não ser intensificar o cuidado com o Sol. As manchas demoram meses para desaparecer, em especial nas àreas mais expostas ao Sol.



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