Toxicologia

Minúsculas e preocupantes

Julho/Agosto 2010

Dermeval de Carvalho

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Dermeval de Carvalho

O título, a princípio, pareceu-me bastante sugestivo para a mídia, especialmente para os veículos de comunicação que se preocupam com audiências e manchetes sensacionalistas. As sumaríssimas informações desta coluna procuraram mostrar o pensamento dos segmentos envolvidos na segurança de produtos resultantes de processos nanotecnológicos.

As nanopartículas (do grego nano, que significa pequeno, pigmeu), são representadas por minúsculas partículas cujas dimensões são expressas em nanômetros (1 nm = l0-9 do metro) e vêm sendo usadas de maneira crescente no desenvolvimento de materiais para diferentes fins, incluindo os cosméticos. A revolução tecnológica e a do conhecimento não podem deixar de incluir em suas agendas uma das mais promissoras tecnologias do século 21 - o revolucionário uso das nanopartículas, pois, segundo a National Science Foundation, dos EUA, o mercado global alcançará, dentro de 20 anos, faturamente de cerca de 1 trilhão de dólares (http://www.nanotechprohect, org/file_download/77). Pesquisas relativas à segurança de nanopartículas ainda são preocupantes, especialmente quando a palavra de ordem está direcionada a danos ambientais e à saúde humana. Passadas largas e urgentes são necessárias e devem ser praticadas, de forma ampla e irrestrita, na avaliação de toxicidade, pois a ciência pouco tem convivido com essas “invisíveis moléculas” (Regulatory Toxicology and Pharmacology 49:217-229, 2007 e Contemporary Clinical Trials 28:433-441, 2007).

A nanotecnologia deve ser vista como um novo, vasto e relevante campo de trabalho, didaticamente agrupado em compartimento único conectado por meio de divisórias interligadas. Esse dispositivo imaginário deve ser monitorado pela comunidade científica, pelos órgãos regulatórios e pelos setores produtivos. A avaliação de segurança de nanomateriais, segundo nosso entendimento, mesmo sabendo dos contraditórios químicos quando estes são direcionados à saúde humana, não se distancia dos fundamentos básicos e resultantes da evolução das ciências toxicológicas (Environmental Health Perspectives 109:547-551, 2001).

Cientistas e jornalistas, na Inglaterra, avaliaram assuntos relacionados a nanomateriais divulgados pela comunidade científica e depois pela mídia. Ambos concordaram sobre quais são as dificuldades atribuídas à comunicação do risco e das incertezas relacionados aos procedimentos envolvendo nanotecnologias (Circulation 106:141-142, 2002, e Health, Risk & Society 9(2):145-157, 2007).

As nanopartículas exigem inovadoras avaliações de segurança para garantir, em longo prazo, seu uso em humanos? A resposta para essa pergunta foi discutida em recente publicação na qual os autores afirmaram que, até o presente momento, é cedo para prever, com base nas características das nanopartículas, uma possível resposta biológica, porque faltam métodos confiáveis (Drug Safety 32(8):625-636, 2009).

O Scientific Committee on Consumer Products (SCCP) publicou estudos preliminares a respeito da utilização dos parâmetros usados na avaliação de segurança de nanomateriais em produtos cosméticos e concluiu que alguns deles ainda não são adequados (http://ec.europa.eu). Por sua vez, o Food and Drug Administration (FDA) abordou o assunto discutindo: a) o estágio do conhecimento resultante da interação biológica e as nanopartículas; b) as recomendações pertinentes à necessidade de se discutir assuntos científicos e regulatórios (Nanotechnology - a Report of the US FDA, 2007).

O crescente aumento da presença de nanopartículas em diferentes produtos comerciais, entre eles os cosméticos, tem motivado o debate, algumas vezes contraditório, a respeito dos possíveis danos, à saúde humana e ao meio ambiente, que seriam fruto de exposições diretas e, ou, indiretas a essas minúsculas partículas. Organizações ambientais também se mostraram preocupadas com o assunto em pauta (http://www.foe.org, http://greenpeace.org.uk e http: www.icta.org).

Sob o ponto de vista de conceituados toxicologistas, os protocolos de estudos empregados na caracterização rotineira das substâncias químicas são suficientemente robustos para prover, também, a caracterização de nanopartículas (http://www.nanotoxicology.ufl.edu). Durante os últimos anos, ainda bem recentes, os riscos potenciais que as nanopartículas trazem à saúde humana e ao ambiente foram revisados pela comunidade internacional. A conclusão foi consensual: as nanopartículas podem trazer novos riscos, embora a natureza destes possa ser hipotética (Critical Reviews in Toxicology 37:151-177, 2007).



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