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Em fevereiro de 2010, aqui nesta coluna, falamos um pouco sobre este relatório(*). Sete anos depois, voltamos a ele, apesar de sua edição anual. Neste período, muita coisa mudou, incluindo a maneira como se observa o risco global. Variáveis como radicalizações sociais, desequilíbrio na distribuição de renda e uma crescente visão separatista das nações vem causando uma profunda e duradoura mudança nas relações internacionais, além de uma intensificação da sinergia entre os vários riscos.
O painel da pesquisa contou com 745 participantes, distribuídos entre organizações privadas (47% do total), acadêmicas, não governamentais, governamentais e instituições internacionais dos cinco continentes, mas majoritariamente europeias (30%), com idades variando entre 30 e 49 anos (44%), com formação majoritariamente em economia (36%) e ciências sociais. Os dados anteriores mostram que o painel tem uma boa representatividade das várias dimensões da sociedade.
No entanto, qual é o conceito de risco global? De acordo com o estudo e a metodologia empregada pelo Word Economic Global Risks, o risco global é definido como “evento incerto ou condição que, se isso ocorrer, pode causar impacto negativo para vários países ou indústrias dentro dos próximos 10 anos”.
A partir da premissa do conceito, a metodologia divide os riscos globais em cinco categorias: Econômica, Ambiental, Geopolítica, Social e Tecnológica. Dentre estas categorias, foram avaliados 30 diferentes riscos de acordo com a probabilidade de ocorrência e severidade de impacto, sendo que todos os riscos obtiveram avaliações de probabilidade de ocorrência acima da média (média de todos os riscos: 4,92, numa escala de 1 a 7,0). O mesmo para a severidade do risco: todos acima da média (média de todos os riscos: 3,47 numa escala de 1 a 5,0).
O que isto significa? Que a probabilidade de ocorrência dos riscos e seus impactos é grande.
Entre os cinco maiores riscos globais com maior probabilidade de ocorrência, dois são de natureza Ambiental (Eventos climáticos extremos e Grandes desastres naturais), Social (Movimentos migratórios involuntários em grande escala), Geopolítico (Ataques terroristas em grande escala) e Tecnológico (Roubos e fraudes impactantes de dados eletrônicos). Do ponto de vista da severidade de impacto, três são de natureza Ambiental (Eventos climáticos extremos, Grandes desastres naturais e Falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas), Geopolítico (Armas de destruição em massa) e Social (Crise no abastecimento de água).
A título de exemplo, considere o risco de maior probabilidade: Eventos climáticos extremos (categoria Ambiental). Este risco diz respeito aos perigos causados por inundações, tempestades com danos a grandes propriedades, infraestrutura e/ou ambientais, com perda significativa de vidas humanas (Probabilidade: 5,89 numa escala de 7,0, e Severidade: 3,82 numa escala de 5,0).
Considerando o risco global mais preocupante para a realização de novos negócios em seus países de origem, mais de um terço dos participantes indicaram o risco global de classe Econômica: Alta taxa de desemprego estrutural e subemprego (subutilização da capacidade produtiva da população empregada). Este é um risco de probabilidade 5,05 e severidade de 3,59.
Para dois terços dos participantes, o principal risco global apontado para o Brasil é o risco Geopolítico “Falha na governança nacional” (traduzindo: incapacidade de governança de uma nação de importância geopolítica por fraqueza no comprimento das leis, flagrante corrupção, constantes e severos impasses políticos etc. – bem de acordo com o cenário político/econômico do país). Dois outros riscos em importância apontados para o país são de natureza Econômica: Falha de infraestrutura crítica (opinião de 40% dos participantes) e, em terceiro lugar, a Alta taxa de desemprego estrutural e subemprego.
O relatório permite, ainda, a comparação entre países para um mesmo risco. Exemplo: na opinião dos participantes, considerando o risco Geopolítico “Falha na governança nacional”, o Brasil apresenta uma desvantagem competitiva frente aos países do BRICS – nenhum deles tem este risco entre os três principais riscos. Por outro lado, apresenta uma vantagem competitiva em relação a estes países considerando o risco tecnológico “Roubo e fraude de dados” (exploração indevida de dados provados ou oficiais em grande escala) – África do Sul e Rússia têm este risco entre os 10 mais importantes.
O relatório permite muitos outros tipos de análise, cruzamento e avaliação de tendências. É uma excelente fonte de informação para os estrategistas de mercado que têm a difícil tarefa de traçar cenários.
(*)http://www.vigilancia.stahl.inf.br/2010/02/04/biodiversidade-no-mapa-de-risco-global-de-2010/
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