Autor: Hugh Aldersey-Willians
Editora: Record
Como os elementos químicos entraram em nossa vida
Uma deslumbrante viagem através da história, da literatura,
da ciência e da arte, na qual são narrados fatos curiosos
sobre os elementos químicos.
por Carlos Alberto Pacheco
Para quem gosta de história, eu gostaria de recomendar um excelente livro sobre a evolução do descobrimento dos elementos químicos e seu
contexto cultural na civilização humana: “Histórias Periódicas – A Curiosa Vida dos Elementos” de Hugh
Aldersey-Willians, editora Record.
Longe de ser um livro técnico
com tabelas contendo propriedades
físico-químicas, o autor narra a sua
experiência como colecionador de
elementos químicos e a paixão que
desenvolveu ao longo da vida por
esse assunto. Como todo livro de
divulgação científica, o objetivo
é trazer para um público leigo o
sabor do tema, e aqui eu digo que
ele foi muito feliz. De uma maneira
cativante o autor apresenta como os
elementos químicos foram entrando
(e às vezes saindo) no dia a dia das
nossas sociedades.
Por que alguns elementos químicos continuam tão valorizados
em termos de status e outros ao longo do tempo perderam o glamour?
Por que a platina, apesar de mais
abundante na crosta terrestre do
que o ouro, é mais cara? Confesso
que fi quei impressionado com o
status do mercúrio em algumas
civilizações do passado e que
apesar do conhecimento da sua
toxicidade ser antigo somente na
última década do século passado
(ontem) teve seu banimento em
muitos usos já desnecessários.
São de coisas assim que o livro
trata. Destaco as artimanhas de Napoleão III que tentou
transformar o alumínio em um metal mais precioso do que
o ouro e a prata. Em uma corte rica, o monarca substituiu os
talheres de prata por talheres confeccionados em alumínio
numa tentativa de conferir um símbolo de status ao metal.
Até o herdeiro do trono, seu fi lho
Eugène, ganhou um chocalho de
alumínio ao invés de um forjado a
ouro como ditava a tradição. Porém
a guerra fez com que o alumínio
fosse do singular ao geral e do geral
ao banal em um período menor do
que o de uma geração.
Achei uma fonte de informação
bastante útil para quem trabalha
com compostos metálicos em suas
formulações cosméticas. Há duas
histórias que são verdadeiros cases
de marketing. Um deles envolve o
uso da platina como símbolo dos
novos ricos formados no pós-guerra
(1ª Guerra) frente a uma nobreza
antiga alicerçada na posse do ouro.
O outro diz respeito ao consumo
sem critério do elemento químico
rádio e os danos que se causou
pela euforia promovida por um
marketing irresponsável do uso de
algo que nem se sabia ao certo do
que se tratava.
Na mesma linha desse livro há
“O Sonho de Mendeleiev” (Zahar),
e “A Colher que Desaparece”
(Zahar), e para os que não se incomodarem com um pouquinho de argumentos mais técnicos, recomendo
“O Reino Periódico” (Rocco).