Mercado

Quem são os desocupados do país?

Novembro/Dezembro 2016

Carlos Alberto Pacheco

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Carlos Alberto Pacheco

É de conhecimento de todos que a Taxa de Desocupação(1) nacional cresceu no último ano – foi de 8,3%, no segundo trimestre de 2015, a 11,3%, no segundo trimestre de 2016. O aumento ocorreu em todas as regiões do Brasil, sendo a Nordeste a mais afetada -atualmente com 13,2% de sua população sem emprego.

Mas como é construído este índice? Tudo começa com a determinação da População em Idade Ativa (PIA). Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), esta população compreende pessoas com 14 anos de idade ou mais. Serve para indicar a porcentagem de pessoas que já poderia estar trabalhando, dando assim uma ideia da quantidade de mão de obra disponível. Hoje, com uma população de 210,4 milhões, o país apresenta uma PIA de 170,4 milhões, que corresponde a 81% do efetivo nacional – mais que a soma das populações argentina, colombiana, venezuelana e peruana. A região Sudeste concentra o maior percentual da PIA, com 83,1%.

No entanto, não são todos os 170,4 milhões de aptos para exercer algum tipo de atividade renumerada que estão de fato ocupados (trabalhando) ou desocupados (procurando alguma atividade remunerada). A parte da PIA compreendida nos termos anteriores forma a População Economicamente Ativa (PEA). Atualmente, a PEA nacional corresponde a 61,6% da população, e este percentual permanece praticamente inalterado há anos, compreendendo 105 milhões de pessoas. Na região Centro-Oeste, está o maior percentual da PEA: 65,5%.

A partir destes percentuais, dois indicadores muito importantes para avaliar a pujança da economia de um país podem ser construídos: o Nível de Ocupação (percentual das pessoas ocupadas em relação à PIA) e a Taxa de Desocupação (percentual das pessoas desocupadas em relação à PEA). Note que são conceitos diferentes.

O Nível de Ocupação mede a parte da população empregada (remunerada) em relação à parte da população apta a trabalhar (PIA), ou seja, mostra o potencial de inserção da população no mercado de trabalho, e, por consequência, o potencial de consumidores. Quanto maior for este percentual, maior será o poder econômico de uma nação. O Nível de Ocupação nacional apresentou queda nos últimos 12 meses - foi de 56% para os atuais 54,6%. Isso quer dizer que somente 93 milhões de pessoas encontram-se em situação de trabalho remunerado. O maior Nível de Ocupação do país está na região Centro-Oeste (59,2%). No entanto, as outras regiões apresentaram queda - exceto o Sudeste, onde o índice aumentou de 55,9% para 56,1% nos últimos seis meses. Porém, a média nacional já era preocupante e tende a se agravar ainda mais com a atual crise.

Por outro lado, a Taxa de Desocupação (ou taxa de desemprego) mede a parte da população que não está empregada em relação à PEA (População Economicamente Ativa), ou seja, é o potencial de pessoas que deixaram de ser consumidores mais atuantes por estarem no mercado de trabalho de forma não remunerada. Como já foi dito, atualmente a Taxa de Desocupação nacional é de 11,3% - em termos de população, isto representa 11,9 milhões de habitantes, e, a título de comparação, a cifra corresponde à população da cidade de São Paulo. E quem são estes “desocupados”? Olhando regionalmente, eles se encontram no Nordeste (13,2%). Segmentando por sexo, os dados mostram uma desigualdade de gênero, pois a Taxa de Desocupação entre as mulheres é de 13,2% contra 9,9% frente ao sexo masculino. Do ponto de vista da idade, a população entre 18 e 24 anos apresenta um índice de 24,5%, ou seja, de cada 10 jovens, 4 estão desempregados. Em relação ao nível de instrução, a maior Taxa de Desocupação abrange os que não completaram o Ensino Médio.

O rendimento médio real obtido pelas pessoas ocupadas foi estimado em R$ 1.972,00, apresentando queda de 4,2% (há 12 meses, era de R$ 2.058,00). O rendimento médio da região Sudeste é o maior quando comparado com as demais (R$ 2.279), porém apresentou o mesmo percentual de queda no mesmo período. Isto representa uma saída de R$ 107,5 milhões do mercado consumidor.

Conclusão: nos últimos 12 meses, houve menos gente ocupada de forma remunerada, mais gente ocupada ganhando menos, menos dinheiro circulando no mercado consumidor e preços mais altos (IGPM 12,2% e IPCA 8,8%). O nome disto é crise.

(1) Percentual da população desempregada, porém procurando uma ocupação, em relação à PEA (População Economicamente Ativa).

Dados baseados nos dados disponibilizados pelo IBGE – PNAD 2º Trimestre/2016



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Parabéns pelo artigo, Carlos Alberto Pacheco! O artigo vai ajudar muita gente a se esclarecer sobre esses índices relacionados a economia. Qual o valor do rendimento médio real obtido pelas pessoas ocupadas em outras regiões?

por Carlos Mesquita Aguiar 24/02/2017 - 19:16

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