Gestão em P&D

Uma formulação tem sete fórmulas!

Setembro/Outubro 2009

Wallace Magalhães

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Wallace Magalhães

Não estamos falando em aproveitar a mesma formulação para sete produtos diferentes nem em derivar formulações a partir de outra já desenvolvida, com alterações de cor ou fragrância.

Esse tema não é tratado em palestras ou simpósios, mas é decisivo para a realização dos trabalhos. De um modo ou de outro, todas essas maneiras de escrever uma mesma formulação acabam por aparecer no dia a dia do desenvolvedor. A ideia aqui é discorrer sobre cada uma delas, ressaltando seus objetivos, formatos e características, para que possam ser corretamente emitidas e totalmente aproveitadas.

Para facilitar a compreensão do assunto, vamos estabelecer que “fórmula” é uma forma específica de escrever uma formulação. No dicionário, o verbo “formular” significa “exprimir ou expressar de maneira precisa”. Assim fica fácil entender que uma formulação tem, na realidade, sete fórmulas, ou sete maneiras de ser escrita. Seguem as razoes para quando e porque emitir cada uma delas.

Fórmula: Quando ou porque emitir

- Fórmula Inicial ou Original: No início do desenvolvimento, normalmente a partir de um briefing

- Fórmula de Custo: Antes da preparação de amostras, para verificar se o custo da fórmula original está adequado ao briefing

- Fórmula Quantitativa Consolidada: Antes da preparação de amostras, para verificar se as substâncias utilizadas estão em conformidade com as listas restritivas

- Fórmula para Bancada: Para instruir a preparação de amostras pelo laboratório

- Fórmula Qualitativa: Para constar no texto de rotulagem

- Fórmula Regulatória: Para constar no processo de notificação ou registro e no dossiê do produto

- Fórmula para Produção: Para gerar ordens de produção

De início devemos ressaltar que, nem de longe, os dados dessa Tabela conseguem delinear o perfil ou a consistência de cada uma das fórmulas. Elas têm conteúdo, formato, padrão, ordenação e finalidades bem distintas, apesar de se originarem da mesma formulação. O desrespeito a essas características pode comprometer todo o processo, como a geração de fórmulas diferentes para a mesma formulação, o que certamente iria causar muitos transtornos. Daí a recomendação de utilizar procedimentos ou ferramentas específicas e validadas. A seguir, vamos discutir as características, as particularidades, a emissão e a aplicação de cada uma dessas “fórmulas”, com a intenção de auxiliar os desenvolvedores a cumprir essas sete etapas com o máximo de precisão e rapidez.

Fórmula Inicial ou Original

Essa é a primeira fórmula de uma formulação. É gerada no início do desenvolvimento, normalmente a partir de um briefing, e servirá de raiz para as outras fórmulas. São características desejáveis para a Fórmula Inicial:

1. Usar nomenclatura do cadastro do laboratório para descrever os ingredientes

2. Ser ordenada por fase, privilegiando o processo de preparação

3. Repetir ingredientes quando aparecerem em fases diferentes

4. Expressar as quantidades preferencialmente em unidades de massa. Substâncias com quantidades expressas em ml não somam linearmente, já que certamente terão massas específicas diferentes. Normalmente a diferença é mínima, mas, por cautela, é melhor expressar a quantidade em unidades de massa.

5. Ter caráter centesimal, ou seja, totalizar em 100, que é o padrão técnico e regulatório

6. Não usar a expressão “qsp 100” no campo destinado à quantidade do veículo. Com as novas tecnologias que já estão disponíveis, é indispensável que uma Fórmula Inicial mostre 100 no seu total. Para isso o campo destinado à quantidade do veículo deve ser numérico, o que permite a soma automática

7. Quantificar os ingredientes de forma a facilitar a preparação das amostras, ou para ajustar as quantidades a serem medidas às escalas das balanças do laboratório, com o uso de soluções ou bases pré-formuladas

8. Apresentar blends e bases pré-formuladas como ingrediente único. Ver exemplo abaixo

9. Conter, além da composição, o processo de preparação e as especificações

É uma prática consagrada o uso de soluções, blends e bases pré-formuladas na preparação de amostras no laboratório de desenvolvimento. Como a Fórmula Inicial, mais adiante, dará origem à Fórmula para Bancada, é recomendável que soluções, blends e bases pré-formuladas figurem nela como ingrediente único. Vamos ilustrar com uma Fórmula Inicial do desenvolvimento de uma nova cor de maquiagem, no qual é comum utilizar bases coloridas previamente preparadas. Veja como a fórmula deveria ficar.

Fase -> Ingrediente -> Qtde centesimal -> Unid

A1 -> Base Negra -> 5,000 -> g

A2 -> Base Amarela -> 8,000 -> g

A3 -> Base Vermelha -> 12,000 -> g

A4 -> Base Branca -> 74,500 -> g

B1 -> Fragrância -> 0,500 -> g

A Fórmula para Bancada é praticamente igual à Fórmula Inicial. A diferença entre elas está somente na inclusão da coluna “pesar” na Fórmula para Bancada, que irá totalizar a quantidade de amostra que se deseja preparar. Os detalhes desta e das outras fórmulas serão assuntos das próximas edições.



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