Cosméticos x mudanças climáticas
Ações e inovações da indústria
matéria publicada na revista Cosmetics & Toiletries Brasil, Set/Out de 2025, Vol. 37 Nº5 (págs 7 a 13)

Cosméticos x mudanças climáticas
As mudanças climáticas impõem novos desafios à humanidade e acarretam impactos em toda a cadeia produtiva da indústria, abrangendo aspectos como armazenamento, distribuição, disponibilidade e qualidade de matérias-primas e ajustes em formulações, dentre outros fatores. Eventos extremos decorrentes das alterações do clima produzem efeitos interconectados, criando novas realidades e necessidades de consumo – um cenário que, para além das adversidades, pode gerar possibilidades de inovação.
Mudanças climáticas são alterações de longo prazo nos padrões do clima da Terra, especialmente relacionadas a temperatura, chuvas, ventos e eventos extremos. Essas mudanças podem ocorrer naturalmente – como variações na atividade solar ou erupções vulcânicas –, mas o termo é usado principalmente para se referir às transformações causadas pela ação humana.

Dentre essas ações estão a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural), que libera grandes quantidades de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, e o desmatamento, que reduz a capacidade das florestas de absorver dióxido de carbono. A agricultura e a pecuária intensivas emitem metano e óxido nitroso, gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global.
A ONU destaca que, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis. A queima gera emissões de gases de efeito estufa, que agem como um cobertor envolvendo a Terra, retendo o calor do sol e aumentando as temperaturas.
A Terra tem um efeito estufa natural, que é essencial para a vida ao manter o planeta aquecido. Gases como dióxido de carbono (responsável por cerca de dois terços dos GEE) absorvem parte do calor irradiado pela Terra, impedindo que ele se dissipe totalmente. O aumento dessas concentrações intensifica o efeito estufa, aprisionando mais calor e, consequentemente, elevando a temperatura média do planeta.
O planeta está cerca de 1,1 °C mais quente do que no final do século 19, e a última década foi a mais quente já registrada. Como tudo na Terra está conectado, essas alterações acarretam uma série de consequências, que incluem secas intensas, escassez de água, incêndios severos, aumento do nível do mar, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades catastróficas e declínio da biodiversidade.
Para Marcelo de Paula Corrêa, professor titular e diretor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá, líder do grupo de pesquisa "Expossoma, Meio Ambiente, Informação e Saúde (E+)" e membro do Conselho Técnico-Científico da Abihpec, um dos maiores desafios impostos pelas mudanças climáticas à indústria cosmética diz respeito à utilização da água.
“Eventos extremos associados às mudanças climáticas, como secas e inundações mais severas e recorrentes, resultam em uma crise hídrica sem precedentes, que afeta tanto a disponibilidade quanto a qualidade da água. Isso afeta diretamente a produção de cosméticos, já que a fabricação de produtos requer grandes volumes de água de boa qualidade, purificada e/ou desmineralizada”, diz.
Ele também destaca os problemas relacionados à escassez e à volatilidade no fornecimento de matérias-primas de origem vegetal. “Muitos ingredientes-chave são de origem natural e agrícola, provenientes de ecossistemas importantes e sensíveis, como a Amazônia e o Cerrado. Esses biomas estão ameaçados e, portanto, os insumos derivados de plantas raras ou específicas dessas regiões podem ser levados à redução crítica ou mesmo ser extintos. Em paralelo, eventos extremos decorrentes das mudanças do clima reduzem drasticamente a produtividade e a qualidade dessas culturas”, cita.
O clima extremo ainda pode provocar atrasos e interrupções na cadeia logística. “Enchentes e incêndios florestais podem danificar instalações de produção e armazenamento e interromper rotas de transporte críticas, afetando ou paralisando a produção e a distribuição”, menciona.
No Brasil, onde a principal matriz de transporte é a rodoviária, “esse problema se torna ainda mais preocupante, provocando lentidão e atrasos nas entregas, aumento do consumo de combustíveis e de manutenção, bem como perdas de produtos e aumento dos custos de seguros e logística, que são repassados ao consumidor final”, diz.
Ele aponta que a ocorrência de temperaturas mais elevadas por longos períodos, durante transporte e armazenamento, pode afetar a estabilidade e a eficácia dos produtos, exigindo novos sistemas de preservação e testes mais rigorosos. “Não podemos nos esquecer da pressão da opinião pública. Essa preocupação do consumidor leva à maior demanda por produtos sustentáveis, embalagens recicladas ou recicláveis, formulações biodegradáveis e cadeias de suprimento éticas”, afirma.
Marcelo ressalta que a gestão climática deixou de ser um diferencial para se tornar um pilar central da estratégia de negócios. “A indústria cosmética, assim como a de qualquer outro setor, não pode apenas extrair, produzir e vender. Ela precisa se tornar regenerativa e circular, ressarcindo o que extraiu, devolvendo à natureza o que gastou para produzir e usando parte do lucro para investir em soluções sustentáveis. É uma necessidade ambiental e questão primordial para a vida das futuras gerações”, diz.
Eventos climáticos extremos podem ser considerados riscos agudos para a operação, uma vez que paralisam a produção, interrompem cadeias de suprimentos e geram perdas econômicas diretas. “Também temos riscos crônicos associados às mudanças de longo prazo, como a escassez hídrica, o desaparecimento de biomas e a elevação do nível do mar. Esses fenômenos podem inviabilizar a manutenção de áreas industriais e elevar os custos de operação a patamares insustentáveis”, afirma.
“Por essas razões, a gestão climática eficaz envolve mapeamento desses riscos, modernização da logística, adaptação das operações, como a mudança de local ou o reforço de infraestrutura, e criação de planos de continuidade de negócios, garantindo a resiliência da empresa”, completa.
Ele menciona que ações relacionadas à competitividade e à redução de custos operacionais – como a necessidade de transição para uma economia de baixo carbono, uso racional da água e redução da pegada ambiental – estão relacionadas à maior facilidade no acesso a financiamentos.
Investidores, bancos e fundos aplicam, cada vez mais, critérios baseados em aspectos ambientais em suas decisões para propor linhas de crédito e taxas de juros mais favoráveis.
Ele acredita que a adaptação em razão das mudanças climáticas pode gerar oportunidades de inovação. “Nossa adaptação a esse novo cenário de tempo e clima depende fundamentalmente da inovação. As empresas que encararem essas mudanças não como uma ameaça ou uma obrigação de compliance, mas como a maior oportunidade de inovação e liderança do século 21, terão muito mais chances de prosperar no futuro”, diz.
“A necessidade de adaptação força uma reavaliação profunda de produtos, processos e modelos de negócios, levando a avanços que devem transcender a questão climática, com novos modelos de eficiência, novos mercados e vantagem competitiva”, acrescenta.
Marcelo destaca como exemplo a necessidade de ampliação do conceito de fotoproteção solar. A combinação da exposição ao sol, à poluição e às variações de temperatura exige produtos de múltipla proteção. “O Brasil, por ser um país tropical e ter um consumidor exigente e preocupado com a saúde da pele e dos cabelos, demanda inovações ainda mais ousadas para o desenvolvimento de cosméticos de amplo espectro protetor e agradáveis ao uso, diante de condições extremas de temperatura e umidade, poluição do ar e muito sol”, afirma.
Ele ressalta que estudos publicados recentemente mostram o efeito deletério da combinação da poluição com altos níveis da radiação solar ultravioleta sobre a saúde da pele e dos cabelos. “O desafio das mudanças climáticas também afeta a exposição a esses estressores ambientais e revela maior necessidade de reavaliação dos hábitos e da inovação dos produtos cosméticos no decorrer deste século”, diz.
“Até mesmo a tradicional proteção à radiação UV deve ser revisitada, uma vez que a exposição silenciosa às bandas da radiação ultravioleta do tipo UVA e radiação visível, que boa parte dos protetores solares não oferece adequadamente, também pode ser um fator importante para minimizar o envelhecimento precoce e evitar a ocorrência de fotodermatoses”, conclui.

A reportagem How a warming climate wears on the skin, publicada em julho de 2024 na revista Harvard Medicine, menciona a percepção de dermatologistas do Hospital Geral de Massachusetts, que notaram um aumento incomum de crises de eczema e dermatite, possivelmente relacionado à exposição à fumaça de incêndios florestais em regiões distantes. A média de atendimentos dermatológicos mensais durante o verão saltou de 20 para 160.
De forma geral, as mudanças climáticas pioram a saúde da pele em razão do aumento da radiação UV, da elevação das temperaturas e da poluição atmosférica, que podem acarretar maior incidência de casos de câncer de pele e agravar condições como dermatites, rosácea e melasma, além de aumentar a incidência de doenças infecciosas e inflamatórias.

“O calor intenso e a radiação UV aceleram o envelhecimento cutâneo, aumentam a produção de radicais livres e favorecem o aparecimento de manchas, rugas e até mesmo câncer de pele. Além disso, eles podem provocar desidratação, agravando condições como dermatite atópica e psoríase. A piora da qualidade do ar, com maior exposição a poluição e partículas finas, aumenta a inflamação cutânea, obstrui os poros e contribui para o surgimento de acne e sensibilidade, por conta do acúmulo de resíduos na pele”, diz o dermatologista Raul Cartagena Rossi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e consultor da TheraSkin.
Nos cabelos, essas alterações oxidam a fibra capilar, deixando-os mais ressecados, quebradiços e com perda de brilho. “São impactos cumulativos que exigem cuidados preventivos constantes, como uso de protetor solar, antioxidantes tópicos e orais, hidratação adequada e barreiras físicas de proteção”, cita.
“Em condições climáticas adversas, é essencial adotar uma rotina preventiva para proteger a pele e os cabelos. O uso diário do protetor solar continua sendo o passo mais importante, mesmo em dias nublados, já que a radiação UV ultrapassa as nuvens, podendo causar manchas e envelhecimento precoce. Além disso, produtos antioxidantes como a vitamina C são grandes aliados, pois neutralizam os radicais livres gerados tanto pela radiação solar quanto pela poluição”, menciona.
“Formulações com ácido hialurônico, ceramidas ou pantenol ajudam a manter a barreira cutânea íntegra, reduzindo a irritação e o ressecamento. Nos cabelos, é recomendado o uso de produtos com filtro UV, óleos nutritivos e antioxidantes, que protegem a fibra capilar. Manter uma rotina de limpeza suave, hidratação consistente e proteção diária faz toda a diferença para minimizar os efeitos do clima sobre a pele e os cabelos”, completa.
Ações e inovações da indústria

Há cerca de três anos, a L’Oréal anunciou uma parceria com uma das empresas de tecnologia climática mais inovadoras e precisas do mundo, a BreezoMeter. Com sede em Israel, a BreezoMeter é líder no segmento de informações ambientais sobre qualidade do ar, pólen e incêndios. Seu principal objetivo é melhorar a saúde e a segurança de bilhões de pessoas em todo o mundo, fornecendo dados e insights ambientais precisos.
A parceria irá revelar novos insights sobre como o meio ambiente afeta o envelhecimento da pele e fornecerá novos serviços aos consumidores em todo o mundo, com rotinas personalizadas e orientações sobre estilo de vida.
Em 2022, os grupos L’Occitane e Kering, especializado em artigos de luxo, lançaram o Climate Fund for Nature, iniciativa que apoia projetos que protegem a natureza e a biodiversidade. As empresas financiarão soluções baseadas na natureza para expandir sumidouros naturais de carbono. As operações tiveram início em 2023. Foram direcionados para o fundo € 140 milhões, voltados a projetos de conservação, biodiversidade e regeneração em países onde as empresas obtêm matérias-primas.
Em julho deste ano, marcas líderes como L’Oréal Paris, Neutrogena, Nivea Q10 e Eucerin começaram a publicar as classificações EcoBeautyScore nas embalagens de produtos em mercados europeus selecionados, oferecendo aos consumidores uma visão transparente do impacto ambiental dos produtos em todo o seu ciclo de vida. O EcoBeautyScore é o primeiro sistema de pontuação ambiental com base científica para cosméticos e produtos de cuidado pessoal, abrangendo toda a indústria.
Desenvolvido ao longo de três anos por um consórcio sem fins lucrativos de mais de 70 fabricantes globais e associações comerciais, o EcoBeautyScore está alinhado com a metodologia de Pegada Ambiental do Produto (PEF, na sigla em inglês) da União Europeia e avalia produtos em 16 categorias de impacto ambiental — incluindo emissões de carbono e uso de água, bem como uso da terra e esgotamento de recursos.
O sistema de pontuação utiliza uma classificação simples de A a E, projetada para condensar dados ambientais complexos em um formato amigável ao consumidor. A metodologia foi revisada por especialistas externos, e as marcas participantes estão sujeitas a auditorias regulares de terceiros independentes. O EcoBeautyScore está atualmente disponível para quatro categorias de produtos: shampoo, condicionador, sabonete líquido e produtos para cuidados faciais.
A plataforma está aberta a todos os fabricantes, com testes gratuitos e suporte de integração disponíveis, e se expandirá gradualmente para cobrir toda a categoria de cosméticos e cuidado pessoal, em escala global.
Em julho deste ano, a Natura foi reconhecida com nota A em Clima pelo CDP (Carbon Disclosure Project), plataforma internacional que avalia a transparência e as ações das empresas diante das mudanças climáticas, além de receber nota A também na categoria de Avaliação de Engajamento do Fornecedor.
Mais de 21 mil empresas no mundo foram avaliadas e apenas 2% conquistaram esse reconhecimento. No Brasil, somente oito empresas alcançaram a pontuação, sendo a Natura a única do setor de cosméticos presente neste índice.
A iniciativa tem como objetivo medir o engajamento empresarial com as metas climáticas, promover boas práticas dentro das organizações e acelerar a descarbonização nas cadeias globais de suprimentos. As empresas com pontuação A são reconhecidas por iniciativas no combate às mudanças climáticas a partir dos critérios: Processos de Gestão de Riscos, Governança e Estratégia de Negócios, Engajamento com Fornecedores, Emissões de Escopo 3 e Metas Net Zero.
Um exemplo de como a Natura trabalha a descarbonização na cadeia é a Aliança Regenerativa, uma coalizão com fornecedores de diversos segmentos para fomentar boas práticas de sustentabilidade. Em um ano de Aliança, mais de 130 empresas já se tornaram signatárias.

No Relatório ESG 2024, o Grupo Boticário informa que um dos principais marcos no enfrentamento às mudanças climáticas no ano passado foi a elaboração do Plano de Transição e Adaptação Climática, desenvolvido com o apoio de consultoria externa.
O documento apresenta estratégias de mitigação e adaptação, que já estão fundamentando decisões relacionadas à expansão, inovação e operação, assegurando que os requisitos de descarbonização sejam incorporados em novos projetos e iniciativas.
Dentre as ações mencionadas no relatório, está o programa Energia do Amanhã, que teve início em 2023 com um projeto piloto de aquisição de energia renovável para lojas próprias em Minas Gerais e foi ampliado em 2024.
Atualmente, o grupo já firmou contratos para mais de 125 lojas e estendeu a iniciativa à rede de franquias, impulsionando o uso de energia renovável em mais de 300 pontos de venda franqueados.
Além do programa Energia do Amanhã, o Grupo Boticário vem implementando diversas iniciativas para aumentar a eficiência e o uso de fontes renováveis em suas operações. Um dos avanços mais significativos foi a migração do Centro de Distribuição de Varginha (MG) para o mercado livre de energia no final de 2023, permitindo a compra direta de energia – incluindo fontes renováveis – das empresas geradoras.
As unidades de Camaçari (BA), São José do Rio Preto (SP), Registro (SP), São Gonçalo dos Campos (BA) e Varginha (MG) já consomem energia 100% renovável via mercado livre de energia.
Em alinhamento com ações de enfrentamento a questões relacionadas às alterações climáticas, a indústria segue investindo no desenvolvimento de produtos que unem sustentabilidade e alta performance. Tendências como a waterless, com cosméticos formulados usando pouca ou nenhuma água, ganham espaço no cotidiano dos brasileiros.
Versões em barra ou em pó de shampoos, condicionadores, desodorantes e produtos para skincare demandam menor quantidade de água na produção e na forma como o produto é utilizado, dispensam embalagens plásticas, proporcionam economia na armazenagem e entregam maior durabilidade ao consumidor.
Dentre outras razões, colaboram para esse movimento a tendência de redução no uso de conservantes, inovações em texturas, a simplificação das rotinas de beleza, a ascensão de marcas de baixo desperdício e o desenvolvimento de cosméticos ativados no momento do uso com pouquíssima água.
Um relatório da empresa de consultoria Future Market Insights (FMI) estima que os cosméticos waterless tenham uma taxa de crescimento anual composta superior a 13% no período de 2021 a 2031. Segundo a FMI, em 2020, quase 12% dos lançamentos globais em cuidado pessoal foram descritos como waterless. O estudo afirma que esses produtos representam 23% do mercado de cuidado pessoal nos Estados Unidos.
No mercado internacional, há exemplos de produtos com propostas direcionadas aos efeitos das alterações do clima na pele. A norte-americana Pour Moi foi uma das primeiras a adotar o conceito de cuidado da pele adaptável ao clima. A abordagem climate-smart da Pour Moi baseia-se na premissa de que o clima local tem um impacto único na aparência e na saúde da pele, com influência na eficácia e na forma como o produto interage com a pele.
Em abril de 2022, a Pour Moi lançou o sérum Smoke Alarm Drops, produto que protege a pele contra os efeitos nocivos da poluição e da fumaça. A composição inclui os ativos Lipobelle Pino C, um fitocomplexo vegetal derivado do pinho suíço, que reduz a inflamação da pele em aproximadamente 80%; o MossCellTec, um extrato de musgo biotecnológico que ajuda a pele a se adaptar e a permanecer resiliente sob estresse climático; e a tecnologia Climate-Smart Shield, um complexo sinérgico patenteado de ácido hialurônico multimolecular e um ativo adaptogênico derivado de trufas, que forma uma camada respirável na superfície da pele.
O frasco do produto traz um QR code, para que o usuário acesse dados locais sobre a qualidade do ar, em tempo real. A ferramenta de IA recomenda se a proteção é necessária naquele dia e exatamente quantas gotas do sérum devem ser aplicadas. O frasco de 15 ml contém aproximadamente 150 gotas. As aplicações variam, em média, de uma a três gotas. O sérum pode ser misturado a um hidratante ou ser aplicado diretamente sobre a pele.

A linha Augmented Skin, da Prada, lançada em agosto de 2023, foi desenvolvida com a tecnologia Adapto.gn Smart e descrita como “um complexo multipotente que ajuda a pele a se adaptar ao ambiente em tempo real”. A marca informa que a tecnologia combina adaptógenos com dermoativos para aumentar a resistência da pele ao estresse induzido pelo clima.
São três produtos (creme para uso diurno e noturno, sérum e um produto para limpeza e remoção de maquiagem) formulados com ingredientes como Proxylane de origem biológica, ácido hialurônico, ceramidas e vitamina C. A proposta é restaurar a hidratação, fortalecer a barreira da pele e prevenir o envelhecimento precoce.

O advogado Luíz Marinello, sócio da Marinello Advogados e especialista em aspectos legais da bioeconomia, biodiversidade e propriedade intelectual, destaca a relação entre tratados internacionais, propriedade industrial e os esforços tecnológicos relacionados às mudanças do clima. “A inovação pode resultar de diversas fontes e se ela é passível ou não de proteção e direitos de exclusividade, é a propriedade industrial que definirá”, aponta.
Para contextualizar essa a relação, ele lembra que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima tem por objetivo estabelecer critérios claros para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, em prazo razoável.
“Durante a ECO-92, representantes de 179 países consolidaram uma agenda global para minimizar os problemas ambientais mundiais, ou seja, foram definidos diversos compromissos e obrigações para todos os países, visando a proteção do sistema climático para gerações presentes e futuras”, diz.
Desde 1994, foram realizadas 29 conferências entre os países, com diversos resultados e protocolos fundamentais resultantes voltados ao controle do clima, “como o Protocolo de Kyoto (assinado em 1997 e que entrou em vigor em 2005), que foi substituído pelo Acordo de Paris, discutido entre 195 países durante a COP-21 e que entrou em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016, contendo metas e orientações”, cita.
Essas metas e orientações abrangem: esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais; recomendações quanto à adaptação dos países signatários às mudanças climáticas; estimular o suporte financeiro e tecnológico por parte dos países desenvolvidos; a promoção de desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia e capacitação para adaptação às mudanças climáticas; e a cooperação entre a sociedade civil, governos, comunidades e povos indígenas, entre outros entes, para ampliar e fortalecer ações de mitigação do aquecimento global.
“A despeito de atingirem objetivos específicos, esses tratados internacionais têm como objetivo diminuir a pobreza, a desigualdade global e evitar mudanças climáticas. Eles representam ambientes de troca, nos quais países desenvolvidos transferem tecnologia e países em desenvolvimento fornecem recursos naturais de forma sustentável, por meio de ativos da sua biodiversidade ou sumidouros que capturam carbono”, aponta.
“A transferência de tecnologia, assim, parece ser o direito de propriedade industrial que está mais conectado aos esforços tecnológicos relacionados às mudanças do clima. Uma tecnologia transferida pode ser passível de proteção, como patente, ou manter-se sigilosa, mas, ainda assim, permanecerá valiosa, como know-how”, completa.
O especialista menciona que a questão da transferência de tecnologia está prevista em diversas legislações de propriedade industrial, inclusive no Brasil, bem como em acordos internacionais, como o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (conhecido como Acordo TRIPS, do inglês Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights).
“A referência global que conecta de maneira mais clara a transferência de tecnologia ao contexto do desenvolvimento sustentável, além da Convenção do Clima, é o Capítulo 34 da Agenda 21, que dispõe sobre ‘Transferência de Tecnologia Ambientalmente Saudável, Cooperação e Fortalecimento Institucional’”, cita.
“É necessário um olhar harmônico para a necessidade global de compensação do carbono e a inovação que resulta em transferência de tecnologia, daqueles que as dominam, bem como a proteção desses resultados, através dos direitos de propriedade industrial. Trata-se de uma equação complexa, que exige dos países em desenvolvimento uma atuação estratégica: ao mesmo tempo em que buscam seus próprios interesses e reduzem desigualdades, precisam também contribuir para manter o planeta vivo e respirando”, afirma.

A Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima, a COP, reúne anualmente lideranças mundiais para debater soluções de enfrentamento do aquecimento global e das mudanças climáticas e criar alternativas sustentáveis para a vida no planeta.
Com localização inédita e emblemática, no coração da Amazônia, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas será um momento histórico para o Brasil, que receberá representantes de diversos países na cidade de Belém, no Pará, nos dias 10 a 21 de novembro de 2025.
A COP 30 abordará temas centrais da agenda climática, como a redução de emissões de gases de efeito estufa, o financiamento climático para países em desenvolvimento, a adaptação aos impactos das mudanças climáticas e as tecnologias de energia renovável. Outros assuntos importantes incluem a preservação da biodiversidade e a justiça climática, focando nos direitos de populações vulneráveis.
Sediar a COP-30 acarreta grandes desafios ao país, mas também representa a possibilidade de impactos relevantes em políticas ambientais e sociais, bem como o compartilhamento de inovações e tecnologias.
Diante do aumento de catástrofes climáticas e de outros efeitos relacionados ao clima, a Natura, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, deu início a uma pesquisa inédita a respeito do impacto das alterações ambientais sobre o bem-estar e a saúde mental dos brasileiros.
O estudo representa um marco científico na América Latina, pois inclui a validação da primeira escala brasileira de bem-estar ambiental relacionada à natureza, adaptada ao contexto sociocultural do país, com base na versão do Brief Solastalgia Scale (BSS) de 2024, desenvolvido na Austrália.
Além de mapear sentimentos como ecoansiedade, depressão e solastalgia — termo que descreve a angústia emocional causada pela degradação do ambiente natural em que se vive —, o estudo também analisará hábitos de consumo sustentável e suas possíveis correlações com indicadores emocionais e biomarcadores vocais. Utilizando um questionário digital aplicado via chatbot, a iniciativa pretende alcançar inicialmente mil participantes e, em seguida, expandir a análise por regiões do país e diferentes perfis populacionais.
Os resultados deverão contribuir para o desenvolvimento de estratégias de saúde preventiva e reforçar a importância da adoção de práticas empresariais mais alinhadas ao cuidado com o meio ambiente e com a saúde emocional das populações. Na Natura, espera-se também que eles possam auxiliar no desenvolvimento de produtos que promovam o “Bem Estar Bem”, que se traduz na relação harmoniosa do indivíduo consigo mesmo, com o outro e com o meio ambiente.
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