Mercado

O mundo está menor ou apenas desproporcional?

Março/Abril 2010

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

Ambos! O mundo está menor e desproporcional. Esta é a conclusão de vários relatórios sobre crescimento populacional, análise de risco global e ambiental. Existe, sim, superlotação em alguns centros econômicos, o que faz que o consumo de recursos naturais seja avassalador, mas em outros se nota até mesmo o encolhimento da população, o que leva à criação de programas governamentais para aumento da natalidade.

Enquanto Júlio Verne escrevia A volta ao mundo em 80 dias, por volta de 1870, a população do mundo naquela época era 1,2 bilhões de pessoas. Cem anos depois, em meio a um mundo agitado por guerras e conquistas de direitos humanos, a população era de 3,7 bilhões. Vamos às contas: 208% de crescimento. No arrasto desse crescimento vieram as mudanças na distribuição geográfica. Em 2008, éramos 6,7 bilhões com uma população 50% urbana. As previsões são assustadoras: em 2050, seremos 9,2 bilhões concentrados em cidades (70%).

O problema maior têm sido os desequilíbrios. Desequilíbrios de todos os tipos que possamos imaginar. Desequilíbrios na oferta dos bens materiais básicos, como água, alimento, emprego, educação e aspirações, e todos ocorreram muito mais rapidamente do que podemos entendê-los e nos adequar. Com a globalização, cada vez mais pessoas terão um padrão de consumo de classe média, o que devorará os recursos naturais com uma velocidade maior ainda do que já está ocorrendo, e, em virtude do aumento da longevidade, por mais tempo. Exemplo? Vamos lá. Em 1994, o peso médio do “atum do Mediterrâneo” era de 159 kg; em 2009, passou para 77 kg. Causas? As mais diversas, que vão desde o aprimoramento das técnicas predatórias até os problemas de poluição e, lógico, o aumento do consumo. Hoje, quem mora no Chile tem igual acesso ao produto e facilidade de encontrá-lo que quem mora na Itália.

Diante desse quadro, a massa humana dá continuidade à busca de soluções na tentativa de adequar a situação a um nível confortável. A educação colabora nesse sentido. As estatísticas mostram que quanto maior é o grau de instrução de um Estado, menor é a taxa de natalidade, porém maior é a concentração da população urbana. No Brasil, isso foi uma realidade e, pelo que tudo indica, também o será no continente mais pobre do mundo, a África.

A agricultura sempre recebeu forte pressão para colocar o pãozinho na mesa das pessoas todos os dias. O aumento do preço dos alimentos ao longo do tempo não foi suficiente para conter a demanda, que só aumenta e que saltará dos 2,1 bilhões, hoje, para 3 bilhões de toneladas, em 2050.

O problema é que a proporção de terra útil por habitante vem diminuindo. Em 1970, eram 3.800 metros quadrados por pessoa; hoje são cerca de 2.200. A comida continua chegando às mesas graças a alguns avanços nas técnicas agrícolas empregadas (expansão da fronteira agrícola, biotecnologia e modernização das lavouras).

Enquanto isso, em meio a tantas percepções preocupantes, o segmento cosmético entra neste cenário para aliviar as tensões existenciais. E, de posse da informação que as classes C e D são as que estarão apresentando o maior ganho de poder aquisitivo, empresas locais, como O Boticário, prepararam-se para ingressar em novos segmentos, não explorados, quer seja por meio de lançamentos, quer seja por meio de aquisição de empresas (como foi noticiado no Brasil Econômico, de 23 de março deste ano. Com a Europa diante de um mercado maduro e estável, as oportunidades de crescimento recaem naquele que é o terceiro maior mercado cosmético do mundo, o Brasil.

É assim que a Nivea irá focar seus esforços nos anos que virão, em virtude dos excelentes resultados que o País trouxe a esse grupo. No entanto, isso fará que parte do mercado de desodorantes, protetores solares e produtos masculinos, hoje ocupado, principalmente, por Unilever e por Johnson & Johnson, seja alterado. Já a Natura aposta na diversificação da famosa linha Chronos, com várias nuances por idade, por intensidade da correção desejada pelo consumidor e permitida pelo bolso.

A solução dos problemas de desequilíbrio mundial não passa, necessariamente, pelo segmento cosmético, mas com certeza ajudará a promover o bem-estar daqueles que estão buscando soluções para o mundo em que vivemos: nós.



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